quinta-feira, 6 de novembro de 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA – EaD





Relatório de Estágio



Educação de Jovens e Adultos (EJA)






Richtiele Bueno









Esteio, 2014
                                      




Richtiele Bueno











Educação de Jovens e Adultos (EJA)



         
                                                           



Relatório de Prática Docente I apresentado ao Curso de Licenciatura em Pedagogia- UFPel/UAB, como requisito à conclusão do Estágio Supervisionado de Educação de Jovens e Adultos (EJA)
 
 







                                         





                      
























Supervisor do Estágio CLPD: Lilian Lorenzato
Supervisor do Estágio Escola: Janete Danus chaves






Esteio, 2014


























Equipe docente responsável:


Professores a distância: Emília Cristina Teixeira; Lilian Rodrigues Corrêa.

Professores presenciais: Joelma Guimarães; Marta Rejane da Luz Fernandes.

Professor Formador: Eliane Weber Rodrigues.





 

1.    Resumo


O seguinte relatório versará sobre algumas questões importantes como: As demandas de trabalho; Matriz Curricular e PPP; Aprendizagem dos alunos; Realidade concreta; Organização das propostas e Rede de apoio. Todos estes dados visam refletir, organizar e elucidar aspectos vivenciados durante a observação e prática docente no estágio obrigatório de Educação de Jovens e Adultos (EJA). A realização do estágio ocorre em uma Escola Municipal de Ensino Fundamental , situada no município de Sapucaia, com uma turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA), etapas I, II e III ( Etapas iniciais); sendo o estágio realizado no turno da noite.



Palavras-chave: educação de jovens e adultos, aprendizagem, demandas, motivação, realidade, matriz curricular, PPP.




Sumário




Apresentação


Neste trabalho, são apresentados seis itens: Demandas de trabalho; Matriz Curricular e PPP; Aprendizagem dos alunos; Realidade concreta; Organização das propostas e Rede de apoio.
                          No item demandas de trabalho, constará quais as demandas com a turma como um todo e com a heterogeneidade, considerando as necessidades individuais dos alunos, a partir do conhecimento e acompanhamento da aprendizagem da turma.  Também será destacado quais ações foram necessárias a fim de garantir a aprendizagem de todos considerando tais demandas. Como o planejamento considerou as mesmas, evidenciando exemplos de atividades presentes nestes planos.
            A partir das situações de aprendizagem e não aprendizagem, o seguinte relatório apontará qual o meu papel diante da Matriz curricular e do PPP da escola, ou seja, como estes foram relacionados com as situações.
            Após será retratado como percebi e agi a partir das evidências de aprendizagem e não aprendizagem dos alunos, expondo minha opinião a partir do que foi vivenciado na prática docente.
            Com relação à realidade concreta, será exposto como meu conhecimento interferiu na minha ação e na própria aprendizagem dos alunos.
              Sobre a organização das propostas, será apontado como a coordenação das mesmas potencializaram a aprendizagem dos alunos em sala de aula e como as escolhas feitas interferem na aprendizagem dos mesmos.
Versará também sobre a rede de apoio, destacando o auxílio dos profissionais da equipe docente que foram de grande importância e auxílio durante a minha prática.
            Os dados presentes nesse trabalho foram obtidos através da minha prática docente, das experiências vividas em sala de aula e da reflexão sobre as mesmas, além da busca de autores dissertando sobre os assuntos tratados.
Desenvolvimento

