terça-feira, 25 de novembro de 2014

A valorização do sujeito através da pesquisa do entorno da escola


Fabiana Alves Gonçalves de Oliveira[1]


Resumo

Este artigo tem por finalidade relatar as experiências obtidas na pesquisa do entorno realizada em uma Escola da rede pública de ensino, objetivando colocar-nos frente a frente com a realidade e o dia a dia dessa instituição de ensino, sendo essa uma das propostas do curso de Pedagogia da UFPEL, promovendo a plena formação docente, focado para uma educação transformadora e coerente com os nossos dias. Aqui estará descrito o que foi realizado para criar vínculos com a Escola, sua comunidade e família parceira.

Palavras-chave: entorno, pesquisa, escola, comunidade, realidade.

Introdução:
A abordagem de pesquisa em educação está sendo proposta pelo curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal de Pelotas e sua formação está sendo centrada na investigação e pesquisa da escola e seu entorno e com esse trabalho, é que nós acadêmicos, teremos subsídios para chegarmos mais próximos da realidade de cada um.
A escola pesquisada está localizada num bairro as margens do rio Santa Maria, na periferia da cidade de Rosário do Sul, onde a maioria de sua população é formada por pessoas muito simples. Sua estrutura física está distribuída em quadra de esportes, seis salas de aulas, biblioteca, cozinha, banheiros femininos e masculinos, secretaria, sala dos professores, sala da direção.
A metodologia utilizada na realização dessa pesquisa foi a de aproximação e consolidação das parcerias com as escolas e as famílias e a observação da realidade que me deu as primeiras impressões através dos diálogos com os sujeitos envolvidos.
Essa pesquisa tem por objetivo a investigação da escola e seu entorno para criar vínculos com a comunidade e com as pessoas que se integram diretamente com ela, oportunizando a percepção de fatos essenciais de seus redores e entorno social.

Desenvolvimento:

Vimos em nossos estudos que as relações onde os indivíduos se relacionam entre si e com a natureza constituem a realidade humana, que é o eixo principal das ações e dos pensamentos dos indivíduos, que por sua vez, possuem expectativas de vida, onde sua realidade muitas vezes o impede de realizar as melhorias e as mudanças necessárias para o seu crescimento intelectual. Também ficou claro que, em toda a ação é fundamental a mão humana em que o homem é o transformador do seu meio e deve ser valorizado.
Então como pesquisadores, devemos fazer um levantamento sobre as atividades cotidianas das famílias que iremos pesquisar, onde o ato coletivo de trocas pode qualificar esse processo, sempre respeitando as peculiaridades trazidas pelos sujeitos, sem invadir o seu espaço. 

                                                                                             
Sendo assim, o primeiro passo realizado nesse movimento de pesquisa foi à formação da parceria com a Escola. Confesso que estava com certo receio de como seria a reação da equipe diretiva em relação a esse fazer, pois eles não me conheciam, e nem eu a eles. Mas, para minha surpresa, fui muito bem recebida pela diretora e direção da escola, que aceitaram a proposta do curso e da pesquisa, tornando-se tranqüila a formação da parceria com essa escola.
O próximo passo foi escolher a família que realizaria a pesquisa e após realizar várias observações, conversei na escola mesmo com a mãe de uma aluna do Projeto Brasil Alfabetizado, fazendo as primeiras explicações sobre o que seria e qual a intenção e a finalidade dessa pesquisa, onde a mesma aceitou que as visitasse.
Na primeira visita à família, através das conversas realizadas com essa mãe, percebi que a família tem muito zelo e cuidado com a aluna por ela ser portadora da Síndrome de Down, mas isso não a impede de realizar várias atividades como estudar e freqüentar a APAE por exemplo.
Nesse fazer realizei algumas visitas à casa da família, conversei muito com a mãe que se mostrou sempre disposta a colaborar com a pesquisa, informando dados sobre a aluna, já que a mesma possui dificuldades na fala, produzindo apenas sons. Descobri que a família é formada por pai, mãe, filhos naturais e filhos adotivos, que a única filha biológica do casal é essa, pois as outras duas irmãs são filhas somente do pai e o seu irmão é adotado. A aluna demonstrou preferência por uma das irmãs que não mora nesta cidade, mas que está pensando em voltar e isso a está deixando muito feliz. Essa menina é bem quieta e tímida, posso dizer que observei que isso ela herdou do pai, pois em uma única conversa que tivemos se mostrou tímido.
Quanto às pesquisas e observações que fiz em sala de aula, a menina é muito dedicada e realiza todas as atividades propostas pela professora com muito entusiasmo e capricho. Gosta de realizar recortes, colagens e pinturas e larga tudo o que está fazendo para acompanhar a leitura oral realizada pela turma e professora, se esforçando o máximo para reproduzir alguns sons. Conforme sua mãe, a menina é acompanhada por uma fonoaudióloga e isso veio contribuir para uma melhora significativa no seu desempenho quanto a sua fala, o que havia notado, pois ela já tinha sido minha aluna e tem tido melhoras nesse processo.
Pude constatar que a família da menina é muito presente em todos os seus passos na escola, principalmente sua mãe que está sempre junto e preocupada em saber sobre as atividades realizadas em sala de aula pela aluna, que até decidiu ir para a escola e estudar também, sendo uma forma de estar sempre próxima da filha.
È muito importante conhecer o nosso aluno, suas vivências e sua história de vida, pois cada ser é único e traz consigo toda a formação sócio-histórico-afetiva com anseios e conhecimentos prévios diferentes.
Nesse sentido a pesquisa precisa ser compreendida como uma ferramenta e como um desafio para uma educação de qualidade. Cada indivíduo é parte da sociedade na qual está inserido, sociedade esta que está em constante transformação, necessitando de ajustes e novas práticas que podem ser construídas por meio da pesquisa. Por isso o professor precisa assumir uma postura de pesquisador para transformar a escola e a educação.
Para FREIRE
“[...] não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, por que indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço ou comunicar e anunciar a novidade”. (FREIRE,1997, p. 29).

