UNIVERSIDADE FEDERAL DE
PELOTAS
UNIVERSIDADE ABERTA DO
BRASIL
CENTRO DE EDUCAÇÃO
ABERTA E A DISTÂNCIA
LICENCIATURA EM
PEDAGOGIA – EaD
Relatório de Estágio
Educação de Jovens e Adultos
(EJA)
Richtiele
Bueno
Esteio,
2014
Richtiele Bueno
Educação de Jovens e Adultos
(EJA)
|
Supervisor
do Estágio CLPD: Lilian Lorenzato
Supervisor
do Estágio Escola: Janete Danus chaves
Esteio, 2014
Equipe docente responsável:
Professores a distância: Emília Cristina
Teixeira; Lilian Rodrigues Corrêa.
Professores presenciais: Joelma Guimarães; Marta
Rejane da Luz Fernandes.
Professor Formador: Eliane Weber Rodrigues.
1. Resumo
O seguinte relatório
versará sobre algumas questões importantes como: As demandas de trabalho;
Matriz Curricular e PPP; Aprendizagem dos alunos; Realidade concreta;
Organização das propostas e Rede de apoio. Todos estes dados visam refletir,
organizar e elucidar aspectos vivenciados durante a observação e prática
docente no estágio obrigatório de Educação de Jovens e Adultos (EJA). A
realização do estágio ocorre em uma Escola Municipal de Ensino Fundamental ,
situada no município de Sapucaia, com uma turma de Educação de Jovens e Adultos
(EJA), etapas I, II e III ( Etapas iniciais); sendo o estágio realizado no
turno da noite.
Palavras-chave: educação de jovens e adultos,
aprendizagem, demandas, motivação, realidade, matriz curricular, PPP.
Sumário
Apresentação
Neste trabalho, são
apresentados seis itens: Demandas de trabalho; Matriz Curricular e PPP; Aprendizagem
dos alunos; Realidade concreta; Organização das propostas e Rede de apoio.
No
item demandas de trabalho, constará quais as demandas com a turma como um todo
e com a heterogeneidade, considerando as necessidades individuais dos alunos, a
partir do conhecimento e acompanhamento da aprendizagem da turma. Também será destacado quais ações foram
necessárias a fim de garantir a aprendizagem de todos considerando tais
demandas. Como o planejamento considerou as mesmas, evidenciando exemplos de
atividades presentes nestes planos.
A partir das situações de
aprendizagem e não aprendizagem, o seguinte relatório apontará qual o meu papel
diante da Matriz curricular e do PPP da escola, ou seja, como estes foram
relacionados com as situações.
Após será retratado como percebi e
agi a partir das evidências de aprendizagem e não aprendizagem dos alunos,
expondo minha opinião a partir do que foi vivenciado na prática docente.
Com relação à realidade concreta,
será exposto como meu conhecimento interferiu na minha ação e na própria
aprendizagem dos alunos.
Sobre a organização das
propostas, será apontado como a coordenação das mesmas potencializaram a
aprendizagem dos alunos em sala de aula e como as escolhas feitas interferem na
aprendizagem dos mesmos.
Versará também sobre a
rede de apoio, destacando o auxílio dos profissionais da equipe docente que
foram de grande importância e auxílio durante a minha prática.
Os dados presentes nesse trabalho
foram obtidos através da minha prática docente, das experiências vividas em
sala de aula e da reflexão sobre as mesmas, além da busca de autores dissertando
sobre os assuntos tratados.
Desenvolvimento
Desenvolvimento
3.1 Demandas de trabalho
O estágio está sendo
realizado com uma turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA), etapas I, II e
III. Nesta etapa de ensino lidamos com diversas realidades, mas a maioria
possui um único e grande objetivo: “Aprender”. Alguns que já foram à escola e
desistiram por seus motivos particulares e agora querem retomar, alguns que
nunca foram à escola e querem ingressar e aprender... Alguns com facilidade,
outros com algumas dificuldades. Mas todos muito motivados e comprometidos.
Através dos diálogos foi possível aos poucos conhecer a história de vida de
cada um e estabelecer com a turma uma relação de amizade e de confiança para
ensinar, aprender e todos juntos construir conhecimento.
No decorrer do
estágio, percebo o quanto é importante para a turma como um todo receber
elogios, sentir que estão progredindo em suas tarefas, pequenas ações, mas que
para eles diz muito... Noto que quando são elogiados sentem-se muito felizes e
entusiasmados.
