sexta-feira, 17 de outubro de 2014


UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA – EaD
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
                             PRÁTICA DOCENTE
 
 
 
 
 
 
SISTEMATIZAÇÃO DA PRÁTICA DOCENTE
 
 
 
 
Aline Scherer Leal Pereira
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sapucaia do Sul, 2013
                                                   


 
 
 
 
Aline Scherer Leal Pereira
 
 
 
 
 
 
 
 
SOCIALIZAÇÃO DA PRÁTICA DOCENTE
 
 
 
         
                                                           
 
 
 

Relatório de Prática Docente I apresentado ao Curso de Licenciatura em Pedagogia- UFPel/UAB, como requisito à conclusão do Estágio Supervisionado de Educação Infantil.
 
 
 
 
 
 
 
 

                                          
 
 
 
 
 
                                  Supervisor do Estágio CLPD: Lilian Lorenzato
Supervisor do Estágio Escola: Fabiana Raphaelli Dias
 
                                         
 
 
 
 
 
Sapucaia do Sul, 2013
 
 
 
 


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Equipe docente responsável:
 
Professores a distância:
Lilian Lorenzato
 
Professores presenciais:
Joelma Guimarães
Marta Geneci Fernandes
 
 
Professor Formador:
Simone da Silveira
 


 

1. Resumo


 

O presente Relatório de estágio em Educação Infantil realizado no Centro de Educação Básica Érico Veríssimo com a turma do Pré II que abrange a faixa etária de cinco anos, teve como objetivos principais realizar a prática em sala de aula, criar uma aproximação com a realidade profissional através de situações reais de trabalho e do envolvimento com a equipe diretiva, professores, funcionários e alunos da escola, bem como compreender a complexidade existente no cotidiano escolar e adquirir conhecimentos que possibilitem dar conta dessa tarefa. O trabalho desenvolvido durante o estágio baseou-se na observação das crianças no ambiente escolar, onde buscou-se trabalhar conteúdos que fossem significativos para as crianças. 

 

 

 

Palavras-chave: educação infantil, realidade, envolvimento, complexidade, conhecimentos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sumário









 

 

 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

 


2. Apresentação


 


Este relatório visa apresentar uma sistematização do estágio realizado em Educação Infantil, para isso divide-se em quatro subitens: etapa de ensino: traz ao leitor uma definição sobre elementos importantes que devem ser considerados para que o papel de professor seja considerado coerente; processo de ensino: demonstra uma reflexão sobre a prática vivida durante o estágio, situações e descobertas vividas através da relação direta com cada aluno; aprendizagem dos alunos: apresenta as especificidades que vamos notando ao trabalhar com os alunos, seus diferentes ritmos, como devemos estar atentos a isso, e a importância dos pais no ambiente escolar para a formação de seus filhos; trabalho docente: procura mostrar ao leitor que o conhecimento mais importante que um professor precisa ter para garantir o processo de aprendizagem dos seus alunos é o conhecimento da realidade de cada aluno.

 

 

 

 

 




 

Com o estágio em educação infantil foi me dada à oportunidade de colocar em prática o conhecimento aprendido em aula, e as experiências ouvidas ao longo do curso através dos relatos das colegas que já vivenciam esta realidade como profissionais da educação que se dedicam a ser, juntamente foi aberta a oportunidade de escolher que prática trabalhar, como agir dentro da sala de aula, como conhecer e entender aquelas crianças no tempo que estaria com elas, me fazendo significativa bem como os conteúdos que trabalharia em sala de aula. O estágio também possibilitou reciclar tudo o que já pensei em fazer e abriu novos horizontes de coisas que jamais imaginei realizar enquanto professora, foi possível ainda perceber quão complexa é a tarefa do cotidiano escolar, desta forma abaixo descrevo alguns dos itens mais relevantes ao longo do estágio realizado em Educação Infantil:

3.1 Etapa de ensino


A educação infantil é uma etapa extremamente importante do aprendizado devido ao fato de os estímulos recebidos pelas crianças nos primeiros anos de vida definirem como será o seu desenvolvimento escolar e seu desenvolvimento enquanto cidadão. A criança matriculada na educação infantil não está na escola para aprender e receber um acumulo de conteúdos e ser alfabetizada, ela necessita se socializar e interagir com os colegas, com a professora, está descobrindo a realidade da sua comunidade, do caminho de sua casa até a escola, é uma fase de descoberta da própria escola, e onde ela se descobre enquanto sujeito da sua vida, uma etapa onde o ensino vem através das brincadeiras, das histórias contadas e inventadas, das músicas ouvidas e coreografias ensaiadas. Como afirma Aroeira: “A criança é um ser completo, num contexto historicamente definido, conhecendo o verdadeiro papel que exerce em sua família e na comunidade, é possível compreender melhor a linguagem, as ações, sentimento, reações e possibilidades de seu desenvolvimento (1996, p. 21)”.

