Resenha do Livro A
Língua de Eulália por, Catiana Vicente Pellegrini
1.
IDENTIFICAÇÃO DA OBRA:
BAGNO, Marcos. A Língua de Eulália. Novela
Sociolingüística/ Marcos Bagno, 15ª Ed-São Paulo. Contexto, 2006.
2.
APRESENTAÇÃO DA OBRA:
O autor do livro através de personagens fictícias,
procura abordar a problemática da linguagem que ocorrem no dia-a-dia, tanto na
escola como em outros ambientes sociais.
No texto há uma busca para derrubar o preconceito
lingüístico na alfabetização. O autor argumenta que falar diferente não é falar
errado e que existe uma explicação lógica, científica, sociológica e
lingüística.
Nesta abordagem ocorre uma viagem ao passado, presente e
ao futuro na tentativa de compreender o fenômeno lingüístico. Este na maioria
das vezes é usado para classificar e desmerecer os diferentes e não valorizar a
riqueza das variações lingüísticas.
3.
DESCRIÇÃO DA ESTRUTURA:
A CHEGADA
A história do
livro começa com a viagem das três estudantes e professoras do curso primário
Vera, Sílvia e Emília. As professoras vão passar as férias na casa da tia de
Vera, a Sra. Irene que é professora de português e lingüística.
QUEM RI DO QUE?
As professoras
estranham e acham engraçadas as palavras usadas por Eulália. Irene coloca as
professoras em questionamento mostrando as diferentes linguagens que existem. O
português do século XII, o português de Portugal é diferente do nosso. Assim
como o português da Eulália, não é errado é apenas diferente.
QUE LÍNGUA É ESSA?
Irene a personagem principal do livro argumenta que no
Brasil existem mais de 200 línguas faladas em diversos pontos do país. Entre
estas diferenças contribuíram os índios, os imigrantes. Muitos outros fatores também contribuíram
para estas diferenças lingüísticas como: classes sociais diferentes, regiões
isoladas.
Todas as línguas, mesmo as mais simples se tiverem algum
investimento podem se tornar uma língua erudita. Toda a língua tem recursos
lingüísticos. No Brasil o português padrão também teve a sua história. As
influentes regiões de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro com sua força
econômica tornaram- se referência lingüística marginalizando outras regiões. No
Brasil existe o PP português padrão e o PNP português não padrão.
UM
PROBLEMA SEM A MENOR GRAÇA
A língua original Latim
sofreu alterações ao longo do tempo diz Irene, tanto do latim para o espanhol,
latim para o português ou mesmo do latim para o francês. Todas estas línguas
sofreram alterações do seu original tanto do uso do L, R ou mesmo fazendo o uso
di I como no caso do italiano.
UMA
LINGUA ENXUTA
A PNP na prática é uma
língua mais enxuta flexível, mais prática, mas a intenção não é colocá-la no
lugar da PP. É importante conhecer a sua estruturação para não achar que é uma
linguagem sem sentido e nexo.
LIBERDADE
IGUALDADE E FRATERNIDADE
ENSINAR em seu sentido
pleno é do latim “in+signo” colocar um rótulo em alguém, colocar uma
marca. Educar do latim “ex+duco”
significa tirar para fora, ai se compreende o grande erro da educação que faz
com que muitos abandonem a escola tão logo entram nela.
VERBO
PRA QUE TE QUERO
Na escola é comum
estudar gramática como se fosse algo misterioso cabalístico com ensinamentos
que provavelmente nunca serão usados, mas que não são compreendidos dando a
sensação da incapacidade lingüística.
E AGORA COM VOCÊS
A ASSIMILAÇÃO
Irene explica que assimilação é a força que tenta fazer com que dois
sons diferentes, mas com algum parentesco se tornem semelhantes. No caso de falando que se torna falano, o que ocorreu foi uma
assimilação do D para o N.