3.1 Demandas de trabalho


O estágio está sendo realizado com uma turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA), etapas I, II e III. Nesta etapa de ensino lidamos com diversas realidades, mas a maioria possui um único e grande objetivo: “Aprender”. Alguns que já foram à escola e desistiram por seus motivos particulares e agora querem retomar, alguns que nunca foram à escola e querem ingressar e aprender... Alguns com facilidade, outros com algumas dificuldades. Mas todos muito motivados e comprometidos. Através dos diálogos foi possível aos poucos conhecer a história de vida de cada um e estabelecer com a turma uma relação de amizade e de confiança para ensinar, aprender e todos juntos construir conhecimento.
No decorrer do estágio, percebo o quanto é importante para a turma como um todo receber elogios, sentir que estão progredindo em suas tarefas, pequenas ações, mas que para eles diz muito... Noto que quando são elogiados sentem-se muito felizes e entusiasmados.
 Percebo então que uma grande necessidade da turma é sentir-se valorizada, que precisam mais do que o conhecimento, estão precisando em primeiro lugar de motivação. Cheguei à conclusão de que a melhor motivação para eles vem de palavras simples como: “Muito bem!”; “Você conseguiu”; “Parabéns!”... Este tratamento carinhoso e especial, traz aos alunos a auto-confiança que estão precisando, eles sentem-se mais felizes.
"O ato criador prova natural estado de satisfação ? decorrente do poder de criar..., e essa alegria gera valores mais importantes que mobilizam sentimentos de auto confiança nos alunos e os leva a sentir e descobrir outros valores fundamentais a vida."( Ministério da Educação,1997,p.49).
           Através desta citação é possível destacar o quanto é importante valorizar os alunos, o que conseguem fazer, suas experiências... Oferecendo condições para que os mesmos construam, ampliem e atualizem seus conhecimentos.
              A turma esta em ritmos diferentes de aprendizado, com base nisso, foi necessário elaborar diferentes planejamentos, de acordo com as necessidades específicas de cada um. Nos planos de aula, foi dado seguimento as atividades que a professora titular costuma passar para eles, conforme solicitado por ela foi elaborado várias atividades de folha e também para passar no quadro para alguns alunos.
            Esta sendo possível perceber que o atendimento individual a estes alunos se torna indispensável, uma vez que precisavam de ajuda e explicação na maioria das vezes para a realização das atividades propostas.
              Ações importantes como: Sentar ao lado do aluno e dispor do tempo que for necessário para que o mesmo compreenda o que é solicitado na tarefa, bem como ajudar no desenvolvimento da mesma, são fundamentais e muito significativas para que estes apresentem bons resultados na realização das atividades propostas; propor o reconhecimento das letras e famílias silábicas no quadro em voz alta para o grande grupo contribui muito também, pois atrai bastante a atenção deles e conseguem entender melhor; as leituras em voz alta (para os que já estão nesta etapa), é importante para treinar a dicção e desenvolver a leitura, assim como os textos para copiar no caderno de caneta ajudam muito a melhorar a caligrafia (das alunas que precisam).
              Os planejamentos se adequaram ao nível de aprendizado de cada um, respeitando o seu tempo e ritmo de aprendizagem.
                De acordo com o texto "Metodologia Dialética em Sala de Aula", fala a respeito de que a metodologia dialética, é compreendida como uma metodologia que o conhecimento não é “depositado”, ou “transferido” pelo outro, conforme a concepção tradicional, nem é inventado pelo sujeito, conforme concepção espontaneísta, mas sim que o conhecimento é construído pelo sujeito na sua relação com os outros e com o mundo.
