segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Artigo prática docente em anos iniciais





MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA A DISTÂNCIA
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA A DISTÂNCIA
PÓLO DE SAPUCAIA









A DOCÊNCIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL















ANA PAULA MACHADO







                            Sapucaia do Sul, junho de 2014


Resumo
Este trabalho tem como objetivo clarear as ideias e a percepção sobre anos iniciais, frente à prática docente realizada na Escola Municipal de Ensino Fundamental Alfredo Juliano, em Sapucaia do Sul-RS, com a turma 4º ano E, que contava com vinte e oito crianças numa faixa etária média de nove anos.
 O texto aborda os seguintes temas: identificação e o que diferencia esta etapa de ensino e suas características. Também como ocorre o trabalho do professor e a aprendizagem dos alunos neste nível de ensino, assim como as reflexões após a conclusão das aulas.



Palavras-chave: Ensino fundamental; Professor; Processo de Ensino; Aprendizagem.




















Introdução

O objetivo deste texto é expor a prática docente realizada nos anos iniciais do ensino fundamental. O desenvolvimento deste traz a reflexão, os dados, os exemplos e as ações colocadas em prática durante este período, assim como as referências bibliográficas que engrandecem a prática docente.
É mostrado como se vê a aprendizagem diante da diversidade em uma sala de aula, assim como as ações que foram tomadas a fim de garantir o sucesso no aprendizado de todos os alunos, através da observação.
Apresenta-se a necessidade de planejar, com exemplos de atividades cujos objetivos eram alcançar todas as formas de aprendizagem dentro da heterogeneidade da turma.
E também reflete o papel docente, frente à aprendizagem do aluno, colocando como as atividades foram direcionadas. Depois é exposta a minha experiência no magistério e como esta foi importante para o direcionamento de algumas questões que no decorrer do período foram facilitadas. O texto segue com a organização e coordenação das propostas em sala de aula, em questão dos diferentes tempos e também como ocorreu a avaliação, assim como é garantida a aprendizagem dos alunos e as qualidades de um bom profissional da educação e a sua importância.
O fechamento se dá através com as características de um professor para que tenha êxito em seu trabalho.

















A DOCÊNCIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
 Nada melhor que a própria prática para um real aprendizado no magistério. Eis a importância do estágio na graduação em Pedagogia. Um espaço para refletir o fazer pedagógico, uma vez que este não é simples, nem tanto homogêneo, em qualquer aspecto.
A diversidade é universal, está em todos os espaços mundiais, e por que não estaria em uma sala de aula, onde 28 crianças de famílias diferentes trazem consigo suas histórias, valores e aprendizados, todos desiguais? Durante meu estágio em uma turma de quarto ano do ensino fundamental na EMEF Alfredo Juliano, a diversidade se fez presente em todos os momentos.

1 A aprendizagem diante da diversidade
Para garantir a aprendizagem de todos os alunos ao longo do estágio, algumas ações iniciais foram tomadas. A observação foi fundamental. Sentada ao fundo da sala pude perceber os diferentes comportamentos e ações, já identificando os alunos mais conversadores, dedicados e autônomos.
Durante o primeiro período de estágio (vinte horas de observação), juntamente com o diálogo constante com a professora parceira, foram constatados os alunos destaques, os mais ‘lentos’, os mais ‘rápidos’, os que traziam consigo problemas de relacionamento ou dificuldades de aprendizagem.
Também vieram à tona os casos especiais da turma:
· o menino com necessidades especiais, que possui nódulos no cérebro que estão afetando seu desenvolvimento social, porém não apresenta dificuldades no aprender;
· o menino rebelde rejeitado pela mãe e criado pelos avós, que só escreve com letra bastão e demora muito para realizar qualquer atividade, quando consegue.
Para Vasconcelos (1992), “a tarefa do educador é ajudar o educando a tomar consciência das necessidades postas socialmente (...)”. Por isso a necessidade de ajudar o aluno que tem dificuldades e auxiliá-lo a superar os obstáculos impostos no dia-a-dia. Mas isso só é possível através do olhar crítico e atencioso ao aluno.

