domingo, 30 de novembro de 2014

Artigo: Prática Docente de Estágio





RESUMO

            O presente trabalho busca refletir o estágio da educação infantil realizado nos meses de maio e junho. As reflexões desenvolvidas seguem orientações previamente elaboradas para ajudar na reflexão da caminhada e aprendizado neste período importante de estudos e práticas.
            O que ajudou e tornou importante esta reflexão foi a oportunidade de vivenciar um novo ambiente escolar. Neste espaço educacional poder compreender e participar desta etapa tão importante na vida das crianças, seu desenvolvimento e vivências. Nas reflexões aprofundadas, conseguir em pouco tempo descrever e buscar elementos fundamentais que possam servir para uma prática mais condizente com a realidade que se deseja trabalhar, e o exercício de ser educador em nossos dias.
           


PALAVRAS CHAVES:

Criatividade – Família – Alunos – Professor – Ritmo – Tempo.





















1.    INTRODUÇÃO



            Este presente artigo tem como objetivo refletir sobre o momento do estágio na Educação Infantil.
            No primeiro capítulo encontram-se as demandas que mais chamaram a atenção neste estágio. Estas compreendidas como os principais desafios a serem enfrentados. O próprio texto afirma que são antes de mais nada, oportunidades de aprendizagem e de crescimento como educador. Neste ponto foram citadas três: “A realidade rural”, “Diferentes objetivos Familiares”, “Espaço Físico”. O desenvolvimento procura refletir as práticas vivenciadas com apoio dos textos sugeridos.
            No segundo capítulo do artigo, a reflexão buscou seguir uma linha de raciocínio através das questões apresentadas. Em cada um dos cinco itens foi desenvolvida uma análise das situações concretas em sala de aula e nos dias que se seguiram o estágio.
            As questões sugeridas favoreceram a uma análise mais detalhada das conquistas e desafios que permaneceram em forma de aprendizado. Este desenvolvimento buscou valorizar o todo da escola como parte indispensável da prática pedagógica, onde o aluno deve ser o principal sujeito.





2.    APRENDIZAGEM, DEMANDAS E HETEROGENEIDADE DOS ALUNOS.



As demandas que surgiram durante o estágio na educação infantil não necessariamente se caracterizam como algo negativo, mas sim desafios que podem tornar simples atividades de aprendizagem num momento em que a criatividade aflora e nos remete a uma situação única do saber. Entre estes, perceber a diversidade local entre o urbano e rural. Também buscar conciliar os interesses muitas vezes distintos entre os familiares que vêem a escola como um lugar apenas para as crianças serem cuidadas. O espaço físico também se caracteriza como um elemento importante para a concretização de objetivos traçados e planejados.
A heterogeneidade da turma a meu ver ocorreu como algo positivo porque pude ter um olhar voltado para as crianças que precisavam de uma atenção maior para realizar suas atividades. Algumas destas crianças apresentavam carência afetiva e necessitaram bastante compreensão e carinho. Procurei lidar com estas situações de maneira tranquila para conseguir ajudar estes alunos. Pensei em algumas estratégias de aprendizagem para trabalhar com a turma, levei algumas atividades extras e joguinhos, contei historinhas com materiais pedagógicos (fantoches, músicas, figuras, máscaras), onde as crianças participavam com alegria e interesse. Utilizei estas atividades extras para incentivar e socializar a turma.
A heterogeneidade na turma me instigou a ser mais criativa e pesquisadora na busca de novas alternativas e estratégias para facilitar a aprendizagem dos alunos.



2.1 - Realidade urbana e rural.


A atividade de estágio e os desafios que se apresentaram durante este período foram os mais variados certamente ao pensarmos em educação, no processo de aprendizagem os elementos envolvidos são os mais complexos. Esta diversidade pode acontecer em relação aos materiais disponíveis para desenvolver atividades educativas, seja pela capacidade e características do grupo envolvido, conforme Celso Vasconcelos nos orienta: “Uma educação significativa deve partir as condições concretas de existência e para isto, o educador, enquanto articulador e coordenador do processo precisa ter um bom conhecimento da realidade com a qual vai trabalhar aluno, escola, comunidade, sociedade, assim como a ciência que vai administrar (VASCONCELOS, Abril de 1992 (n.83)) Na turma, algumas crianças moravam na zona rural, eram mais carentes, algumas não possuíam televisão e telefone em casa. Enquanto outras moravam na zona urbana e tinham acesso aos meios de comunicações diversos.
Para mim estas duas realidades na turma foi um desafio no sentido de desenvolver o trabalho e pensar as atividades de acordo com estas realidades, trabalhar com o que eles conhecem e vivenciam. Por isso penso que foi de fundamental importância conhecer o entorno da escola e a realidade dos alunos.



