terça-feira, 28 de outubro de 2014

Resenha do livro: A Língua de Eulália

Resenha do livro: A Língua de Eulália

1-Identificação da Obra

Bagno, Marcos.                                                                                                                        A Língua de Eulália: novela sociolingüística / Marcos Bagno, 15. Ed. – São Paulo: Contexto, 2006.

2-Apresentação da Obra
No livro o autor busca derrubar o preconceito lingüístico na alfabetização. Mostra que a própria escola não reconhece que a norma padrão culta é apenas uma das muitas variedades possíveis no uso do português, tratando muitas vezes os alunos como “deficientes lingüísticos”.
Através de diversos exemplos demonstrados, vimos que não existe uma só língua, mas diversas línguas ainda faladas em diversos pontos do país pelos sobreviventes das antigas nações indígenas.

3-Descrição da estrutura

O livro possui 215 páginas, sendo dividido em 22 capítulos. Os encontros fluem na forma de diálogos deliciosamente informativos, mas com a seriedade que a obra merece ser tratada.
Cap. 1: A chegada
Cap. 2: Quem ri do que?
Cap. 3: Que língua é essa?
Cap. 4: Um probrema sem a menor graça
Cap. 5: Uma língua enxuta
Cap. 6: Liberdade, fraternidade, igualdade
Cap. 7: Verbo, pra que te quero?
Cap. 8: E agora, com vocês, a Assimilação!
Cap. 9: Sodade, meu bem, sodade
Cap. 10: Beijo rima com desejo
Cap. 11: Música, maestro!
Cap. 12: Que coisa mais esdrúxula!
Cap. 13: Quem era o home que eu vi onte na garage?
Cap. 14: Quem não se alembra de Camões?
Cap. 15: Aceita-se roupas novas!
Cap. 16: A bruxa está solta!
Cap. 17: A fôrma, a norma e o funil
Cap. 18: Índio, sim, com muito orgulho
Cap. 19: Pondo a mão na massa
Cap. 20: A primeira semente
Cap. 21: A partida
Cap. 22: Mais duas palavrinhas e sugestões de leitura

4-Descrição do conteúdo

O autor reúne então n’A LÍNGUA DE EULÁLIA as universitárias Vera (estudante de letras e sobrinha de Irene, a professora aposentada e patroa de Eulália), Sílvia (estudante de psicologia) e a esperta  Emília  ( estudante de Pedagogia).
As três professoras do curso primário vão passar as férias na chácara da professora Irene, transformando suas férias num tipo de reciclagem de conhecimentos lingüísticos.
O português-padrão é falado pelas pessoas que detêm o poder e estão nas classes sociais mais privilegiadas, que nós sabemos que são uma pequena minoria da população do Brasil, e que o português não-padrão é a língua da grande maioria pobre e dos analfabetos do nosso povo. Conseqüentemente, a língua das crianças pobres e carentes que freqüentam as escolas públicas.
A criança que chega à escola falando o português não-padrão é considerada uma “deficiente” lingüística, quando na verdade ela  simplesmente  fala uma língua diferente daquela que é ensinada na escola.
Essa atitude gera no aluno pobre um sentimento de rejeição muito grande, levando-o a considerar-se incapaz de aprender qualquer coisa. Por outro lado, cria no professor a sensação de estar ensinando a alguém que nunca terá condições de aprender. O aluno com isso fica desestimulado a aprender, e o professor, desestimulado a ensinar.
A transformação do modo de encarar as variedades não-padrão tem de ser feita em todos os campos da educação, sendo uma tarefa de todos e não apenas dos professores de língua portuguesa.
Se todos compreendêssemos   que  o  PNP  é  uma língua como qualquer outra, com regras coerentes, talvez fosse possível abandonar os preconceitos que vigoram hoje em dia no nosso ensino de língua. Fazemos esforço em compreender e aceitar o outro, vamos fazer o mesmo com a aceitação de uma língua diferente da nossa. Vamos tentar ser humildes e tentar ver o quanto os falantes do português não-padrão têm a nos ensinar sobre nós mesmos.

As semelhanças entre as variedades do português do Brasil são muito maiores do que as diferenças. Apesar de termos a nona maior economia do mundo, também temos um dos piores sistemas educacionais do planeta, incompatível com o desenvolvimento tecnológico e industrial do país. A língua padrão é a língua do patrão. O PNP não é “pobre”, “carente”, nem “errado”. Pobres e carentes são,  sim, aqueles que o falam, e errada é a situação de injustiça social em que vivem.


Zeni S. Knevitz

“Acadêmica do Curso de Pedagogia- EAD da Universidade Federal de Pelotas (UFPel)”.

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