                    Entende-se que o aluno precisa se apropriar do conhecimento, e para que isso ocorra é necessário que o mesmo possa trabalhar, refletir, reformular sempre que necessário os conteúdos apresentados pelo professor. Um exemplo pode ser dado através de uma aluna da turma, que inicialmente desconhecíamos que ela sabia as letras do alfabeto, mas este conhecimento se dá de forma decorada, ela apenas memorizou o que nos levou a propor atividades que a instigasse mais, que ela pudesse fazer este reconhecimento encaixando com a letra inicial de algumas palavras, fazendo um exercício extra sentada ao lado dela: “A (de amor), D(de dado)... aleatoriamente, e assim ela já estava conseguindo fazer atividade de ligar as gravuras à letra inicial correspondente, o que não conseguia, pois havia somente decorado o alfabeto; dessa maneira ela está aos poucos realmente se apropriando do conhecimento e não só memorizando.
                     Durante a realização do estágio, percebo que realmente os alunos precisam sentir-se “mobilizados” para o conhecimento, e que não posso apenas apresentar os conteúdos a eles e sim despertá-los para a atividade, explicando e sentando muitas vezes ao lado para ajudá-los na realização das atividades, acompanhando de perto o interesse e o desenvolvimento das mesmas, importante destacar também que eles gostam de conversar entre eles sobre as atividades e trocar informações, considerando uma ação muito significativa e aliada na construção do conhecimento.
               No texto “Metodologia Dialética em Sala de Aula”, fala a respeito de que é necessário que o aluno dirija sua atenção, seu fazer, seu pensar sobre o objeto de conhecimento.
... situação orientadora inicial: é a criação de uma situação motivadora, aguçamento da curiosidade, colocação clara do assunto, ligação com o conhecimento e a experiência que o aluno traz, proposição de um roteiro de trabalho, formulação de perguntas instigadoras.”
 A citação nos remete bem o que foi discorrido acima e o que ocorre em meu estágio, onde os alunos precisam se sensibilizar para o conhecimento, quando percebem que estão conseguindo, estão avançando em determinada atividade e vêem o nosso reconhecimento, ficam com “sede de aprender” e querem mais e mais atividades.
               O conhecimento da realidade dos mesmos foi de extrema importância, uma vez que nos permitiu conhecer suas necessidades individuais, não só a respeito dos conteúdos, mas também o tempo de cada um, se precisava de mais auxilio ou não, quais suas potencialidades e fragilidades, todos estes fatores contribuíram muito para a elaboração e execução do planejamento.
 “O primeiro passo, portanto, do educador, enquanto articulador do processo de ensino-aprendizagem deverá ser no sentido de conhecer      sua realidade, ou seja, conhecer a realidade com a qual vai trabalhar. Para isto, inicialmente o professor tem que aprender com seus alunos.” (Metodologia Dialética em Sala de Aula, Carlos dos S. Vasconcellos, p. 5)
                A parte da observação foi muito importante também, pois foi possível conhecer quem eram os alunos, suas idades (Entre 29 e 88 anos), entender bem em que etapa de aprendizado os mesmos se encontravam, como realizavam as atividades e como manifestavam interesse pelas mesmas, quem são os mais assíduos, como a professora costuma trabalhar com eles, suas necessidades, interesses, experiências e expectativas. Como traz a citação, conhecer a realidade dos alunos é um passo muito importante e não pode ser descartado.
“Uma educação significativa deve partir das condições concretas de existência e para isto, o educador, enquanto articulador e coordenador do processo precisa ter um bom conhecimento da realidade com a qual vai trabalhar: alunos, escola, comunidade, sociedade, assim como a ciência que vai ministrar. Não se trata de conhecer a "vida íntima" de cada aluno, membro da comunidade, etc., mas de apreender suas principais características, seus determinantes.” ( Metodologia Dialética em Sala de Aula, Celso dos S. Vasconcellos, p. 6)
      Como traz a citação é importante que se conheça a realidade com a qual se vai trabalhar, é a partir disso que se pode elaborar um bom planejamento que atenda as necessidades dos alunos, e traçar as melhores maneiras de ajudá-los sempre que necessário.