Percebo então que uma grande necessidade da
turma é sentir-se valorizada, que precisam mais do que o conhecimento, estão
precisando em primeiro lugar de motivação. Cheguei à conclusão de que a melhor
motivação para eles vem de palavras simples como: “Muito bem!”; “Você conseguiu”;
“Parabéns!”... Este tratamento carinhoso e especial, traz aos alunos a
auto-confiança que estão precisando, eles sentem-se mais felizes.
"O
ato criador prova natural estado de satisfação ? decorrente do poder de
criar..., e essa alegria gera valores mais importantes que mobilizam
sentimentos de auto confiança nos alunos e os leva a sentir e descobrir outros
valores fundamentais a vida."( Ministério da Educação,1997,p.49).
Através desta citação é possível
destacar o quanto é importante valorizar os alunos, o que conseguem fazer, suas experiências...
Oferecendo condições para que os mesmos construam, ampliem e atualizem seus
conhecimentos.
A turma esta em ritmos diferentes de aprendizado,
com base nisso, foi necessário elaborar diferentes planejamentos, de acordo com
as necessidades específicas de cada um. Nos planos de aula, foi dado seguimento
as atividades que a professora titular costuma passar para eles, conforme
solicitado por ela foi elaborado várias atividades de folha e também para
passar no quadro para alguns alunos.
Esta sendo possível perceber que o
atendimento individual a estes alunos se torna indispensável, uma vez que
precisavam de ajuda e explicação na maioria das vezes para a realização das
atividades propostas.
Ações importantes como: Sentar ao
lado do aluno e dispor do tempo que for necessário para que o mesmo compreenda
o que é solicitado na tarefa, bem como ajudar no desenvolvimento da mesma, são
fundamentais e muito significativas para que estes apresentem bons resultados
na realização das atividades propostas; propor o reconhecimento das letras e
famílias silábicas no quadro em voz alta para o grande grupo contribui muito
também, pois atrai bastante a atenção deles e conseguem entender melhor; as
leituras em voz alta (para os que já estão nesta etapa), é importante para
treinar a dicção e desenvolver a leitura, assim como os textos para copiar no
caderno de caneta ajudam muito a melhorar a caligrafia (das alunas que
precisam).
Os planejamentos se adequaram ao
nível de aprendizado de cada um, respeitando o seu tempo e ritmo de
aprendizagem.
De acordo com o texto
"Metodologia Dialética em Sala de Aula", fala a respeito de que a
metodologia dialética, é compreendida como uma metodologia que o conhecimento
não é “depositado”, ou “transferido” pelo outro, conforme a concepção
tradicional, nem é inventado pelo sujeito, conforme concepção espontaneísta,
mas sim que o conhecimento é construído pelo sujeito na sua relação com os
outros e com o mundo.
Entende-se que o aluno
precisa se apropriar do conhecimento, e para que isso ocorra é necessário que o
mesmo possa trabalhar, refletir, reformular sempre que necessário os conteúdos
apresentados pelo professor. Um exemplo pode ser dado através de uma aluna da
turma, que inicialmente desconhecíamos que ela sabia as letras do alfabeto, mas
este conhecimento se dá de forma decorada, ela apenas memorizou o que nos levou
a propor atividades que a instigasse mais, que ela pudesse fazer este
reconhecimento encaixando com a letra inicial de algumas palavras, fazendo um
exercício extra sentada ao lado dela: “A (de amor), D(de dado)...
aleatoriamente, e assim ela já estava conseguindo fazer atividade de ligar as
gravuras à letra inicial correspondente, o que não conseguia, pois havia
somente decorado o alfabeto; dessa maneira ela está aos poucos realmente se
apropriando do conhecimento e não só memorizando.
Durante a realização do
estágio, percebo que realmente os alunos precisam sentir-se “mobilizados” para
o conhecimento, e que não posso apenas apresentar os conteúdos a eles e sim
despertá-los para a atividade, explicando e sentando muitas vezes ao lado para ajudá-los
na realização das atividades, acompanhando de perto o interesse e o
desenvolvimento das mesmas, importante destacar também que eles gostam de
conversar entre eles sobre as atividades e trocar informações, considerando uma
ação muito significativa e aliada na construção do conhecimento.
