Resenha “Da nossa escola
primária”
1.
Identificação da obra:
LEITURA:
FREIRE, Paulo. e GUIMARÃES,
Sérgio. Sobre Educação: Diálogos. Volume I. Paz e
Terra, (Pág. 35-49).
2.
Apresentação da obra:
O Livro
descreve um diálogo entre os educadores Paulo Freire e Sérgio Guimarães, onde
abordam temas relativos à escola, como a educação que se dá nela, a formação do
professor, e ao uso de procedimentos autoritários na educação primária, média e
universitária. Traz também, trechos da Tese de Paulo Freire “Educação e Atualidade
Brasileira” de 1959, onde se refere à superposição da escola à realidade
contextual do educando, e critica o saber inerte. Freire cita também o educador Anísio Teixeira
e sua luta contra o centralismo, autoritarismo e a necessidade de uma reforma
antes de tudo política, da qual nascesse a organicidade de nossa educação. Sérgio
Guimarães também vê que um dos problemas é que a questão política está no
centro do problema da escola e que o professor nem sempre tem o melhor preparo
em termos de concepção política da sua função. Conta sua experiência como
professor primário da rede municipal de São Paulo no período Médici, numa
escola de periferia, com poucos recursos. Paulo Freire defende em primeiro
lugar, acabar com a discriminação das classes populares e das escolas
populares. E por fim afirma que tudo isso são aspectos de um processo de
transformação global de qualquer sociedade.
3.
Descrição da estrutura:
O texto compreende um recorte do livro Sobre Educação: Diálogos, entre as
páginas 35 a 49. Relatando o diálogo II- Da nossa escola primária, onde os
educadores Paulo Freire e Sérgio Guimarães dialogam sobre a diversidade de
problemas da escola brasileira, percorrendo pela memória de ambos educadores,
que pertencem a gerações diferentes, e que passaram por momentos da história da
nossa educação marcante para a pedagogia do Brasil.
4.
Descrição o
conteúdo:
O texto aborda como
tema principal a escola e suas diversas problemáticas, como o da linguagem, o
que Paulo Freire considera como sendo um dos mais graves, que é manipulada pela
escola enquanto instituição social e que nem sempre corresponde a linguagem
popular.
Tocando em fatos
recentes, outro problema, por exemplo, é o de como a escola não vem, de modo
geral, incorporando avanços no campo da tecnologia, não importando a posição de
classe do aluno ou se a escola pertence à periferia ou da escola que atua com
crianças de classe média, baixa ou superior.
Outro aspecto que
precisa ser observado também é o problema da formação do professor normalista,
das escolas primárias que ao propor algo no campo do conhecimento se depara com
uma defasagem enorme entre o que é proposto e o que está de longe já
incorporado à experiência pessoal do aluno.
Outro problema
colocado é a questão dos procedimentos autoritários que a escola primária, a
média e a universitária vem insistindo com seus comportamentos em estimular
posições passivas dos educandos. É o autoritarismo do e no discurso da
professora. É o autoritarismo da transferência do conhecimento parado, como se
fosse um pacote que se estende a criança, em lugar de convidá-la a pensar e
aprender a aprender. Em lugar disso, o que se faz é docilizar a criança, para
que ela receba o pacote do conhecimento transferido.
Na tese de Paulo
freire ele tenta verificar essa distância do contexto em que a escola se acha.
Ela se impõe de cima para baixo, despreocupada com o ocorre onde ela se situa.
E nesta tese ele relata a importância de uma escola centrada democraticamente
no seu educando e na sua comunidade local, vivendo as suas circunstancias,
integrada com seus problemas, só assim levará os seus estudantes a uma nova
postura diante dos problemas de seu contexto.
Já em 1959, Freire criticava o saber inerte, em lugar de uma convocação
do estudante para, atuando, pensar e, atuando e pensando, conhecer, incorporar,
criar produzir o seu conhecimento e a escola teria que criar nas suas
atividades circunstancias que provocassem uma nova disposição do estudante: a
de pesquisador, a de buscar o conhecimento.
Anísio Teixeira diz
que precisamos discutir inicialmente o nosso agir educativo, partindo da nossa
escola primária. A escola passaria a ser uma intuição local, feita e realizada
sob medida para a cultura da região com enraizamento nas condições locais e
regionais, sem esquecer os seus aspectos nacionais, é que possibilitara o
trabalho de identificar o seu educando com o seu tempo e espaço. E isto porque
a sua programação será a sua própria vida comunitária local, tanto quanto
possível trazida para dentro da escola, como pesquisada e conhecida fora dela.
Este devia de ser um dos objetivos fundamentais que a educação sistemática a
que se vive na escola deveria se propor.
Sergio Guimaraes
percebe de imediato que um dos problemas é a questão política que está no
centro do problema da escola. Em um país como o nosso os governos não mudam de
orientação, como é que pode se esperar que a escola pública faça um trabalho
diferente do que está fazendo, se é exatamente a intenção dos que governam. O
professor primário nem sempre tem um melhor preparo em termos de concepção
política da sua função num contexto onde o que se espera da escola é exatamente
a transmissão de conhecimento. O problema da escola primária não é apenas do ponto
de vista da quantidade, mas da qualidade: as massas populares brasileiras devem
ser estimuladas a continuar reivindicando a educação dos seus filhos.
Paulo Freire segue
com outro problema, se às vezes o educador inserido em um mecanismo autoritário
está despreparado do ponto de vista político, cabe a ele percebendo que a sua
tarefa é política e não apenas técnica, aclarar a sua posição política e ai,
procurar ocupar o espaço mínimo que dispõe dentro da própria instituição
escolar e ver o mínimo que pode fazer no sentido de uma abertura democrática
para os seus estudantes ou alunos com quem trabalha. Os organismos de classe
deveriam lutar para levar um discurso diferente, político aos trabalhadores do
ensino, sem deixar de apoia-los em suas reivindicações salariais e tentar
propor um trabalho para a recapacitação dos professores. Essa seria uma das
tarefas fundamentais de uma organização da categoria dos professores: a do
exercício de uma democracia vivendo essa própria democracia, pela melhora das
condições do ensino.
Sergio relata que foi
professor primário da rede municipal de São Paulo no período Médici, com
dificuldades muito grandes. É muito fácil alfabetizar crianças, fazer uma boa
educação primaria com recursos fartos. Freire fala que o problema está no
descaso pela classe popular e na falta mínima de condições materiais e acabar
com a discriminação das classes populares e das escolas populares.
São tarefas nossas,
já que nós queremos tanto bem a isso que estamos fazendo, ou fizemos antes, ou
pretendemos fazer depois, que é ter esta tarefa docente e discente
simultaneamente.
Paula Barbosa
“Acadêmica do
Curso de Pedagogia- EAD da Universidade Federal de Pelotas (UFPel)”.
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