SODADE, MEU BEM SODADE
A língua falada, a
língua que sai da boca é muito mais rápida e ágil do que a língua escrita, a
língua que sai pela mão. A língua voa a mão se arrasta.
A língua escrita serve
como registro permanente é usado para a transmissão do saber e da cultura pode
facilitar a leitura de textos antigos.
BEIJO
RIMA COM DESEJO
O estudo dos sons da
fala, a fonética nos ajuda a esclarecer uma grande quantidade de fenômenos que
ocorrem na língua que usamos diariamente. “Nem tudo o que se diz se escreve e
nem tudo que se escreve se diz”.
MÚSICA
MAESTRO
A grande questão entre
a linguagem escrita é qual a atitude correta diante da escrita e fala muitas
vezes diferente. Certamente orientar os
alunos a seguir a escrita oficial, mas respeitar por outro lado as características
próprias de sua linguagem.
QUEM NÃO SE ALEMBRA DE
CAMÕES?
O nosso português em
especial das regiões que primeiro foram colonizadas falam um português arcaico,
original da época do descobrimento. Em outras regiões de grandes cidades ele
não se manteve. Por isso não se deve condenar ninguém de estar falando um
linguajar errado.
ACEITA-SE ROUPAS NOVAS
Há ainda muita gente
querendo vestir a nossa língua com roupas da antiguidade, ou seja, do latim.
Tanto gramáticos como professores e revisor que nos atacam com regras sem
sentidos, mas por outro lado existem pessoas aliadas do bom português como é o
caso do Poeta João Cabral de Melo Neto.
A FORMA A NORMA E O
FUNIL
Na variedade
lingüística também os pesquisadores levam em conta na hora da classificação o
nível de escolaridade para classificar. Neste caso quem possui ensino superior
é considerado culto. Também é um fato conhecido que as mudanças lingüísticas
antecedem a reforma padrão. O que a norma padrão defende hoje já foi combatida
por ela no passado.
ÍNDIO, SIM, COM MUITO
ORGULHO
A norma padrão mesmo
sendo de importância reconhecida, ela deve servir de guia não de verdade única,
já que os falantes desta norma também usam Expressões muitas vezes duvidosas. O
português padrão deve ser crítico dele mesmo. Ocorre que na prática a linguagem
padrão está sendo usada para descriminar, para dificultar as pessoas de
chegarem ao poder.
PONDO A MÃO NA MASSA
Muitos vocábulos que
faziam parte da linguagem padrão e foram substituídos com o decorrer do tempo permaneceram
na linguagem do PNP. Hoje estes vocábulos são considerados ultrapassados e fora
de moda.
A PRIMEIRA SEMENTE
Irene deixa claro que o
sinal que devemos colocar entre PNP e PP é um sinal de diferença e não um sinal
de inferioridade.
A PARTIDA
É preciso começar e
colocar uma pequena semente que fará nascer e cada um se tornará numa generosa
jardineira.
O livro está dividido
em 22 capítulos, 62 seções e 250 páginas.
4.
DESCRIÇÃO DO CONTEÚDO
Em síntese o livro de
Irene quer demonstrar que a unidade lingüística do Brasil é um mito. Há
diferentes formas lingüísticas todas com características próprias por causa de
sua origem histórica. A PP não é maior que a PNP, mas ambas são apenas
diferentes na sua linguagem própria.
A intenção do livro é
mostrar que o fortalecimento das diferenças pode ser usado mais para
discriminar quem já não é considerado do mesmo nível. A intolerância, o
fanatismo não leva a lugar nenhum a não ser a violência e a destruição.
O livro procura
conscientizar os leitores de que a linguagem com suas características próprias
é fruto do meio onde vivem as pessoas. Embora exista um linguajar padrão, este
é um entre tantas outras formas de comunicação dignas de respeito e
valorização.
Catiana Vicente Pellegrini
“Acadêmica do Curso de Pedagogia- EAD da
Universidade Federal de Pelotas (UFPEL)”.
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