No texto “Metodologia Dialética
em Sala de Aula”, fala a respeito de que é necessário que o aluno dirija sua
atenção, seu fazer, seu pensar sobre o objeto de conhecimento.
...
situação orientadora inicial: é a criação de uma situação motivadora,
aguçamento da curiosidade, colocação clara do assunto, ligação com o
conhecimento e a experiência que o aluno traz, proposição de um roteiro de
trabalho, formulação de perguntas instigadoras.”
A citação nos remete bem o que foi discorrido
acima e o que ocorre em meu estágio, onde os alunos precisam se sensibilizar
para o conhecimento, quando percebem que estão conseguindo, estão avançando em
determinada atividade e vêem o nosso reconhecimento, ficam com “sede de
aprender” e querem mais e mais atividades.
O conhecimento da realidade dos
mesmos foi de extrema importância, uma vez que nos permitiu conhecer suas
necessidades individuais, não só a respeito dos conteúdos, mas também o tempo
de cada um, se precisava de mais auxilio ou não, quais suas potencialidades e
fragilidades, todos estes fatores contribuíram muito para a elaboração e
execução do planejamento.
“O primeiro passo, portanto, do educador,
enquanto articulador do processo de ensino-aprendizagem deverá ser no sentido
de conhecer sua realidade, ou seja,
conhecer a realidade com a qual vai trabalhar. Para isto, inicialmente o
professor tem que aprender com seus alunos.” (Metodologia Dialética em Sala de
Aula, Carlos dos S. Vasconcellos, p. 5)
A parte da observação foi muito
importante também, pois foi possível conhecer quem eram os alunos, suas idades
(Entre 29 e 88 anos), entender bem em que etapa de aprendizado os mesmos se
encontravam, como realizavam as atividades e como manifestavam interesse pelas
mesmas, quem são os mais assíduos, como a professora costuma trabalhar com
eles, suas necessidades, interesses, experiências e expectativas. Como traz a
citação, conhecer a realidade dos alunos é um passo muito importante e não pode
ser descartado.
“Uma
educação significativa deve partir das condições concretas de existência e para
isto, o educador, enquanto articulador e coordenador do processo precisa ter um
bom conhecimento da realidade com a qual vai trabalhar: alunos, escola,
comunidade, sociedade, assim como a ciência que vai ministrar. Não se trata de
conhecer a "vida íntima" de cada aluno, membro da comunidade, etc.,
mas de apreender suas principais características, seus determinantes.” (
Metodologia Dialética em Sala de Aula, Celso dos S. Vasconcellos, p. 6)
Como
traz a citação é importante que se conheça a realidade com a qual se vai trabalhar,
é a partir disso que se pode elaborar um bom planejamento que atenda as
necessidades dos alunos, e traçar as melhores maneiras de ajudá-los sempre que
necessário.
3.2 PPP e Matriz Curricular
A
EJA tem por finalidade atender àqueles que não tiveram acesso ou continuidade
de estudos no Ensino Fundamental na idade própria, possibilitando o
desenvolvimento do potencial dos educandos.
No
PPP da escola consta que o objetivo
primeiro da EJA é o de resgatar e suprir a escolaridade do jovem e do adulto no
Ensino Fundamental que foi interrompida durante anos, visando reparar e
propiciar a esta classe de educandos uma educação acelerada, voltada para suas
necessidades imediatas.
A escola incentiva
muito os alunos da EJA e se esforça para propocionar um ensino de qualidade e
momentos prazerosos como (gincanas, feiras, eventos) para que os alunos se
sintam motivados, mas enfrentam alguns desafios, que é a luta pela permanência
dos alunos na escola (faltas, evasão).
Percebe-se realmente
que este é um problema existente na escola, na minha turma, os alunos não
costumam faltar com freqüência, a não ser um dos alunos que falta bastante, mas
preocupa-se em tentar acompanhar as atividades, algumas vezes sua esposa vem e
busca as atividades para ele.
Como já falado
anteriormente, a questão da motivação influencia muito neste aspecto, como
consta no PPP da escola é necessário que seja feito o possível para que o aluno
permaneça na escola, e acredito que o educador tem bastante responsabilidade
com relação a este fato, pois uma aula atrativa e a atenção do professor para
com este aluno colabora muito para que o mesmo queira vir a aula.
Considero
importante destacar a questão da afetividade, pois durante o estágio os alunos
nos demonstraram muito carinho, o que nos deixou muito feliz.