2 Planejamento
É clara a necessidade de planejar neste ou em qualquer outro nível de ensino. Um dos princípios do planejamento é ter respeito e atenção à diversidade, refletindo sobre o que se pretende.
 Segundo Vasconcellos, o conceito de planejar é exposto da seguinte maneira:
“Planejar é antecipar mentalmente uma ação ou um conjunto de ações a ser realizadas e agir de acordo com o previsto. Planejar não é, pois, apenas algo que se faz antes de agir, mas é também agir em função daquilo que se pensa”. (Vasconcellos, 2000)
Então, no ato de planejar, houve o cuidado de elaborar atividades que compreendessem todas as formas de aprendizagem.
Como exemplo, temos o 6º dia de estágio, dia 2 de junho. A aula de artes sobre geometria espacial começou com um texto no quadro, depois uma cópia com as figuras geométricas planas, um exercício de reconhecimento e contagem das figuras e, em seguida, uma montagem de um desenho livre a partir das figuras trabalhadas.
Com isto, respeitando a diversidade de dificuldades e habilidades dos alunos, todas estas foram, de alguma forma, em algum momento, agraciadas, pois percebi que as mais diversas ações, juntas, auxiliam na compreensão e aprendizagem do aluno. Todo o planejamento foi desenvolvido com o objetivo de explorar textos, interpretações, raciocínio lógico, pintura, colagem, produção de texto... Enfim, se adequando às diversas formas de aprendizagem.

3 O papel docente
Diante da matriz curricular e do Projeto Político Pedagógico da escola parceira, todas as formas de conduzir o processo ensino-aprendizagem são aceitas. As várias formas de ensinar sempre são bem-vindas, uma vez que cada aluno aprende de uma forma diferente.
É fundamental fazer um acompanhamento individualizado de cada aluno e analisar o progresso individual de cada criança. Cada uma delas possui características próprias de sua criação, personalidade e amadurecimento. Para Bassedas (1999) “é preciso observar, escutar o que as crianças dizem”.
Para que o trabalho do professor tenha êxito, alguns itens devem ser pensados com o objetivo de qualificar as atividades que enriqueçam o aluno e promovam o seu desenvolvimento.

3.1 Na aprendizagem dos alunos
Sempre agindo com segurança, mas jamais deixando de ser carinhosa, a partir das evidências de aprendizagem e não aprendizagem atuei de diferentes formas:
Com o aluno especial, elogiava-o a cada atividade realizada corretamente e pedia aos colegas para auxiliá-lo durante a resolução dos exercícios, a fim de que ele se sentisse seguro em responder as questões. Também solicitava aos demais alunos que não rissem dele. Conversava sério e pedia para que se acalmasse diante das situações que se aproximaram dos surtos que frequentemente tinha.
Quanto ao aluno com dificuldades de aprendizagem, ficava atenta a ele, não descuidando de cobrar para que parasse com as brincadeiras inoportunas durante as atividades. Olhava seu caderno várias vezes. Elogiando quando conseguia terminar alguma atividade. Incentivei-o a usar a letra cursiva. Fui muito carinhosa e até surpreendida por um abraço inesperado, ao parabenizá-lo pelo acerto de todas as continhas de matemática.
Para os alunos que terminavam tudo rapidamente e tinham facilidade de compreensão e como ficavam muito tempo ansiosos, esperando os colegas terminarem as atividades, pedia para que ajudassem os outros, sugerindo os que possuíam mais dificuldade. Eles sentavam-se ao lado deles durante as aulas e sentiam-se úteis sendo prestativos desta forma.
De acordo com Vasconcellos (1992), “Educador, portanto, é aquele que tem a capacidade de provocar no outro a abertura para a aprendizagem e de colocar meios que possibilitem e direcionem esta aprendizagem.” Sendo assim, me identifiquei como uma real educadora. Aquela que desafia o seu aluno a aprender, pois acredita em seu potencial e, ainda, lhe dá a atenção necessária e oferece-lhe meios para que seu crescimento seja realmente alcançado.



3.2 Na experiência docente
Minha experiência de doze anos de magistério, com certeza, me ajudou muito durante este estágio. A percepção rápida daquele aluno que não entendeu a explicação, ou a tentativa de passar o professor pra trás em alguma cobrança foram facilmente percebidas.
Outros aspectos positivos pela minha experiência foram a distribuição do tempo destinado a cada atividade e o domínio da turma.
Para Libâneo (1994) “o professor serve, de um lado, dos conhecimentos do processo didático e das metodologias específicas das matérias e, de outro, da sua própria experiência prática”.
Unindo a didática e a afetividade em suas aulas, um professor consegue garantir, em sua plenitude, o envolvimento do aluno às suas atividades, propiciando-lhes novas descobertas.
Assim sendo, através de minhas ações constatei o quanto a experiência em sala de aula é importante, mas ela só vale se houver uma reflexão contínua no fazer pedagógico, para que o professor possa abstrair os fatos diários, analisá-los e transformá-los em aprendizagem.  

