domingo, 30 de novembro de 2014

  
Resenha do Livro A Língua de Eulália por, Catiana Vicente Pellegrini


1. IDENTIFICAÇÃO DA OBRA:
BAGNO, Marcos.  A Língua de Eulália. Novela Sociolingüística/ Marcos Bagno, 15ª Ed-São Paulo. Contexto, 2006.
2. APRESENTAÇÃO DA OBRA:
            O autor do livro através de personagens fictícias, procura abordar a problemática da linguagem que ocorrem no dia-a-dia, tanto na escola como em outros ambientes sociais.
            No texto há uma busca para derrubar o preconceito lingüístico na alfabetização. O autor argumenta que falar diferente não é falar errado e que existe uma explicação lógica, científica, sociológica e lingüística.
            Nesta abordagem ocorre uma viagem ao passado, presente e ao futuro na tentativa de compreender o fenômeno lingüístico. Este na maioria das vezes é usado para classificar e desmerecer os diferentes e não valorizar a riqueza das variações lingüísticas.
3. DESCRIÇÃO DA ESTRUTURA:
A CHEGADA
A história do livro começa com a viagem das três estudantes e professoras do curso primário Vera, Sílvia e Emília. As professoras vão passar as férias na casa da tia de Vera, a Sra. Irene que é professora de português e lingüística.

QUEM RI DO QUE?
As professoras estranham e acham engraçadas as palavras usadas por Eulália. Irene coloca as professoras em questionamento mostrando as diferentes linguagens que existem. O português do século XII, o português de Portugal é diferente do nosso. Assim como o português da Eulália, não é errado é apenas diferente.
QUE LÍNGUA É ESSA?
            Irene a personagem principal do livro argumenta que no Brasil existem mais de 200 línguas faladas em diversos pontos do país. Entre estas diferenças contribuíram os índios, os imigrantes.  Muitos outros fatores também contribuíram para estas diferenças lingüísticas como: classes sociais diferentes, regiões isoladas.
            Todas as línguas, mesmo as mais simples se tiverem algum investimento podem se tornar uma língua erudita. Toda a língua tem recursos lingüísticos. No Brasil o português padrão também teve a sua história. As influentes regiões de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro com sua força econômica tornaram- se referência lingüística marginalizando outras regiões. No Brasil existe o PP português padrão e o PNP português não padrão.
UM PROBLEMA SEM A MENOR GRAÇA
A língua original Latim sofreu alterações ao longo do tempo diz Irene, tanto do latim para o espanhol, latim para o português ou mesmo do latim para o francês. Todas estas línguas sofreram alterações do seu original tanto do uso do L, R ou mesmo fazendo o uso di I como no caso do italiano.
UMA LINGUA ENXUTA
A PNP na prática é uma língua mais enxuta flexível, mais prática, mas a intenção não é colocá-la no lugar da PP. É importante conhecer a sua estruturação para não achar que é uma linguagem sem sentido e nexo.
LIBERDADE IGUALDADE E FRATERNIDADE
ENSINAR em seu sentido pleno é do latim “in+signo” colocar um rótulo em alguém, colocar uma marca.  Educar do latim “ex+duco” significa tirar para fora, ai se compreende o grande erro da educação que faz com que muitos abandonem a escola tão logo entram nela.
VERBO PRA QUE TE QUERO
Na escola é comum estudar gramática como se fosse algo misterioso cabalístico com ensinamentos que provavelmente nunca serão usados, mas que não são compreendidos dando a sensação da incapacidade lingüística.
E AGORA COM VOCÊS A ASSIMILAÇÃO
Irene explica que assimilação é a força que tenta fazer com que dois sons diferentes, mas com algum parentesco se tornem semelhantes. No caso de falando que se torna falano, o que ocorreu foi uma assimilação do D para o N.
SODADE, MEU BEM SODADE
A língua falada, a língua que sai da boca é muito mais rápida e ágil do que a língua escrita, a língua que sai pela mão. A língua voa a mão se arrasta.
A língua escrita serve como registro permanente é usado para a transmissão do saber e da cultura pode facilitar a leitura de textos antigos.
BEIJO RIMA COM DESEJO
O estudo dos sons da fala, a fonética nos ajuda a esclarecer uma grande quantidade de fenômenos que ocorrem na língua que usamos diariamente. “Nem tudo o que se diz se escreve e nem tudo que se escreve se diz”.
MÚSICA MAESTRO
A grande questão entre a linguagem escrita é qual a atitude correta diante da escrita e fala muitas vezes diferente.  Certamente orientar os alunos a seguir a escrita oficial, mas respeitar por outro lado as características próprias de sua linguagem.
QUEM NÃO SE ALEMBRA DE CAMÕES?
O nosso português em especial das regiões que primeiro foram colonizadas falam um português arcaico, original da época do descobrimento. Em outras regiões de grandes cidades ele não se manteve. Por isso não se deve condenar ninguém de estar falando um linguajar errado.
ACEITA-SE ROUPAS NOVAS
Há ainda muita gente querendo vestir a nossa língua com roupas da antiguidade, ou seja, do latim. Tanto gramáticos como professores e revisor que nos atacam com regras sem sentidos, mas por outro lado existem pessoas aliadas do bom português como é o caso do Poeta João Cabral de Melo Neto.
A FORMA A NORMA E O FUNIL
Na variedade lingüística também os pesquisadores levam em conta na hora da classificação o nível de escolaridade para classificar. Neste caso quem possui ensino superior é considerado culto. Também é um fato conhecido que as mudanças lingüísticas antecedem a reforma padrão. O que a norma padrão defende hoje já foi combatida por ela no passado.
ÍNDIO, SIM, COM MUITO ORGULHO
A norma padrão mesmo sendo de importância reconhecida, ela deve servir de guia não de verdade única, já que os falantes desta norma também usam Expressões muitas vezes duvidosas. O português padrão deve ser crítico dele mesmo. Ocorre que na prática a linguagem padrão está sendo usada para descriminar, para dificultar as pessoas de chegarem ao poder.
PONDO A MÃO NA MASSA
Muitos vocábulos que faziam parte da linguagem padrão e foram substituídos com o decorrer do tempo permaneceram na linguagem do PNP. Hoje estes vocábulos são considerados ultrapassados e fora de moda.
A PRIMEIRA SEMENTE
Irene deixa claro que o sinal que devemos colocar entre PNP e PP é um sinal de diferença e não um sinal de inferioridade.


A PARTIDA
É preciso começar e colocar uma pequena semente que fará nascer e cada um se tornará numa generosa jardineira.
O livro está dividido em 22 capítulos, 62 seções e 250 páginas.

4. DESCRIÇÃO DO CONTEÚDO
Em síntese o livro de Irene quer demonstrar que a unidade lingüística do Brasil é um mito. Há diferentes formas lingüísticas todas com características próprias por causa de sua origem histórica. A PP não é maior que a PNP, mas ambas são apenas diferentes na sua linguagem própria.
A intenção do livro é mostrar que o fortalecimento das diferenças pode ser usado mais para discriminar quem já não é considerado do mesmo nível. A intolerância, o fanatismo não leva a lugar nenhum a não ser a violência e a destruição.
O livro procura conscientizar os leitores de que a linguagem com suas características próprias é fruto do meio onde vivem as pessoas. Embora exista um linguajar padrão, este é um entre tantas outras formas de comunicação dignas de respeito e valorização.

Catiana Vicente Pellegrini

“Acadêmica do Curso de Pedagogia- EAD da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL)”.

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