3.2  PPP e Matriz Curricular

        A EJA tem por finalidade atender àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no Ensino Fundamental na idade própria, possibilitando o desenvolvimento do potencial dos educandos.
        No PPP da escola consta que o objetivo primeiro da EJA é o de resgatar e suprir a escolaridade do jovem e do adulto no Ensino Fundamental que foi interrompida durante anos, visando reparar e propiciar a esta classe de educandos uma educação acelerada, voltada para suas necessidades imediatas.
         A escola incentiva muito os alunos da EJA e se esforça para propocionar um ensino de qualidade e momentos prazerosos como (gincanas, feiras, eventos) para que os alunos se sintam motivados, mas enfrentam alguns desafios, que é a luta pela permanência dos alunos na escola (faltas, evasão).
          Percebe-se realmente que este é um problema existente na escola, na minha turma, os alunos não costumam faltar com freqüência, a não ser um dos alunos que falta bastante, mas preocupa-se em tentar acompanhar as atividades, algumas vezes sua esposa vem e busca as atividades para ele.
             Como já falado anteriormente, a questão da motivação influencia muito neste aspecto, como consta no PPP da escola é necessário que seja feito o possível para que o aluno permaneça na escola, e acredito que o educador tem bastante responsabilidade com relação a este fato, pois uma aula atrativa e a atenção do professor para com este aluno colabora muito para que o mesmo queira vir a aula.
              Considero importante destacar a questão da afetividade, pois durante o estágio os alunos nos demonstraram muito carinho, o que nos deixou muito feliz. Deixou-me bem emocionada alguns depoimentos; uma aluna nos disse que estava com saudades da professora titular, mas gostaria que ficássemos também e que vai sentir nossa falta; uma outra aluna disse que tinha vindo bem feliz  porque era nós que estáriamos dando aula.
         Foi muito importante para mim este acontecimento, me deixou muito emocionada e com uma sensação de missão cumprida. Ouvir palavras tão carinhosas, com relação ao meu trabalho, com certeza não tem preço.
                 Inês Maria Gómez-Chacón em seu artigo nos faz refletir quando,
 ”Destaca a importância dada à questão sempre presente dos afetos,  que atualmente é  assumida e aceita por professores cada vez mais dispostos a reconhecer neles elementos de indiscutível  valor e interesse no acompanhamento e na avaliação  do processo  ensino/aprendizagem. (2004: 52).”
           Diante desta reflexão, podemos perceber o quanto o afeto precisa estar presente e que o mesmo favorece a formação e solidificação de atitudes benéficas a aprendizagem.
          No PPP consta que é necessário aumentar a auto-estima, fortalecer a confiança na sua capacidade de aprendizagem, valorizar a educação como meio de desenvolvimento pessoal e social.
          Estabelecendo uma relação com o que esta sendo vivenciado na escola e turma parceira, e as necessidades apontadas no PPP, tentei fazer o possível para que os alunos pudessem se sentir bem, entusiasmados e com  vontade de estar na escola.
           Procurei fazê-los participantes ativos na construção de conhecimentos, considerando seus conhecimentos prévios, atendendo a todas as dúvidas, e auxiliando sempre que necessário.
               Na Matriz Curricular da escola consta que os conteúdos curriculares, contidos nos planejamentos das disciplinas são pautados nas Diretrizes Nacionais do Ensino Fundamental e na Matriz Curricular do Município.
               É um conjunto básico de saberes, compreendidos como fundamentais para que, ao serem repassados aos alunos, possam auxiliá-los na construção de seus conhecimentos. Quanto mais os alunos têm clareza dos conteúdos e do grau de expectativa da aprendizagem que se espera, mais terão condições de desenvolver, com a ajuda do professor, estratégias pessoais e recursos para vencer dificuldades.
             Os conteúdos são Língua portuguesa, Matemática, Estudos da Sociedade e Natureza, Artes e Educação física (Etapas iniciais), correspondente a minha turma de estágio. Porém conforme orientações da professora foi trabalhado apenas os conteúdos de Português e Matemática, e       uma atividade que englobou os conteúdos de história e geografia. 
            Em língua portuguesa foi trabalhado os seguintes conteúdos: Alfabeto, Ordem alfabética, Vogais e Consoantes, Sílabas, Ortografia, Leitura e interpretação textual.
           Em matemática trabalhamos: Sistema de numeração decimal, algarismos, numerais cardinais: leitura e escrita , sistema monetário, adição e subtração, ordem crescente e decrescente, sucessor e antecessor, números pares e ímpares.
            Procurei estabelecer uma relação com os objetivos apresentados na Matriz curricular e com a aplicação dos conteúdos, como por exemplo, em língua portuguesa: Promover a construção da alfabetização do educando através de práticas de oralidade e escrita, partindo da leitura do mundo que o cerca. Em matemática oportunizar ao educando o desenvolvimento do raciocínio lógico, explorando material concreto (tampinhas de garrafa, para ajudar na contagem), bem como suas vivências, elaborando hipóteses e descobrindo meios para a resolução de problemas.  
              Entendo que as situações em sala de aula, me fizeram perceber que os conteúdos presentes na Matriz Curricular, quando transmitidos em uma tarefa, devem permitir o diálogo do educando com as questões apresentadas, que ele possa compreender o que é solicitado e que a atividade permita que o mesmo possa desenvolver suas competências e habilidades e assim como sujeito ativo da sua aprendizagem possa realmente apropriar-se do conteúdo e construir conhecimento.