Conforme o autor, essa pesquisa me mostrou um vasto horizonte de possibilidades relacionadas à educação. Percebi que o papel dos educadores é o de pesquisar sempre, de se colocar no lugar do outro para assim saber o que de fato é necessário e importante para a sua formação.
Partindo de esse importante fazer, foram realizadas discussões e debates entre o nosso grupo de estudos formado por acadêmicas desse curso, que através de relatos, cada um colocou como foi sua pesquisa inicial com a escola e a família parceira. Foram expostas as características de cada aluno e escola pesquisados, podendo constatar que cada família tem um jeito próprio de ser e isso é demonstrado no seu modo de falar, de se vestir e de se relacionar, onde se torna de fundamental importância compreender as suas próprias vidas, para construirmos um processo educativo a partir de uma escola que não seja invasiva, mas que dê importância ao diálogo com os sujeitos e a sua valorização.

Conclusão:
            Com esse trabalho de investigação do entorno, observei que a pesquisa da cultura de vida dos sujeitos é essencial, pois a valorização de suas bagagens, suas experiências podem enriquecer e refletir no trabalho em sala de aula de maneira significativa para o processo de ensino-aprendizagem através dos diferentes modos de pensar e agir de cada um, onde a importância dessa investigação-ação envolvendo a comunidade, a escola e o entorno  possibilita absorver o que os sujeitos possam colaborar com a educação, baseado na bagagem e história que cada um trás consigo do meio em que vive. Só assim será possível alcançar o que se espera nesse processo que é efetivar uma educação significativa, humanizada e de comprometimento com a sociedade para a construção e reconstrução da educação.
            Uma das grandes possibilidades está no diálogo, na investigação e no conhecer as dificuldades e a realidade dos sujeitos, para assim termos consciência de como agir para que o processo de ensino-aprendizagem seja eficaz e efetivo para todos.
             É pensando nisso, que o nosso trabalho de pesquisador é fundamental para nortear uma educação de qualidade, onde os sujeitos e a comunidade sejam valorizados como fonte do saber.

Referências Bibliográficas:

FREIRE, Paulo Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 7ª ed. São Paulo, Paz e Terra, 1996.

KIELING, José Fernando, A realidade como realidade humana. Licenciatura em Pedagogia a Distância UFPEL. Pelotas: Editora e gráfica Universitária, 2010.

BRANDÃO, Cariso Rodrigues, Parceria no curso de pedagogia à distância: para além do discurso. . Licenciatura em Pedagogia a Distância UFPEL. Pelotas: Editora e gráfica Universitária, 2010.







[1] Professora da rede pública de ensino, Aluna do Curso de Licenciatura em Pedagogia pela UFPEL – Pólo de Rosário do Sul.

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