2.2- Diferentes objetivos familiares.

      A escola de educação infantil pela sua história se caracterizou como um ambiente de cuidadores, não um espaço escolar de aprendizagem e alfabetização. A realidade embora tenha mudado a partir da Lei de Diretrizes de Base da Educação Nacional de 1996, passando a Educação infantil a ser definida como primeira etapa da Educação Básica, a visão anterior ainda persiste na compreensão de muitas famílias, tornando a atividade desenvolvida um pouco mais complexa do que se imaginava inicialmente. Esta certamente foi uma das demandas que requereram atenção. Por ser uma escola de educação infantil pública, estão presentes crianças culturalmente e economicamente carentes, por outro lado, outras cujas famílias esperam um retorno maior na educação escolar, desejam saber sobre o aprendizado de seus filhos. A partir desta realidade o planejamento necessitou ser claro nas propostas, considerando que todos os alunos pudessem compreender o que estava sendo proposto. Os alunos com maiores dificuldades eram constantemente estimulados e encorajados por mim. As atividades desenvolvidas a cada dia eram apresentadas aos pais dos alunos para que ficassem cientes do trabalho pedagógico realizado.






2.3- Espaço físico

Também as perspectivas em relação ao espaço físico influenciaram o desenvolvimento de algumas atividades. Diante da diversidade dos alunos envolvidos, as atividades lúdicas foram as que propiciaram maior envolvimento dos alunos de modo igualitário, tanto pelo interesse, como na capacidade de compreensão, realização e socialização das atividades propostas.
Esta demanda criou boas perspectivas de trabalho, no entanto, o espaço inadequado com salas pequenas e pátio sem cobertura para os dias chuvosos e frios necessitou de improvisos necessários. Uma estrutura mais própria certamente ajudaria em muitas atividades psicomotoras e recreativas que contribuiriam para a integração dos alunos. Mesmo assim as atividades não devem depender apenas das condições físicas como Vasconcelos já nos orientava. Muitos professores acham que para realizar um trabalho significativo e participativo haveria necessidade de locais especiais, materiais especiais, etc. (é claro que isto ajudaria, mas não podemos ficar nesta dependência, ainda mais no contexto escolar brasileiro). (Vasconcelos, Abril de 1992 (n.83))
Algumas atividades que foram planejadas para serem realizadas no pátio da escola muitas vezes necessitaram ser adaptadas para o ambiente da sala de aula, devido ao tempo chuvoso e frio. Todas as atividades planejadas foram realizadas mesmo com as adaptações necessárias, porque o planejamento deve ser flexível de acordo com as necessidades e mudanças que possam surgir.


3.    A PARTIR DAS SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM E NÃO APRENDIZAGEM QUAL O MEU PAPEL DIANTE:


Para realizar um bom trabalho de aprendizagem no estágio foi necessário conhecer um pouco das demandas da escola de Educação Infantil, como ela se organiza, quais são os objetivos e as prioridades em relação aos alunos. Conhecer também a realidade e desenvolvimento da turma e a partir desse conhecimento prévio pude então elaborar o meu planejamento com pesquisas, leituras e o apoio da professora titular da turma e das tutoras do curso.



3.1-Projeto Político Pedagógico da Escola.