3.3 Aprendizagem dos alunos


Para que a aprendizagem ocorra é necessário que o planejamento possua boas estratégias; tenha flexibilidade, recursos para fazer com que o aluno queira aprender, para que se sinta entusiasmado.  Ser paciente e compreensivo com o aluno; mostrar-se aberto e afetivo com o mesmo, ter comprometimento, organização e adequação.
                         “O planejamento é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos da sua organização e coordenação em face de objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino” (LIBÂNEO, 1993, p 221)
É importante que o professor revise as atividades planejadas, pensando se estas estão de acordo com as necessidades da turma, repensando suas práticas, se necessário. É através da observação contínua deste processo de construção do conhecimento, que é possível analisar e perceber as evidências de aprendizagem e não aprendizagem; traçando assim estratégias para sanar quaisquer dificuldades que surgirem.
 Algumas vezes, os alunos queriam conversar, desabafar a respeito de algum problema familiar, por exemplo, e nós tínhamos que estar dispostas a ouvir, falar uma palavra amiga; e por tal motivo, não tinham aquela mesma disponibilidade para a realização das atividades, o que nos levava a adaptar as atividades para aquela noite, de acordo com a situação do aluno e de preferência atividades mais simples.
  Cada aluno tem seu tempo, seu ritmo de aprendizagem; ao longo do estágio este fator influenciou de certa maneira em nossos planejamentos.  Para um mesmo dia de aula, para alguns alunos tínhamos que ter maior número de atividades do que para outros, dessa maneira foi necessário adequar as necessidades de aprendizado dos alunos.
 Para uma das alunas passamos uma atividade de completar as palavras e ela fez muito bem, sem maiores dificuldades; mas um dos alunos já precisou de uma atenção maior, e então pensamos em uma outra maneira que o ajudasse a entender melhor a atividade proposta, foi então que passamos as famílias silábicas no quadro e junto com ele fomos lendo-as e vendo qual se encaixava na palavra, e assim por diante, até que ele foi conseguindo entender e fazer aos poucos o exercício com a nossa ajuda.
Outro exemplo que no planejamento foi mais fácil que na prática foi as atividades de duas alunas, a professora titular havia passado que elas estariam no mesmo nível de aprendizagem, porém não foi isso que identificamos no decorrer dos dias, pois uma delas resolvia probleminhas matemáticos com bastante facilidade sem auxílio da professora, já a outra, necessitava de explicação e acompanhamento para realização da mesma atividade, com isso buscamos dificultar os problemas passados para a aluna que tinha facilidade, e minha colega e eu nos revezarmos para sanar as dificuldades encontradas pela que precisava de mais atenção ao longo das atividades.
  Percebe-se que a turma como um todo, dentro do ritmo próprio de cada um, esta acompanhando bem as atividades propostas e as realizando com qualidade.




3.4 Realidade concreta

            O professor tem o grande papel de conduzir os seus alunos ao aprendizado, garantindo um ensino e aprendizagem de qualidade, estabelecendo uma relação de confiança com os alunos.  
          No decorrer do estágio, foi necessário que eu procurasse me interar de alguns conteúdos trabalhados com a minha turma, pois haviam alguns exercícios simples como por exemplo:  A montagem das contas de divisão, que já não lembrava mais algumas regras específicas, ou seja, precisei me apropiar bem do conteúdo para ensinar aos alunos.
           O fato de não lembrar de detalhes a respeito de alguns conteúdos, não interferiu na minha ação docente, pois o que me senti insegura, procurei primeiramente relembrar para poder ensinar com qualidade.
          O trabalho docente requer muito comprometimento e conhecimento do que se pretende propor. Todas as atividades dos planejamentos foram sempre em primeiro lugar, analisadas e resolvidas antes por mim e pela minha colega, para que as dúvidas que surgissem pudessem ser sanadas com tranqüilidade e para que eu pudesse ter certeza das minhas respostas. Por mais que sejam atividades simples, acredito que é nosso dever tentar responder com clareza e exatidão aos nossos alunos. Constantemente estamos aprendendo e precisamos estar sempre abertos a novos desafios.
“Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços de vida com ela: Para aprender, para ensinar, para aprender e ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação.” (Carlos Henrique Brandão)
 Como fala o autor, as nossas vidas estão diariamente misturadas com educação, estamos constantemente aprendendo para também poder ensinar. Acredito que é preciso estar sempre buscando se aperfeiçoar para enriquecer ainda mais o que se quer ensinar, a docência é um grande e constante aprendizado, pois ao planejar, executar, repensar as práticas e aperfeiçoá-las estamos crescendo e aprimorando o nosso trabalho docente.