Deixou-me bem emocionada alguns depoimentos; uma aluna nos disse que estava com
saudades da professora titular, mas gostaria que ficássemos também e que vai
sentir nossa falta; uma outra aluna disse que tinha vindo bem feliz porque era nós que estáriamos dando aula.
Foi muito importante para mim este
acontecimento, me deixou muito emocionada e com uma sensação de missão
cumprida. Ouvir palavras tão carinhosas, com relação ao meu trabalho, com
certeza não tem preço.
Inês Maria Gómez-Chacón em seu artigo nos faz refletir quando,
”Destaca a importância
dada à questão sempre presente dos afetos, que atualmente é assumida e aceita por professores cada
vez mais dispostos a reconhecer neles elementos de indiscutível valor e interesse no acompanhamento e
na avaliação do
processo ensino/aprendizagem.
(2004: 52).”
Diante desta
reflexão, podemos perceber o quanto o afeto precisa estar presente e que o
mesmo favorece a formação e solidificação de atitudes benéficas a aprendizagem.
No PPP consta que é necessário
aumentar a auto-estima, fortalecer a confiança na sua
capacidade de aprendizagem, valorizar a educação como meio de desenvolvimento
pessoal e social.
Estabelecendo uma
relação com o que esta sendo vivenciado na escola e turma parceira, e as
necessidades apontadas no PPP, tentei fazer o possível para que os alunos
pudessem se sentir bem, entusiasmados e com
vontade de estar na escola.
Procurei fazê-los
participantes ativos na construção de conhecimentos, considerando seus
conhecimentos prévios, atendendo a todas as dúvidas, e auxiliando sempre que
necessário.
Na Matriz Curricular da escola consta que os
conteúdos curriculares, contidos nos planejamentos das disciplinas são pautados
nas Diretrizes Nacionais do Ensino Fundamental e na Matriz Curricular do
Município.
É um conjunto básico de saberes, compreendidos
como fundamentais para que, ao serem repassados aos alunos, possam auxiliá-los
na construção de seus conhecimentos. Quanto mais os alunos têm clareza dos
conteúdos e do grau de expectativa da aprendizagem que se espera, mais terão
condições de desenvolver, com a ajuda do professor, estratégias pessoais e
recursos para vencer dificuldades.
Os conteúdos são
Língua portuguesa, Matemática, Estudos da Sociedade e Natureza, Artes e
Educação física (Etapas iniciais), correspondente a minha turma de estágio.
Porém conforme orientações da professora foi trabalhado apenas os conteúdos de
Português e Matemática, e uma
atividade que englobou os conteúdos de história e geografia.
Em língua portuguesa
foi trabalhado os seguintes conteúdos: Alfabeto, Ordem alfabética, Vogais e
Consoantes, Sílabas, Ortografia, Leitura e interpretação textual.
Em matemática
trabalhamos: Sistema de numeração decimal, algarismos, numerais cardinais:
leitura e escrita , sistema monetário, adição e subtração, ordem crescente e
decrescente, sucessor e antecessor, números pares e ímpares.
Procurei estabelecer
uma relação com os objetivos apresentados na Matriz curricular e com a
aplicação dos conteúdos, como por exemplo, em língua portuguesa: Promover a
construção da alfabetização do educando através de práticas de oralidade e
escrita, partindo da leitura do mundo que o cerca. Em matemática oportunizar ao
educando o desenvolvimento do raciocínio lógico, explorando material concreto
(tampinhas de garrafa, para ajudar na contagem), bem como suas vivências, elaborando
hipóteses e descobrindo meios para a resolução de problemas.
Entendo que as
situações em sala de aula, me fizeram perceber que os conteúdos presentes na
Matriz Curricular, quando transmitidos em uma tarefa, devem permitir o diálogo
do educando com as questões apresentadas, que ele possa compreender o que é
solicitado e que a atividade permita que o mesmo possa desenvolver suas
competências e habilidades e assim como sujeito ativo da sua aprendizagem possa
realmente apropriar-se do conteúdo e construir conhecimento.
3.3 Aprendizagem dos alunos
Para que a
aprendizagem ocorra é necessário que o planejamento possua boas estratégias;
tenha flexibilidade, recursos para fazer com que o aluno queira aprender, para
que se sinta entusiasmado. Ser paciente
e compreensivo com o aluno; mostrar-se aberto e afetivo com o mesmo, ter
comprometimento, organização e adequação.