A matriz curricular e o projeto político pedagógico da escola foram apresentados no período de observações e os planos de estágio, elaborados a partir das diretrizes do mesmo. O diálogo com a professora parceira também foi fundamental para elaborar as propostas do estágio, o que era possível construir, prever em busca de um projeto de trabalho em conformidade com a escola.
No projeto político pedagógico da escola constava entre outros objetivos: Na educação infantil, nosso trabalho tem por objetivo propiciar a ampliação dos interesses e conhecimentos das crianças, além de estimular conquista da independência e a cooperação no processo de socialização.” (Projeto Político Pedagógico). Além de trabalhar conteúdos e novos conhecimentos também atividades que favorecessem a integração e a cooperação entre as crianças foram criadas. Nos momentos das atividades, os alunos que completavam as tarefas primeiro, eram motivados a ajudar os que possuíam maiores dificuldades.         


3.2- A Aprendizagem dos alunos.

A aprendizagem ou não aprendizagem dos alunos pode ser considerada uma questão difícil de constatar no seu todo. Levando em consideração que as avaliações podem ser superficiais e depende dos objetivos de cada professor.  No momento em que percebia se algum aluno não tinha entendido alguma explicação ou atividade, fazia uma retomada das explicações e ajudava os alunos que mais precisavam, com brincadeiras e jogos sobre o tema trabalhado, de uma forma tranquila porque cada criança possui o seu ritmo e a sua história: “Quando a criança chega à escola, já traz uma série de conhecimentos informais sobre a realidade. Na escola ela vai estabelecer uma nova relação cognitiva com o mundo” (Alexander., 1991) A possibilidade de retomada foi uma necessidade em várias situações, pois nesta fase a criança ainda está construindo seu processo de aprendizagem e sua rotina escolar.
No decorrer do estágio fui percebendo que os alunos que precisavam de uma maior atenção da minha parte eram os que apresentavam dificuldades para realizar algumas tarefas, não conseguiam escrever o nome, não reconheciam todas as vogais, tinham dificuldade na pintura.
Fui resolvendo a situação conversando, dialogando, ajudando estes alunos, dando uma atenção especial e direcionada para ajudar em suas dificuldades.
A aprendizagem dos alunos acontecia conforme as atividades iam sendo propostas e apresentadas, ou seja, de uma forma natural de acordo com o tempo, ritmo e vivências de cada criança. Procurei aproveitar nos momentos da aprendizagem com a turma as suas falas e saberes. Primeiro explorava o que eles já conheciam sobre os assuntos que iam sendo trabalhados para só depois começar as explicações. Levei para a sala de aula vários jogos pedagógicos e atividades extras que ajudaram bastante e foram muito importantes para uma maior compreensão dos alunos. E realmente notava especial interesse nas atividades e assuntos em que eles contribuíam e contavam as suas vivências, eram receptivos. Também demonstravam curiosidade e empenho no momento dos jogos, das atividades recreativas direcionadas, da leitura, hora do conto e quando podiam manusear os fantoches e participar das histórias com falas e diálogos dos personagens. Gostavam muito das músicas que cantávamos e das coreografias de cada música. Proporcionei várias atividades de socialização com a turma e estes momentos contribuíram bastante no processo de ensino aprendizagem.








3.3- A relação com a realidade concreta

O período de conhecimento da realidade da escola, da turma e da professora parceira foi de vital importância para a realização do estágio. Este conhecimento prévio, porém não resolve todas as questões pertinentes, muitas vezes acontecem descobertas pelo próprio estagiário na convivência com a turma. Em especial o ritmo de cada criança, sua história, seus traumas e carências. Algo que não poderia ser previsto e influenciou muito nas atividades foi o nível de conhecimento que a turma realmente poderia ter de fato. Segundo a professora titular sua observação e avaliação foram a melhor possível, certamente querendo valorizar seu trabalho e desempenho: ”Os alunos são ótimos conseguem realizar as atividades, já fizeram ótimos trabalhos neste ano, os que não fazem é por causa da preguiça” (Professora Mariângela).
Os alunos que apresentavam algumas dificuldades para realizar as tarefas em aula eram os que não tinham estímulo da família, eram carentes e necessitavam de mais atenção, ao contrário do que disse a professora titular, não penso que seja por causa de preguiça. Todos os alunos realizavam as atividades de acordo com o seu tempo, ritmo e compreensão.





3.4- A Organização e coordenação das propostas na sala de aula.

