terça-feira, 14 de outubro de 2014

Resenha “Da nossa escola primária”

Resenha Da nossa escola primária

1.    Identificação da obra:

 LEITURA: FREIRE, Paulo. e GUIMARÃES, Sérgio. Sobre Educação: Diálogos. Volume I. Paz e Terra, (Pág. 35-49).

2.    Apresentação da obra:

O Livro descreve um diálogo entre os educadores Paulo Freire e Sérgio Guimarães, onde abordam temas relativos à escola, como a educação que se dá nela, a formação do professor, e ao uso de procedimentos autoritários na educação primária, média e universitária. Traz também, trechos da Tese de Paulo Freire “Educação e Atualidade Brasileira” de 1959, onde se refere à superposição da escola à realidade contextual do educando, e critica o saber inerte.  Freire cita também o educador Anísio Teixeira e sua luta contra o centralismo, autoritarismo e a necessidade de uma reforma antes de tudo política, da qual nascesse a organicidade de nossa educação. Sérgio Guimarães também vê que um dos problemas é que a questão política está no centro do problema da escola e que o professor nem sempre tem o melhor preparo em termos de concepção política da sua função. Conta sua experiência como professor primário da rede municipal de São Paulo no período Médici, numa escola de periferia, com poucos recursos. Paulo Freire defende em primeiro lugar, acabar com a discriminação das classes populares e das escolas populares. E por fim afirma que tudo isso são aspectos de um processo de transformação global de qualquer sociedade.

3.    Descrição da estrutura:

O texto compreende um recorte do livro Sobre Educação: Diálogos, entre as páginas 35 a 49. Relatando o diálogo II- Da nossa escola primária, onde os educadores Paulo Freire e Sérgio Guimarães dialogam sobre a diversidade de problemas da escola brasileira, percorrendo pela memória de ambos educadores, que pertencem a gerações diferentes, e que passaram por momentos da história da nossa educação marcante para a pedagogia do Brasil.

4.     Descrição o conteúdo:
O texto aborda como tema principal a escola e suas diversas problemáticas, como o da linguagem, o que Paulo Freire considera como sendo um dos mais graves, que é manipulada pela escola enquanto instituição social e que nem sempre corresponde a linguagem popular.
Tocando em fatos recentes, outro problema, por exemplo, é o de como a escola não vem, de modo geral, incorporando avanços no campo da tecnologia, não importando a posição de classe do aluno ou se a escola pertence à periferia ou da escola que atua com crianças de classe média, baixa ou superior.
Outro aspecto que precisa ser observado também é o problema da formação do professor normalista, das escolas primárias que ao propor algo no campo do conhecimento se depara com uma defasagem enorme entre o que é proposto e o que está de longe já incorporado à experiência pessoal do aluno.
Outro problema colocado é a questão dos procedimentos autoritários que a escola primária, a média e a universitária vem insistindo com seus comportamentos em estimular posições passivas dos educandos. É o autoritarismo do e no discurso da professora. É o autoritarismo da transferência do conhecimento parado, como se fosse um pacote que se estende a criança, em lugar de convidá-la a pensar e aprender a aprender. Em lugar disso, o que se faz é docilizar a criança, para que ela receba o pacote do conhecimento transferido.
Na tese de Paulo freire ele tenta verificar essa distância do contexto em que a escola se acha. Ela se impõe de cima para baixo, despreocupada com o ocorre onde ela se situa. E nesta tese ele relata a importância de uma escola centrada democraticamente no seu educando e na sua comunidade local, vivendo as suas circunstancias, integrada com seus problemas, só assim levará os seus estudantes a uma nova postura diante dos problemas de seu contexto.  Já em 1959, Freire criticava o saber inerte, em lugar de uma convocação do estudante para, atuando, pensar e, atuando e pensando, conhecer, incorporar, criar produzir o seu conhecimento e a escola teria que criar nas suas atividades circunstancias que provocassem uma nova disposição do estudante: a de pesquisador, a de buscar o conhecimento.
Anísio Teixeira diz que precisamos discutir inicialmente o nosso agir educativo, partindo da nossa escola primária. A escola passaria a ser uma intuição local, feita e realizada sob medida para a cultura da região com enraizamento nas condições locais e regionais, sem esquecer os seus aspectos nacionais, é que possibilitara o trabalho de identificar o seu educando com o seu tempo e espaço. E isto porque a sua programação será a sua própria vida comunitária local, tanto quanto possível trazida para dentro da escola, como pesquisada e conhecida fora dela. Este devia de ser um dos objetivos fundamentais que a educação sistemática a que se vive na escola deveria se propor. 
Sergio Guimaraes percebe de imediato que um dos problemas é a questão política que está no centro do problema da escola. Em um país como o nosso os governos não mudam de orientação, como é que pode se esperar que a escola pública faça um trabalho diferente do que está fazendo, se é exatamente a intenção dos que governam. O professor primário nem sempre tem um melhor preparo em termos de concepção política da sua função num contexto onde o que se espera da escola é exatamente a transmissão de conhecimento. O problema da escola primária não é apenas do ponto de vista da quantidade, mas da qualidade: as massas populares brasileiras devem ser estimuladas a continuar reivindicando a educação dos seus filhos.
Paulo Freire segue com outro problema, se às vezes o educador inserido em um mecanismo autoritário está despreparado do ponto de vista político, cabe a ele percebendo que a sua tarefa é política e não apenas técnica, aclarar a sua posição política e ai, procurar ocupar o espaço mínimo que dispõe dentro da própria instituição escolar e ver o mínimo que pode fazer no sentido de uma abertura democrática para os seus estudantes ou alunos com quem trabalha. Os organismos de classe deveriam lutar para levar um discurso diferente, político aos trabalhadores do ensino, sem deixar de apoia-los em suas reivindicações salariais e tentar propor um trabalho para a recapacitação dos professores. Essa seria uma das tarefas fundamentais de uma organização da categoria dos professores: a do exercício de uma democracia vivendo essa própria democracia, pela melhora das condições do ensino.
Sergio relata que foi professor primário da rede municipal de São Paulo no período Médici, com dificuldades muito grandes. É muito fácil alfabetizar crianças, fazer uma boa educação primaria com recursos fartos. Freire fala que o problema está no descaso pela classe popular e na falta mínima de condições materiais e acabar com a discriminação das classes populares e das escolas populares.
São tarefas nossas, já que nós queremos tanto bem a isso que estamos fazendo, ou fizemos antes, ou pretendemos fazer depois, que é ter esta tarefa docente e discente simultaneamente.
Paula Barbosa
“Acadêmica do Curso de Pedagogia- EAD da Universidade Federal de Pelotas (UFPel)”.


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