A educação infantil se difere das outras etapas justamente por ser para a criança um processo de conhecimento e desenvolvimento e convivendo socialmente na escola ela pode se expressar e também se identificar através das formas com que as outras crianças se expressam. Para que esse desenvolvimento ocorra de maneira significativa é necessário que vários elementos sejam pensados e executados de forma onde o foco seja a criança.  Um desses elementos é o currículo, através do estágio realizado entendi que pensar em currículo e pensar no que trabalhar ao longo de um período com as crianças é pensar quem são estas crianças, como elas aprendem, do que gostam, do que necessitam, esse é o fundamento para se montar um currículo na educação infantil, segundo Kraemer (2003): “[...]Apesar disso, tamanha diversidade nos desafia a buscar alternativas estratégicas necessárias a fim de concretizar esse currículo, que será capaz de compreender a criança partindo das suas experiências e condições concretas de vida.” O currículo é um caminho a se seguir, uma forma de organização do trabalho, e um método para se alcançar os objetivos traçados, por isso precisa ser pensado e planejado com as crianças para as crianças. Esse currículo além de ter fundamento legal, necessita ser pensado através da realidade dessas crianças, os conteúdos devem contribuir para o desenvolvimento intelectual e sua formação humana, enquanto cidadão. Outro elemento de destaque no ensino da educação infantil é a avaliação que como afirma Jussara Hoffmann: “A avaliação é a reflexão transformada em ação, não podendo ser estática nem ter caráter sensitivo e classificatório”. Para avaliar o aluno preciso acompanha-lo, participar da sua jornada escolar, a avaliação parte da observação do seu agir em geral, como se comporta, como se expressa, como realiza as atividades, através do estágio isso ficou muito claro, é de extrema importância que o professor tenha um caderno onde faça anotações de suas observações em relação à cada criança, isso o auxiliará a avaliar cada um em suas particularidades, este dossiê ajudará o professor a perceber que em determinada tarefa ou situação uma criança não se saiu bem, ou não consegue desenvolver ainda, mas em outras atividades tem um bom desempenho por exemplo. Cito alguns itens que podem ser observados: linguagens, hábitos, atitudes e o desenvolvimento psicomotor e cognitivo, porém acredito que as crianças se desenvolvem de tantas formas que não caberiam aqui, por isso a observação é fundamental, e ainda propor a eles a auto avalição, e até mesmo solicitar que avaliem aos seus professores, avaliação é crescimento e desenvolvimento para ambas as partes. Juntam-se a estes elementos aqui apontados os espaços, o tempo e os materiais utilizados que devem ser pensados de acordo com a faixa etária das crianças, seus gostos e visando seu desenvolvimento de forma geral, é tarefa do professor a organização deste três elementos, conforme apontam Maria Carmen Silveira Barbosa e Maria da Graça Souza Horn: “Organizar o cotidiano das crianças da Educação Infantil pressupõe pensar que o estabelecimento de uma sequência básica de atividades diárias é, antes de mais nada, o resultado da leitura que fazemos do nosso grupo de crianças, a partir, principalmente, de suas necessidades. É importante que o educador observe o que as crianças brincam, como estas brincadeiras se desenvolvem, o que mais gostam de fazer, em que espaços preferem ficar, o que lhes chama mais atenção, em que momentos do dia estão mais tranquilos ou mais agitados. Este conhecimento é fundamental para que a estruturação espaço-temporal tenha significado. Ao lado disto, também é importante considerar o contexto sociocultural no qual se insere e a proposta pedagógica da instituição, que deverão lhe dar suporte. (BARBOSA;HORN, 2001, p. 67).” Todas essas percepções partem da nossa atenção às nossas crianças e suas manifestações, vivenciando a prática em sala de aula,  precisei me adaptar rapidamente a sua rotina, seus tempos e espaços, pude perceber quantos espaços a escola possui que colaboram para o desenvolvimento das crianças, mas que de certa forma, estão “abandonados”, como os colchões que ficam amontoados no fundo da sala, enquanto certa hora da tarde muitas crianças estão debruçadas por cima das mesas repetindo que estão com sono. Acho importante como suas idades variam de quatro a seis anos e a idade média é cinco, que pudessem ter um momento onde descansassem um pouco e relaxassem de forma mais confortável, às vezes as atividades são muito direcionadas para a queima de energia. Como a escola tem sérios problemas em sua estrutura predial, o professor para ser coerente com sua função nesta etapa de formação precisa estar sempre se renovando e avaliando o seu planejamento para ultrapassar estes limites, não se acomodar e através do que dispõem desenvolver um aprendizado de qualidade e significativo aos educandos.