A partir do conhecimento prévio das potencialidades e limites da turma foi possível também elaborar propostas de aprendizagem. Muitas vezes boas propostas não conseguem ter resultados satisfatórios se estiverem fora da realidade escolar conforme Rogéria Silva já abordava em seu texto: Planejamento da ação pedagógica: “Como ato político, ser professor demanda o conhecimento da realidade dos alunos, sob pena de tornar sua atividade irrelevante ao movimento de tornar significativo o aprender na escola... No entanto conhecer a realidade é muito mais do que saber fatos da vida dos alunos e da sua comunidade...” (SILVA. Rogéria Novo da. ZORZI). Por isso o diálogo com a professora titular, as visitas de observação propiciaram este conhecimento antecipado, favorecendo um planejamento coerente com a realidade dos alunos e seu entorno.


3.5- Busca pela rede de apoio.

No momento das visitas e observações que fiz a escola pude conhecer o local e os recursos físicos e humanos disponíveis para a realização da minha prática docente. Conhecer um pouco da escola, do seu projeto e dialogar com as pessoas com quem iria desenvolver o meu trabalho foi muito importante para a elaboração de atividades compatíveis com a realidade dos alunos. Estas informações preliminares ajudaram na construção de planos em sintonia com o dia-a-dia da escola.
Mesmo assim os imprevistos que surgiram necessitaram de ajuda de outros profissionais da escola. Em atividades práticas com pinturas e colagens foi necessária a colaboração da professora titular para ajudar na orientação e nos detalhes dos trabalhos pedidos aos alunos. Em outros momentos com atividades psicomotoras em espaços abertos sempre foi necessária a colaboração de outro professor, quando a titular não se encontrava presente alguém era designado a este auxílio com presteza.
            A equipe diretiva e a orientadora sempre se fizeram presentes com questionamentos sobre o andamento dos trabalhos e dificuldades que pudessem vir a surgir, sempre dispostas a ajudar no que fosse preciso. Esta presença foi importante como forma de valorização das atividades que estavam sendo conduzidas.








4-CONCLUSÃO

            Ao término deste trabalho, tendo a certeza de ser apenas um apanhado inicial do que envolve realmente o todo da educação infantil, mesmo assim permanece a sensação de um caminho de práticas e reflexões devidamente realizadas. Foi uma experiência significativa e fundamental numa área da educação ainda desconhecida por mim.
            O importante ao final desta reflexão é que mais do que grandes certezas, ocorrem muitos questionamentos pessoais em relação aos desafios que o ser educador nos dias atuais deve enfrentar. Estes elementos sempre impulsionam para novos caminhos, cheios de surpresas e estímulos na busca de novas reflexões e posturas profissionais.
            O estágio na educação infantil mostrou como é importante este período inicial da educação. Não mais caracterizado apenas como um momento de ocupação das crianças, mas de formar valores e propiciar momentos de convivência e experiência no grupo social.
            Na educação também foi possível perceber que este ato não é realizado de modo individual, mas é fruto de uma ação conjunta, coletiva, entre sujeitos que possuem objetivos em comum, compartilham e constroem o aprendizado de uma escola.
            Por fim, ter a certeza de que o ato de ensinar e aprender é uma atitude prazerosa e possível. Mesmo que muitos ainda insistam em lamentar as dificuldades, mais do que festejar as conquistas alcançadas todos os dias. Ser professor é um ato de amor, doação que ultrapassa o tempo e todas as dificuldades que possam surgir.
                                                                                                              








5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:                                                                         



LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.


*Leontiev. Alexis N. E Luria. Alexander R. As idéias psicológicas de L. S. Vygotsky. In: VYGOTSKY Lev S. A formação Social da mente. 4 ed. São Paulo. Martins Fontes. 1991. Posfácio. P. 147

PROJETO POLÍTICO E PEDAGÓGICO DA ESCOLA.


*SILVA. Rogéria Novo da. ZORZI Analise.  Planejamento da ação pedagógica – dimensões e elementos para pensar a prática docente.

VASCONCELLOS, Celso dos S. Metodologia Dialética em Sala de Aula. In: Revista de Educação AEC. Brasília: abril de 1992 (n. 83)





Catiana Vicente Pellegrini

“Acadêmica do Curso de Pedagogia- EAD da Universidade de Pelotas (UFPEL)”.

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