
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA A DISTÂNCIA
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA A DISTÂNCIA
PÓLO DE SAPUCAIA
A DOCÊNCIA NOS
ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
ANA PAULA MACHADO
Sapucaia
do Sul, junho de 2014
Resumo
Este trabalho tem como objetivo clarear as
ideias e a percepção sobre anos iniciais, frente à prática docente realizada na
Escola Municipal de Ensino Fundamental Alfredo Juliano, em Sapucaia do Sul-RS,
com a turma 4º ano E, que contava com vinte e oito crianças numa faixa etária
média de nove anos.
O
texto aborda os seguintes temas: identificação e o que diferencia esta etapa de
ensino e suas características. Também como ocorre o trabalho do professor e a
aprendizagem dos alunos neste nível de ensino, assim como as reflexões após a
conclusão das aulas.
Palavras-chave: Ensino fundamental; Professor;
Processo de Ensino; Aprendizagem.
Introdução
O objetivo deste texto é expor a prática docente realizada nos anos
iniciais do ensino fundamental. O desenvolvimento deste traz a reflexão, os
dados, os exemplos e as ações colocadas em prática durante este período, assim
como as referências bibliográficas que engrandecem a prática docente.
É mostrado como se vê a aprendizagem diante da diversidade em uma sala de
aula, assim como as ações que foram tomadas a fim de garantir o sucesso no
aprendizado de todos os alunos, através da observação.
Apresenta-se a necessidade de planejar, com exemplos de atividades cujos
objetivos eram alcançar todas as formas de aprendizagem dentro da
heterogeneidade da turma.
E também reflete o papel docente, frente à aprendizagem do aluno,
colocando como as atividades foram direcionadas. Depois é exposta a minha
experiência no magistério e como esta foi importante para o direcionamento de
algumas questões que no decorrer do período foram facilitadas. O texto segue
com a organização e coordenação das propostas em sala de
aula, em questão dos diferentes tempos e também como ocorreu a avaliação, assim
como é garantida a aprendizagem dos alunos e as qualidades de um bom
profissional da educação e a sua importância.
O fechamento se dá através com as características
de um professor para que tenha êxito em seu trabalho.
A DOCÊNCIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Nada melhor que a própria prática para um
real aprendizado no magistério. Eis a importância do estágio na graduação em
Pedagogia. Um espaço para refletir o fazer pedagógico, uma vez que este não é
simples, nem tanto homogêneo, em qualquer aspecto.
A
diversidade é universal, está em todos os espaços mundiais, e por que não
estaria em uma sala de aula, onde 28 crianças de famílias diferentes trazem
consigo suas histórias, valores e aprendizados, todos desiguais? Durante meu
estágio em uma turma de quarto ano do ensino fundamental na EMEF Alfredo
Juliano, a diversidade se fez presente em todos os momentos.
1 A aprendizagem diante da diversidade
Para garantir a
aprendizagem de todos os alunos ao longo do estágio, algumas ações iniciais foram
tomadas. A observação foi fundamental. Sentada ao fundo da sala pude perceber
os diferentes comportamentos e ações, já identificando os alunos mais conversadores,
dedicados e autônomos.
Durante o primeiro
período de estágio (vinte horas de observação), juntamente com o diálogo
constante com a professora parceira, foram constatados os alunos destaques, os
mais ‘lentos’, os mais ‘rápidos’, os que traziam consigo problemas de
relacionamento ou dificuldades de aprendizagem.
Também vieram à
tona os casos especiais da turma:
· o menino com necessidades especiais, que possui nódulos no cérebro que estão
afetando seu desenvolvimento social, porém não apresenta dificuldades no
aprender;
· o menino rebelde rejeitado pela mãe e criado
pelos avós, que só escreve com letra bastão e demora muito para realizar
qualquer atividade, quando consegue.
Para Vasconcelos (1992), “a tarefa do educador é ajudar o educando a tomar consciência
das necessidades postas socialmente (...)”. Por isso a necessidade de ajudar o
aluno que tem dificuldades e auxiliá-lo a superar os obstáculos impostos no
dia-a-dia. Mas isso só é possível através do olhar crítico e atencioso ao
aluno.
2 Planejamento
É clara a necessidade de planejar neste ou em
qualquer outro nível de ensino. Um dos princípios do planejamento é ter
respeito e atenção à diversidade, refletindo sobre o que se pretende.