“O planejamento é uma
tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos
da sua organização e coordenação em face de objetivos propostos, quanto a sua
revisão e adequação no decorrer do processo de ensino” (LIBÂNEO, 1993, p 221)
É importante que o
professor revise as atividades planejadas, pensando se estas estão de acordo
com as necessidades da turma, repensando suas práticas, se necessário. É através
da observação contínua deste processo de construção do conhecimento, que é
possível analisar e perceber as evidências de aprendizagem e não aprendizagem;
traçando assim estratégias para sanar quaisquer dificuldades que surgirem.
Algumas vezes, os alunos queriam conversar,
desabafar a respeito de algum problema familiar, por exemplo, e nós tínhamos
que estar dispostas a ouvir, falar uma palavra amiga; e por tal motivo, não
tinham aquela mesma disponibilidade para a realização das atividades, o que nos
levava a adaptar as atividades para aquela noite, de acordo com a situação do
aluno e de preferência atividades mais simples.
Cada aluno tem seu tempo, seu ritmo de
aprendizagem; ao longo do estágio este fator influenciou de certa maneira em
nossos planejamentos. Para um mesmo dia
de aula, para alguns alunos tínhamos que ter maior número de atividades do que
para outros, dessa maneira foi necessário adequar as necessidades de
aprendizado dos alunos.
Para uma das alunas passamos uma atividade de
completar as palavras e ela fez muito bem, sem maiores dificuldades; mas um dos
alunos já precisou de uma atenção maior, e então pensamos em uma outra maneira
que o ajudasse a entender melhor a atividade proposta, foi então que passamos
as famílias silábicas no quadro e junto com ele fomos lendo-as e vendo qual se
encaixava na palavra, e assim por diante, até que ele foi conseguindo entender
e fazer aos poucos o exercício com a nossa ajuda.
Outro
exemplo que no planejamento foi mais fácil que na prática foi as atividades de
duas alunas, a professora titular havia passado que elas estariam no mesmo
nível de aprendizagem, porém não foi isso que identificamos no decorrer dos
dias, pois uma delas resolvia probleminhas matemáticos com bastante facilidade
sem auxílio da professora, já a outra, necessitava de explicação e
acompanhamento para realização da mesma atividade, com isso buscamos dificultar
os problemas passados para a aluna que tinha facilidade, e minha colega e eu
nos revezarmos para sanar as dificuldades encontradas pela que precisava de
mais atenção ao longo das atividades.
Percebe-se que a turma como um todo, dentro
do ritmo próprio de cada um, esta acompanhando bem as atividades propostas e as
realizando com qualidade.
3.4
Realidade concreta
O
professor tem o grande papel de conduzir os seus alunos ao aprendizado,
garantindo um ensino e aprendizagem de qualidade, estabelecendo uma relação de
confiança com os alunos.
No decorrer do estágio, foi necessário que eu
procurasse me interar de alguns conteúdos trabalhados com a minha turma, pois
haviam alguns exercícios simples como por exemplo: A montagem das contas de divisão, que já não
lembrava mais algumas regras específicas, ou seja, precisei me apropiar bem do
conteúdo para ensinar aos alunos.
O fato de não lembrar de detalhes a
respeito de alguns conteúdos, não interferiu na minha ação docente, pois o que
me senti insegura, procurei primeiramente relembrar para poder ensinar com
qualidade.
O
trabalho docente requer muito comprometimento e conhecimento do que se pretende
propor. Todas as atividades dos planejamentos foram sempre em primeiro lugar,
analisadas e resolvidas antes por mim e pela minha colega, para que as dúvidas
que surgissem pudessem ser sanadas com tranqüilidade e para que eu pudesse ter
certeza das minhas respostas. Por mais que sejam atividades simples, acredito
que é nosso dever tentar responder com clareza e exatidão aos nossos alunos.
Constantemente estamos aprendendo e precisamos estar sempre abertos a novos
desafios.
“Ninguém escapa da
educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos,
todos nós envolvemos pedaços de vida com ela: Para aprender, para ensinar, para
aprender e ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os
dias misturamos a vida com a educação.” (Carlos Henrique Brandão)
Como fala o autor, as nossas vidas estão
diariamente misturadas com educação, estamos constantemente aprendendo para
também poder ensinar. Acredito que é preciso estar sempre buscando se
aperfeiçoar para enriquecer ainda mais o que se quer ensinar, a
docência é um grande e constante aprendizado, pois ao planejar, executar,
repensar as práticas e aperfeiçoá-las estamos crescendo e aprimorando o nosso
trabalho docente.