A experiência que possuo com a Educação Infantil contribuiu de maneira significativa para o meu estágio, desde a prática em sala de aula até a execução do planejamento.
A realização dos planejamentos foi tranqüila pelo fato de já estar acostumada a planejar, e com relação a explicar as atividades também tive facilidade.
Como dito anteriormente, esta necessidade de sentir-se motivados, e a alegria que sentem quando recebem elogios, assemelha-se muito aos alunos da Educação Infantil. Também o fato de precisar de bastante atenção individual e paciência para explicar as tarefas é outro ponto em comum. A questão da afetividade é bem forte também em ambos ensinos.
Acredito que é preciso dar o nosso melhor em tudo o que propomos aos alunos, para que nossas ações reflitam positivamente no processo de ensino-aprendizagem.    
          Segundo Freire (1979), a ação docente é a base de uma boa formação escolar e contribui para a construção de uma sociedade pensante. Entretanto, para que isso seja possível, o docente precisa assumir seu verdadeiro compromisso e encarar o caminho do aprender a ensinar.
            Em primeiro lugar acredito que é preciso muito amor ao que se propõe e com certeza é um grande compromisso. Conforme as palavras do autor é nossa ação docente que irá contribuir não só para a formação escolar, mas para a construção de uma sociedade pensante.

3.5 Organização das propostas  

              Organizar a prática pedagógica é muito importante e fundamental. Os planejamentos da turma foram pensados de modo a oportunizar situações de ensino-aprendizagem bem elaboradas, mas de fácil compreensão ao mesmo tempo; foram realizadas atividades e intervenções pedagógicas adequadas às necessidades e possibilidades de aprendizagem dos alunos.  
                Existem alguns fatores que influenciam na organização e coordenação das propostas na sala a fim de potencializar a aprendizagem dos alunos, como favorecer a construção da autonomia intelectual dos alunos; considerar e atender as diversidades na sala de aula; favorecer a interação e a cooperação; analisar o percurso de aprendizagem e o conhecimento prévio dos alunos; mobilizar a disponibilidade para a aprendizagem; avaliar os resultados obtidos e redirecionar as propostas, se eles não forem satisfatórios.
                  Devido ao estágio ser realizado em dupla, conseguimos atender muito bem os alunos em sala de aula, enquanto uma professora auxiliava um aluno, a outra explicava uma atividade para outro, ou quando uma passava no quadro, a outra ia auxiliando os demais, ou seja, os alunos em nenhum momento ficavam sem nossa ajuda.
                O planejamento prévio do trabalho pedagógico, a intervenção do professor durante as atividades; o estímulo a crença do aluno na sua própria capacidade de aprender e o reconhecimento e a valorização dos seus próprios saberes; assim como a relação de afetividade entre professor-aluno; são pontos importantes e atitudes significativas que interferem positivamente na aprendizagem dos alunos.
                Todos os fatores discorridos acima foram colocados em prática durante o estágio e acredito que trouxeram excelentes resultados.
               Busquei assumir uma posição de mediadora( entre professora e aluno), para que a aprendizagem significativa se efetivasse de fato, neste caso foi necessário  perceber que o aluno é sujeito do conhecimento e não esta ali apenas para receber informações; foi necessário envolver os alunos, tornando as aulas um  momento de interação e aprendizagem.
                Considerando a heterogeneidade da turma, busquei perceber e valorizar as formas com que cada aluno recebia melhor as informações transmitidas, aos poucos fui notando que uma das alunas(idosa) ,por exemplo, por não escutar muito bem, desenvolve muito bem as atividades com mais recursos visuais. Já uma aluna, tem problema de visão, e para ela as atividades de ditado são muito produtivas uma vez que utiliza mais o recurso sonoro( ajudando no processo de formação de palavras).
              Uma questão decisiva para que a aprendizagem ocorra de forma mais eficiente, conforme Santos (2008, p. 42), é observar que todos nós possuímos “três maneiras de processar as informações e fixá-las na memória que são: a visual (aprendizagem pela visão), a auditiva (aprendizagem pela audição) e a sinestésica (aprender interagindo/fazendo/sentindo)”.
               Percebe-se a importância de observar e respeitar as singularidades de cada um, escolhendo sempre as melhores maneiras de lidar com o aluno, traçando estratégias para ajudá-los de acordo com suas particularidades, para que venha refletir de maneira positiva na aprendizagem dos mesmos.