3.3. Na organização e coordenação das propostas
Havia alguns alunos mais ‘lentos’, que necessitavam mais tempo para realizar as atividades. Em contraponto tinham aqueles que apenas liam no quadro o conteúdo que ainda iria ser explicado e já diziam o que era para ser feito.
O conflito entre a programação de tempo de uma criança e a dos adultos é muitas vezes uma zona de atrito, pois a lentidão é uma característica da infância.
Nessa desigualdade de tempos, que é normal ao aprendizado, já que cada ser humano tem o seu jeito de aprender, eu levava exercícios extras, dos quais os alunos mais ‘rápidos’ eram cobrados. Já os mais ‘lentos’ eram incentivados a fazê-los.
Mas houve durante todo o período um cuidado com a avaliação contínua. O aluno que aprendeu não foi aquele que fez o maior número de exercícios, mas sim aquele que conseguiu desenvolver um ao menos, de forma correta e coerente, sem levar em consideração as quantidades e o tempo que levou. Em todos os momentos do processo de aprendizagem se deve avaliar, pois a avaliação deve ser sistemática e continuada. Segundo Hoffman:
“Longe de ser mecânicos questionários, testes ou exercícios, for um momento a mais para o aluno viver internamente a construção ou reconstrução de conceitos ao longo do caminho da aprendizagem. Ou seja, um momento de aprendizagem. (HOFFMAN, 2003).

Isto leva a refletir, mais uma vez, sobre o essencial olhar individual ao aluno, para que este seja atendido conforme suas necessidades e potencialidades.

 3.4 Na garantia da aprendizagem dos alunos
Para entender e agir no sentido de garantir a aprendizagem dos alunos, as qualidades de uma boa professora devem ser:
Ø Firmeza;
Ø Criatividade;
Ø Controle da turma;
Ø Cobrança contínua;
Ø Respeito à individualidade do aluno;
Ø Incentivo à independência do aluno;
Ø Respeito com os alunos;
Ø Organização de tempo e espaço.
Sendo assim, o papel do professor se intensifica em sua importância, realizando suas atividades corretamente e atentamente, pois é ele que dá suporte para todo o processo de desenvolvimento da criança.
Assim, na minha prática de estágio, tentei elevar estas qualidades que classifico como importantes, sabendo que este é o caminho e tendo a certeza de reconhecer o trabalho que fiz durante estes quinze dias. Mesmo sendo apenas um estágio, fiz tudo o possível para que esta experiência fosse, também, especial para aqueles alunos.








Considerações finais

Para que o trabalho do professor tenha êxito, alguns itens devem ser pensados com o objetivo de qualificar as atividades que enriqueçam o aluno e promovam o seu desenvolvimento.
Para que o processo de aprendizagem aconteça de fato, um planejamento coerente proporciona segurança e tranquilidade ao educador, mas também proporciona segurança aos alunos, os quais necessitam de pautas e parâmetros claros, dentro dos quais possam desenvolver sua atividade.
O professor precisa ter e manter em foco os seus objetivos e adequar seu espaço e rotina conforme a faixa etária, a interação e as necessidades de seus alunos. Mas, principalmente, conhecer a realidade da comunidade, do entorno de sua escola, além de perceber e identificar os conflitos pessoais de cada um a partir da observação e diálogo. 
Ao fim do estágio, diante do carinho dos alunos e elogios da professora titular, sinto que fiz o meu dever, fazendo um trabalho sério, com competência, mas não deixando de lado o humanismo nas relações que todo professor deve ter.






















Referências Bibliográficas


BASSEDAS, Eulália; HUGUET, Tersa; SOLÉ, Isabel. Aprender e ensinar na educação infantil. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Editora Cortez. 1994.

HOFFMANN, Jussara. Avaliação, mito e desafio, uma perspectiva construtiva. 32 ed. Porto Alegre, Mediação, 2003.


VASCONCELLOS, Celso dos S. Planejamento Projeto de Ensino- Aprendizagem e Projeto Político-Pedagógico. Ladermos Libertad-1. 7º Ed. São Paulo, 2000.

VASCONCELLOS, Celso dos S. Metodologia Dialética em Sala de Aula. In: Revista de Educação AEC. Brasília: abril de 1992 (n. 83).


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