A experiência que
possuo com a Educação Infantil contribuiu de maneira significativa para o meu
estágio, desde a prática em sala de aula até a execução do planejamento.
A realização dos
planejamentos foi tranqüila pelo fato de já estar acostumada a planejar, e com
relação a explicar as atividades também tive facilidade.
Como dito
anteriormente, esta necessidade de sentir-se motivados, e a alegria que sentem
quando recebem elogios, assemelha-se muito aos alunos da Educação Infantil.
Também o fato de precisar de bastante atenção individual e paciência para
explicar as tarefas é outro ponto em comum. A questão da afetividade é bem
forte também em ambos ensinos.
Acredito que é
preciso dar o nosso melhor em tudo o que propomos aos alunos, para que nossas
ações reflitam positivamente no processo de ensino-aprendizagem.
Segundo Freire (1979), a ação docente é a base de uma boa formação
escolar e contribui para a construção de uma sociedade pensante. Entretanto,
para que isso seja possível, o docente precisa assumir seu verdadeiro
compromisso e encarar o caminho do aprender a ensinar.
Em primeiro lugar acredito que é
preciso muito amor ao que se propõe e com certeza é um grande compromisso.
Conforme as palavras do autor é nossa ação docente que irá contribuir não só
para a formação escolar, mas para a construção de uma sociedade pensante.
3.5 Organização das propostas
Organizar a prática pedagógica é
muito importante e fundamental. Os planejamentos da turma foram pensados de
modo a oportunizar situações de ensino-aprendizagem bem elaboradas, mas de
fácil compreensão ao mesmo tempo; foram realizadas atividades e intervenções
pedagógicas adequadas às necessidades e possibilidades de aprendizagem dos
alunos.
Existem alguns fatores que
influenciam na organização e coordenação das propostas na sala a fim de
potencializar a aprendizagem dos alunos, como favorecer a construção da
autonomia intelectual dos alunos; considerar e atender as diversidades na sala
de aula; favorecer a interação e a cooperação; analisar o percurso de
aprendizagem e o conhecimento prévio dos alunos; mobilizar a disponibilidade
para a aprendizagem; avaliar os resultados obtidos e redirecionar as propostas,
se eles não forem satisfatórios.
Devido ao estágio ser
realizado em dupla, conseguimos atender muito bem os alunos em sala de aula,
enquanto uma professora auxiliava um aluno, a outra explicava uma atividade
para outro, ou quando uma passava no quadro, a outra ia auxiliando os demais,
ou seja, os alunos em nenhum momento ficavam sem nossa ajuda.
O planejamento prévio do
trabalho pedagógico, a intervenção do professor durante as atividades; o
estímulo a crença do aluno na sua própria capacidade de aprender e o
reconhecimento e a valorização dos seus próprios saberes; assim como a relação
de afetividade entre professor-aluno; são pontos importantes e atitudes
significativas que interferem positivamente na aprendizagem dos alunos.
Todos os fatores discorridos
acima foram colocados em prática durante o estágio e acredito que trouxeram
excelentes resultados.
Busquei assumir uma posição de
mediadora( entre professora e aluno), para que a aprendizagem significativa se
efetivasse de fato, neste caso foi necessário
perceber que o aluno é sujeito do conhecimento e não esta ali apenas
para receber informações; foi necessário envolver os alunos, tornando as aulas
um momento de interação e aprendizagem.
Considerando a heterogeneidade
da turma, busquei perceber e valorizar as formas com que cada aluno recebia
melhor as informações transmitidas, aos poucos fui notando que uma das
alunas(idosa) ,por exemplo, por não escutar muito bem, desenvolve muito bem as
atividades com mais recursos visuais. Já uma aluna, tem problema de visão, e
para ela as atividades de ditado são muito produtivas uma vez que utiliza mais
o recurso sonoro( ajudando no processo de formação de palavras).
Uma questão decisiva para que a
aprendizagem ocorra de forma mais eficiente, conforme Santos (2008, p. 42), é
observar que todos nós possuímos “três maneiras de processar as informações e fixá-las
na memória que são: a visual (aprendizagem pela visão), a auditiva (aprendizagem
pela audição) e a sinestésica (aprender interagindo/fazendo/sentindo)”.
