Resenha do livro: A Língua de Eulália
1-Identificação
da Obra
Bagno, Marcos.
A Língua de Eulália: novela sociolingüística / Marcos Bagno, 15. Ed. –
São Paulo: Contexto, 2006.
2-Apresentação
da Obra
No livro o autor busca derrubar o preconceito
lingüístico na alfabetização. Mostra que a própria escola não reconhece que a
norma padrão culta é apenas uma das muitas variedades possíveis no uso do
português, tratando muitas vezes os alunos como “deficientes lingüísticos”.
Através de diversos exemplos demonstrados, vimos que
não existe uma só língua, mas diversas línguas ainda faladas em diversos pontos
do país pelos sobreviventes das antigas nações indígenas.
3-Descrição
da estrutura
O livro possui 215 páginas, sendo dividido em 22
capítulos. Os encontros fluem na forma de diálogos deliciosamente informativos,
mas com a seriedade que a obra merece ser tratada.
Cap. 1: A chegada
Cap. 2: Quem ri do que?
Cap. 3: Que língua é essa?
Cap. 4: Um probrema sem a menor graça
Cap. 5: Uma língua enxuta
Cap. 6: Liberdade, fraternidade, igualdade
Cap. 7: Verbo, pra que te quero?
Cap. 8: E agora, com vocês, a Assimilação!
Cap. 9: Sodade, meu bem, sodade
Cap. 10: Beijo rima com desejo
Cap. 11: Música, maestro!
Cap. 12: Que coisa mais esdrúxula!
Cap. 13: Quem era o home que eu vi onte na garage?
Cap. 14: Quem não se alembra de Camões?
Cap. 15: Aceita-se roupas novas!
Cap. 16: A bruxa está solta!
Cap. 17: A fôrma, a norma e o funil
Cap. 18: Índio, sim, com muito orgulho
Cap. 19: Pondo a mão na massa
Cap. 20: A primeira semente
Cap. 21: A partida
Cap. 22: Mais duas palavrinhas e sugestões de leitura
4-Descrição
do conteúdo
O autor reúne então n’A LÍNGUA DE EULÁLIA as
universitárias Vera (estudante de letras e sobrinha de Irene, a professora
aposentada e patroa de Eulália), Sílvia (estudante de psicologia) e a esperta Emília (
estudante de Pedagogia).
As três professoras do curso primário vão passar as
férias na chácara da professora Irene, transformando suas férias num tipo de
reciclagem de conhecimentos lingüísticos.
O português-padrão é falado pelas pessoas que detêm o
poder e estão nas classes sociais mais privilegiadas, que nós sabemos que são
uma pequena minoria da população do Brasil, e que o português não-padrão é a
língua da grande maioria pobre e dos analfabetos do nosso povo. Conseqüentemente,
a língua das crianças pobres e carentes que freqüentam as escolas públicas.
A criança que chega à escola falando o português
não-padrão é considerada uma “deficiente” lingüística, quando na verdade
ela simplesmente fala uma língua diferente daquela que é
ensinada na escola.
Essa atitude gera no aluno pobre um sentimento de
rejeição muito grande, levando-o a considerar-se incapaz de aprender qualquer
coisa. Por outro lado, cria no professor a sensação de estar ensinando a alguém
que nunca terá condições de aprender. O aluno com isso fica desestimulado a
aprender, e o professor, desestimulado a ensinar.
A transformação do modo de encarar as variedades
não-padrão tem de ser feita em todos os campos da educação, sendo uma tarefa de
todos e não apenas dos professores de língua portuguesa.
Se todos compreendêssemos que
o PNP é uma
língua como qualquer outra, com regras coerentes, talvez fosse possível
abandonar os preconceitos que vigoram hoje em dia no nosso ensino de língua.
Fazemos esforço em compreender e aceitar o outro, vamos fazer o mesmo com a
aceitação de uma língua diferente da nossa. Vamos tentar ser humildes e tentar
ver o quanto os falantes do português não-padrão têm a nos ensinar sobre nós
mesmos.
As semelhanças entre as variedades do português do
Brasil são muito maiores do que as diferenças. Apesar de termos a nona maior
economia do mundo, também temos um dos piores sistemas educacionais do planeta,
incompatível com o desenvolvimento tecnológico e industrial do país. A língua
padrão é a língua do patrão. O PNP não é “pobre”, “carente”, nem “errado”.
Pobres e carentes são, sim, aqueles que
o falam, e errada é a situação de injustiça social em que vivem.
Zeni S. Knevitz
“Acadêmica do Curso de Pedagogia- EAD da Universidade Federal de Pelotas (UFPel)”.
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