Segundo Vasconcellos, o conceito de planejar
é exposto da seguinte maneira:
“Planejar é antecipar mentalmente uma ação ou um
conjunto de ações a ser realizadas e agir de acordo com o previsto. Planejar
não é, pois, apenas algo que se faz antes de agir, mas é também agir em função
daquilo que se pensa”. (Vasconcellos, 2000)
Então, no ato de planejar,
houve o cuidado de elaborar atividades que compreendessem todas as formas de
aprendizagem.
Como exemplo, temos o 6º dia
de estágio, dia 2 de junho. A aula de artes sobre geometria espacial começou
com um texto no quadro, depois uma cópia com as figuras geométricas planas, um
exercício de reconhecimento e contagem das figuras e, em seguida, uma montagem
de um desenho livre a partir das figuras trabalhadas.
Com isto, respeitando a
diversidade de dificuldades e habilidades dos alunos, todas estas foram, de
alguma forma, em algum momento, agraciadas, pois percebi que as mais diversas
ações, juntas, auxiliam na compreensão e aprendizagem do aluno. Todo o
planejamento foi desenvolvido com o objetivo de explorar textos, interpretações,
raciocínio lógico, pintura, colagem, produção de texto... Enfim, se adequando
às diversas formas de aprendizagem.
3 O papel docente
Diante da matriz curricular e do Projeto Político
Pedagógico da escola parceira, todas as formas de conduzir o processo
ensino-aprendizagem são aceitas. As várias formas de ensinar sempre são
bem-vindas, uma vez que cada aluno aprende de uma forma diferente.
É fundamental fazer um acompanhamento
individualizado de cada aluno e analisar o progresso individual de cada
criança. Cada uma delas possui características próprias de sua criação,
personalidade e amadurecimento. Para Bassedas (1999) “é preciso observar, escutar o que as crianças dizem”.
Para que o trabalho do professor tenha êxito,
alguns itens devem ser pensados com o objetivo de qualificar as atividades que
enriqueçam o aluno e promovam o seu desenvolvimento.
3.1 Na
aprendizagem dos alunos
Sempre
agindo com segurança, mas jamais deixando de ser carinhosa, a partir das
evidências de aprendizagem e não aprendizagem atuei de diferentes formas:
Com o aluno
especial, elogiava-o a cada atividade realizada corretamente e pedia aos
colegas para auxiliá-lo durante a resolução dos exercícios, a fim de que ele se
sentisse seguro em responder as questões. Também solicitava aos demais alunos
que não rissem dele. Conversava sério e pedia para que se acalmasse diante das
situações que se aproximaram dos surtos que frequentemente tinha.
Quanto ao
aluno com dificuldades de aprendizagem, ficava atenta a ele, não descuidando de
cobrar para que parasse com as brincadeiras inoportunas durante as atividades.
Olhava seu caderno várias vezes. Elogiando quando conseguia terminar alguma
atividade. Incentivei-o a usar a letra cursiva. Fui muito carinhosa e até
surpreendida por um abraço inesperado, ao parabenizá-lo pelo acerto de todas as
continhas de matemática.
Para os alunos que terminavam tudo rapidamente
e tinham facilidade de compreensão e como ficavam muito tempo ansiosos,
esperando os colegas terminarem as atividades, pedia para que ajudassem os
outros, sugerindo os que possuíam mais dificuldade. Eles sentavam-se ao lado
deles durante as aulas e sentiam-se úteis sendo prestativos desta forma.
De acordo com
Vasconcellos (1992), “Educador, portanto, é aquele que tem a capacidade de
provocar no outro a abertura para a aprendizagem e de colocar meios que
possibilitem e direcionem esta aprendizagem.” Sendo assim, me identifiquei como
uma real educadora. Aquela que desafia o seu aluno a aprender, pois acredita em
seu potencial e, ainda, lhe dá a atenção necessária e oferece-lhe meios para
que seu crescimento seja realmente alcançado.
3.2 Na experiência
docente
Minha experiência de doze anos de magistério, com
certeza, me ajudou muito durante este estágio. A percepção rápida daquele aluno
que não entendeu a explicação, ou a tentativa de passar o professor pra trás em
alguma cobrança foram facilmente percebidas.
Outros aspectos positivos pela minha experiência
foram a distribuição do tempo destinado a cada atividade e o domínio da turma.
Para Libâneo (1994) “o
professor serve, de um lado, dos conhecimentos do processo didático e das
metodologias específicas das matérias e, de outro, da sua própria experiência
prática”.
Unindo a didática e a
afetividade em suas aulas, um professor consegue garantir, em sua plenitude, o
envolvimento do aluno às suas atividades, propiciando-lhes novas descobertas.