Percebe-se a importância de
observar e respeitar as singularidades de cada um, escolhendo sempre as
melhores maneiras de lidar com o aluno, traçando estratégias para ajudá-los de
acordo com suas particularidades, para que venha refletir de maneira positiva
na aprendizagem dos mesmos.
3.6 Rede de Apoio
A escola possui uma
equipe muito unida e comprometida. A vice- diretora da noite é muito elogiada
por todos, sempre procura ouvir as diferentes opiniões e na medida do possível
envolver o grupo nas decisões e ações relacionadas ao trabalho.
Eu e minha colega,
recebemos todo o apoio necessário, a vice-diretora e supervisora deixaram clara
sua preocupação em nos ajudar sempre que precisássemos, tanto em recursos,
(algum material pedagógico), como o uso do xerox... Enfim, também se
disponibilizaram para o esclarecimento de dúvidas a respeito de qualquer
situação em sala de aula ou fora dela.
A professora titular também ficou a nossa
disposição para o que precisássemos, assim como os outros professores
disponíveis na escola.
A equipe em si, foi
muito receptiva e prestativa. Sentimos-nos muito á vontade e seguras, pois contávamos
com o apoio de diversas pessoas.
A escola é bem
organizada e conta com profissionais muito competentes, qualificados e amigos.
Tais fatos me deixaram muito tranqüila e
feliz.
Gostaria de trazer
uma questão muito interessante que a vice-diretora, nos falou a respeito de que
para ela “todos( alunos, professores são sujeitos) e que ela luta sempre por
uma equipe cada vez mais inovadora, que todos surpreendam sempre, para que a
motivação dos alunos aflore cada dia mais) “.
Trago esta fala, pois
considero muito interessante esta preocupação por parte dela, o que nos faz
refletir sobre esta questão.
Para
Andreola (1999, p. 77) Numa educação dialógica, o papel do professor como
educador não é minimizado. Pelo contrário, os/as professores/professoras aceitam
um desafio muito maior e assumem uma tarefa muito mais relevante, decisiva do
que serem meros repassadores de conteúdos prontos. Eles são os responsáveis
primeiros e os animadores de um processo crítico e inovador, onde o
conhecimento é continuamente criado ou recriado (mesmo conhecimento como
patrimônio já acumulado), numa dinâmica marcada por uma interação rica e
fecunda, onde todos, professores e alunos são sujeitos.
Esta citação remete muito bem o
que foi dito pela diretora. Nos faz refletir sobre nossas práticas e a
importância de assumir uma postura inovadora.
4. Conclusão
Pelo exposto, percebe-se
que a EJA é uma etapa de ensino que possibilita que jovens e adultos possam
recomeçar ou ingressar em seus estudos, e que o objetivo de aprender os leva a
seguir nesta jornada tão importante para eles.
A docência é um grande compromisso e por isso precisamos fazer com que os
alunos sintam-se valorizados e motivados. É importante respeitar o tempo e
ritmo de aprendizado de cada um, adequando os planejamentos as suas
necessidades.
Dispor de tempo e atenção para prestar o auxilio a estes alunos sempre
que preciso, reformulando as atividades para atender suas necessidades
específicas no momento em que for necessário.
Respeitar as singularidades de cada um e escolher as melhores maneiras
de ajudá-los a enfrentar problemas e desafios.
O planejamento deve ser pautado na realidade da turma e uma forma de
conhecer a mesma é através da observação contínua, para que ocorra a
aprendizagem é necessário que o planejamento seja flexível, e desperte o
interesse dos alunos. O professor deve sempre revisar seu planejamento para
repensar se preciso sobre suas práticas.
Para mim o estágio
foi uma experiência maravilhosa, ampliou minha visão sobre muitos dos fatores
discorridos acima e me permitiu crescer ainda mais como pessoa e professora.
VASCONCELLOS, Celso do S.Metodologia
Dialética em Sala de Aula. In: Revista de Educação AEC. Brasília: abril de
1992(n. 83)
BRANDÃO, Carlos R. O que é educação. São Paulo:
Brasiliense, 2004.
FREIRE, Paulo,
Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática
educativa. Rio de
Janeiro: Ed. Paz e Terra, 1996.
WWW.webarttigos.com.br
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