 

            3.2 Processos de ensino


Refletindo sobre minhas ações no estágio em Educação Infantil, posso afirmar o quão complexa é essa tarefa da sala de aula, de dar conta das demandas que se apresentam, procurei acima de tudo planejar e me planejar e dominar aquilo que planejei estudar sobre o que gostaria de dialogar com as crianças em sala de aula, ter embasamentos daquilo que estava lhes propondo para assim problematizar com eles, sobre isso Vasconcelos (2000, p.35) diz: “Planejar é antecipar mentalmente uma ação a ser realizada e agir de acordo com o previsto; é buscar fazer algo incrível, essencialmente humano: o real ser comandado pelo ideal”. Mesmo planejando de acordo com as orientações da professora titular e levando para a sala de aula conteúdos pré-programados, busquei ao final de cada aula dialogar com eles sobre o que aprenderam, o que mais gostaram na aula e aquilo que não gostaram, o que gostariam de ver ou fazer em sala de aula, qual brincadeira queriam fazer, com que tipo de material queriam trabalhar, e assim, como num quebra-cabeça as peças foram se encaixando e minha experiência como professora tomando forma e a troca ensino-aprendizagem acontecendo. Percebi algo maravilhoso para o desenvolvimento das crianças enquanto sujeitos autônomos que estão se formando que foi a prática da leitura, eles ainda não sabe ler, mas amam ouvir e contar histórias, ficam estáticos para ouvir uma historinha, e se esta tiver então uma ilustração, bonecos ou um teatro, a fantasia toma conta de sua imaginação. O trabalho com música e religião despertou neles muita alegria.  Percebi algumas dificuldades que as crianças apresentavam em relação a diferenciação de tamanhos e quantidades, o senso de organização para realizar atividades físicas ou brincadeiras em grupo, então através dessas percepções trabalhei estes temas mais de uma vez com eles afim de que se desenvolvessem. Mas também percebi alguns pontos que não puderam ser atendidos por uma intervenção da própria escola, como o aluno de inclusão que tem laudo de paralisia cerebral, e tanto a monitora quanto a professora titular de certa forma o “protegem” tanto que ele acaba deixando de realizar coisas possíveis que ele deseja, devido aos excessos de cuidado por parte da escola. Estive com ele na pracinha sem sua monitora e ele andou de escorregador e se divertiu muito por uns vinte minutos, quando a professora titular foi nos observar e se deparou com ele andando, de longe começou a gritar para mim que ele não podia fazer isso, que poderia acabar em incomodação, este ponto gostaria de ter tido a liberdade para trabalhar com ele esse desenvolvimento de autônomia nos brinquedos da pracinha que lhe traziam tanta felicidade e independência.

 

3.2  Aprendizagem dos alunos

Com o passar dos dias vamos conhecendo e aprendendo mais sobre cada criança. Nota-se a diferença de ritmos, alguns terminavam as tarefas muito rápidas e conversando distraiam outros que não conseguiam o mesmo desempenho, então, combinei que aqueles que terminassem seu trabalho primeiro iriam auxiliar aos demais, foi muito produtivo, e gratificante ver o empenho de uns em auxiliar os outros, e assim, como eu não poderia auxiliar a cada um pontualmente, todos os que precisavam, passaram a receber ajuda e desenvolver suas atividades.  Junto com a aprendizagem surgem às dificuldades, nota-se em alguns alunos a falta de concentração, de vontade de interagir com a professora e com os colegas, e assim as atividades propostas não fazem sentido, isso ocorreu na turma do Pré-II onde realizei o estágio, alguns alunos simplesmente não gostavam de fazer nada, e logo ouvindo as conversas entre eles e os colegas, pude notar muitas das possíveis causas para este baixo rendimento em sala de aula: aluno que sofria agressão do padrasto, aluno que o pai é traficante de drogas e outro que a mãe trata como uma menina e o punia pintando suas unhas com esmalte. Para garantir um desenvolvimento mais qualificado desses alunos gostaria de trabalhar juntamente com os pais, tentando buscar dentro da casa do aluno um novo olhar para a sua educação e desenvolvimento. Minner, Prater e Beane (1989) também afirmam: “Muitos educadores também concordam que trabalhar cooperativamente com os pais aumenta a probabilidade de que a criança tenha uma experiência de vida escolar bem sucedida” (p. 619). Entendo que se a escola não estiver entrelaçada aos pais, não haverá desenvolvimento, essa é a maneira de garantir uma unidade na turma, de perceber avanços significativos e coletivos, interagindo com os pais dentro do possível, criando situações que os envolvam com a escola.