Assim sendo, através de minhas
ações constatei o quanto a experiência em sala de aula é importante, mas ela só
vale se houver uma reflexão contínua no fazer pedagógico, para que o professor
possa abstrair os fatos diários, analisá-los e transformá-los em aprendizagem.
3.3. Na organização e coordenação das propostas
Havia alguns alunos mais ‘lentos’, que
necessitavam mais tempo para realizar as atividades. Em contraponto tinham
aqueles que apenas liam no quadro o conteúdo que ainda iria ser explicado e já
diziam o que era para ser feito.
O conflito entre a
programação de tempo de uma criança e a dos adultos é muitas vezes uma zona de
atrito, pois a lentidão é uma característica da infância.
Nessa desigualdade de tempos, que é normal ao
aprendizado, já que cada ser humano tem o seu jeito de aprender, eu levava
exercícios extras, dos quais os alunos mais ‘rápidos’ eram cobrados. Já os mais
‘lentos’ eram incentivados a fazê-los.
Mas houve durante todo o período um cuidado
com a avaliação contínua. O aluno que aprendeu não foi aquele que fez o maior
número de exercícios, mas sim aquele que conseguiu desenvolver um ao menos, de
forma correta e coerente, sem levar em consideração as quantidades e o tempo
que levou. Em todos os momentos do
processo de aprendizagem se deve avaliar, pois a avaliação deve ser sistemática
e continuada. Segundo Hoffman:
“Longe de ser mecânicos questionários, testes
ou exercícios, for um momento a mais para o aluno viver internamente a
construção ou reconstrução de conceitos ao longo do caminho da aprendizagem. Ou
seja, um momento de aprendizagem. (HOFFMAN, 2003).
Isto leva a refletir, mais uma vez, sobre o
essencial olhar individual ao aluno, para que este seja atendido conforme suas
necessidades e potencialidades.
3.4 Na
garantia da aprendizagem dos alunos
Para entender e agir no sentido de garantir a
aprendizagem dos alunos, as qualidades de uma boa professora devem ser:
Ø Firmeza;
Ø Criatividade;
Ø Controle
da turma;
Ø Cobrança
contínua;
Ø Respeito
à individualidade do aluno;
Ø Incentivo
à independência do aluno;
Ø Respeito
com os alunos;
Ø Organização
de tempo e espaço.
Sendo assim, o
papel do professor se intensifica em sua importância, realizando suas
atividades corretamente e atentamente, pois é ele que dá suporte para todo o
processo de desenvolvimento da criança.
Assim, na minha
prática de estágio, tentei elevar estas qualidades que classifico como
importantes, sabendo que este é o caminho e tendo a certeza de reconhecer o
trabalho que fiz durante estes quinze dias. Mesmo sendo apenas um estágio, fiz
tudo o possível para que esta experiência fosse, também, especial para aqueles
alunos.
Considerações finais
Para que o trabalho do professor tenha êxito,
alguns itens devem ser pensados com o objetivo de qualificar as atividades que
enriqueçam o aluno e promovam o seu desenvolvimento.
Para que o processo de aprendizagem aconteça
de fato, um planejamento coerente proporciona segurança e tranquilidade ao
educador, mas também proporciona segurança aos alunos, os quais necessitam de
pautas e parâmetros claros, dentro dos quais possam desenvolver sua atividade.
O professor precisa ter e manter em foco os
seus objetivos e adequar seu espaço e rotina conforme a faixa etária, a
interação e as necessidades de seus alunos. Mas, principalmente, conhecer a
realidade da comunidade, do entorno de sua escola, além de perceber e
identificar os conflitos pessoais de cada um a partir da observação e
diálogo.
Ao fim do estágio, diante do carinho dos
alunos e elogios da professora titular, sinto que fiz o meu dever, fazendo um
trabalho sério, com competência, mas não deixando de lado o humanismo nas
relações que todo professor deve ter.
Referências Bibliográficas
BASSEDAS, Eulália; HUGUET, Tersa; SOLÉ,
Isabel. Aprender e ensinar na educação infantil. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1999.
LIBÂNEO, José
Carlos. Didática. São Paulo: Editora
Cortez. 1994.
HOFFMANN, Jussara.
Avaliação, mito e desafio, uma
perspectiva construtiva. 32 ed. Porto Alegre, Mediação, 2003.
VASCONCELLOS, Celso dos S. Planejamento Projeto de Ensino-
Aprendizagem e Projeto Político-Pedagógico. Ladermos Libertad-1. 7º Ed. São
Paulo, 2000.
VASCONCELLOS, Celso dos S. Metodologia Dialética em Sala de Aula. In: Revista de Educação AEC.
Brasília: abril de 1992 (n. 83).
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