3.6 Rede de Apoio
    
A escola possui uma equipe muito unida e comprometida. A vice- diretora da noite é muito elogiada por todos, sempre procura ouvir as diferentes opiniões e na medida do possível envolver o grupo nas decisões e ações relacionadas ao trabalho.
Eu e minha colega, recebemos todo o apoio necessário, a vice-diretora e supervisora deixaram clara sua preocupação em nos ajudar sempre que precisássemos, tanto em recursos, (algum material pedagógico), como o uso do xerox... Enfim, também se disponibilizaram para o esclarecimento de dúvidas a respeito de qualquer situação em sala de aula ou fora dela.
 A professora titular também ficou a nossa disposição para o que precisássemos, assim como os outros professores disponíveis na escola.
A equipe em si, foi muito receptiva e prestativa. Sentimos-nos muito á vontade e seguras, pois contávamos com o apoio de diversas pessoas.
A escola é bem organizada e conta com profissionais muito competentes, qualificados e amigos. Tais fatos me  deixaram muito tranqüila e feliz.
Gostaria de trazer uma questão muito interessante que a vice-diretora, nos falou a respeito de que para ela “todos( alunos, professores são sujeitos) e que ela luta sempre por uma equipe cada vez mais inovadora, que todos surpreendam sempre, para que a motivação dos alunos aflore cada dia mais) “.
Trago esta fala, pois considero muito interessante esta preocupação por parte dela, o que nos faz refletir sobre esta questão.
Para Andreola (1999, p. 77) Numa educação dialógica, o papel do professor como educador não é minimizado. Pelo contrário, os/as professores/professoras aceitam um desafio muito maior e assumem uma tarefa muito mais relevante, decisiva do que serem meros repassadores de conteúdos prontos. Eles são os responsáveis primeiros e os animadores de um processo crítico e inovador, onde o conhecimento é continuamente criado ou recriado (mesmo conhecimento como patrimônio já acumulado), numa dinâmica marcada por uma interação rica e fecunda, onde todos, professores e alunos são sujeitos.
             Esta citação remete muito bem o que foi dito pela diretora. Nos faz refletir sobre nossas práticas e a importância de assumir uma postura inovadora.



























4. Conclusão

Pelo exposto, percebe-se que a EJA é uma etapa de ensino que possibilita que jovens e adultos possam recomeçar ou ingressar em seus estudos, e que o objetivo de aprender os leva a seguir nesta jornada tão importante para eles.
        A docência é um grande compromisso e por isso precisamos fazer com que os alunos sintam-se valorizados e motivados. É importante respeitar o tempo e ritmo de aprendizado de cada um, adequando os planejamentos as suas necessidades.
         Dispor de tempo e atenção para prestar o auxilio a estes alunos sempre que preciso, reformulando as atividades para atender suas necessidades específicas no momento em que for necessário.
         Respeitar as singularidades de cada um e escolher as melhores maneiras de ajudá-los a enfrentar problemas e desafios.
       O planejamento deve ser pautado na realidade da turma e uma forma de conhecer a mesma é através da observação contínua, para que ocorra a aprendizagem é necessário que o planejamento seja flexível, e desperte o interesse dos alunos. O professor deve sempre revisar seu planejamento para repensar se preciso sobre suas práticas.
Para mim o estágio foi uma experiência maravilhosa, ampliou minha visão sobre muitos dos fatores discorridos acima e me permitiu crescer ainda mais como pessoa e professora.





VASCONCELLOS, Celso do S.Metodologia Dialética em Sala de Aula. In: Revista de Educação AEC. Brasília: abril de 1992(n. 83)

BRANDÃO, Carlos R. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 2004.
 FREIRE, Paulo, Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática
 educativa. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra, 1996.

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