 

           3.3 Trabalho docente


A partir da experiência vivida fica claro que o professor precisa acima de tudo conhecer seus alunos e a realidade em que vivem, é necessário o conhecimento prévio ainda que pequeno sobre cada criança, sobre o seu bairro, sua família, suas dificuldades, seus gostos, seus anseios e desejos,  a partir destes conhecimentos prévios dos alunos e seu entorno faz-se necessário estudar os conteúdos que se deseja trabalhar planejá-los e  ter domínio sobre cada assunto abordado, sem achar que já se esgotou tudo o que se pode aprender sobre ele, é necessário problematizar. Assim posso citar “(...) Como professor preciso me mover com clareza. Preciso conhecer as diferentes dimensões que caracterizam a essência da prática, o que me pode tornar mais seguro do meu próprio desempenho .Freire (1999: 80). Os conteúdos, a sala de aula e os processos de aprendizagem devem estar organizados de acordo com os alunos adequados a sua faixa etária, a sua segurança, a sua realidade, aos seus gostos, propiciando a eles prazer em estar no ambiente escolar construindo e trocando conhecimentos.



 

A experiência trazida pelo estágio em educação infantil foi enriquecedora e muito significativa, pois possibilitou um aprofundamento das etapas e dos processos de ensino. A vivência deixou ainda mais claro o quanto o currículo, a avalição, os espaços, os planejamentos precisam ser totalmente voltados para as crianças, adequados a elas e sua realidade, pensados para elas, a partir do conhecimento que devemos buscar delas, da investigação do seu cotidiano, e da sua história. É impossível fazer acontecer o desenvolvimento infantil sem a participação ativa e autônoma das crianças. Outra experiência intrigante foi vivenciar que os próprios professores na busca de ajudar seus alunos acabam por impedir muitas vezes o seu progresso físico e mental e percebi isto como um limite na escola onde realizei o estágio, pois não foi possível um diálogo sobre o assunto, onde pudesse expor o meu ponto de vista, e até mesmo discutir com as professoras da escola, o que tenho aprendido sobre conhecer a realidade das crianças e fazer e trabalhar com elas aquilo que lhes é significativo. Um tema que acredito deve ser trabalhado até para que se possa trocar este conhecimento com os outros professores já formados, seria a inclusão social, como receber essa criança e como posso desenvolver junto com ela.  Os alunos aprendem e nos surpreendem e se desenvolvem muitas vezes de formas não convencionais, e precisamos estar abertos e atentos para que possamos ajuda-los a encontrar estas formas de desenvolvimento e não servir de empecilho quando eles estão tentando nos mostrar novos caminhos, somos instrumentos mediadores entre eles e o conhecimento, o desenvolvimento e a sua formação.

Toda a experiência que o estágio proporcionou serve para ampliar o entendimento de que ao me tornar um profissional da área da educação deve buscar uma atuação efetiva, significativa, democrática e transformadora.

 


5- Referências Bibliográficas


 

AROEIRA, Maria Luísa Campos. Didática de pré-escola: vida da criança: brincar e aprender. SP: FTD, 1996.

HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: Uma Prática em Construção da Pré-Escola à Universidade.

KRAMER, Sonia (org.). Com a pré-escola nas mãos: uma alternativa curricular para a Educação Infantil. São Paulo: Ática, 2003.

BARBOSA, M. C. S.; HORN, M. G. S. Organização do espaço e do tempo na escola infantil. In: CRAIDY, C.;

VASCONCELOS, C dos S. Planejamento: Projeto de ensino aprendizagem e projeto político pedagógico. São Paulo, Libertad, 2000.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa/Paulo Freire São Paulo: Paz e Terra, 1996. (Coleção leitura).

 ACADEMICA DO CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA "ALINE SCHERER LEAL PEREIRA"

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