terça-feira, 28 de outubro de 2014

Artigo: Os diversos saberes na Educação Infantil


Zeni Sparremberger Knevitz









Os diversos saberes na educação infantil    
                                                           



Relatório de Prática Docente I apresentado ao Curso de Licenciatura em Pedagogia- UFPel/UAB, como requisito à conclusão do Estágio Supervisionado de Educação Infantil
 
 






                                

                                Supervisor do Estágio CLPD: Lilian Lorenzato
                                  Supervisor do Estágio Escola: Sheila Blatt

                                          

São Leopoldo, dezembro de 2013.



























Equipe docente responsável:


Professores a distância: Emília Cristina Teixeira, Lilian Rodrigues Corrêa
Professores presenciais: Joelma Guimarães, Marta Rejane da Luz Fernandes
Professora Formadora: Cristiane Peres de Vasconcellos





RESUMO
O presente trabalho apresenta o relatório de estágio realizado na E.M.E.I. Antônio Leite, localizada em São Leopoldo, RS, na turma de educação infantil onde estão matriculadas 17 crianças, na faixa etária de 4 a 5 anos de idade, sendo 12 meninas e 5 meninos. A observação foi focada no intuito de verificar quão preparados estão os alunos para o penúltimo ano na educação infantil, antes de entrarem para as séries iniciais. Através das experiências vivenciadas procurei acrescentar junto às crianças, atividades lúdicas que valorizassem seu conhecimento e que despertassem neles o interesse pelo proposto, evidenciando características como autonomia, criatividade, respeito com colegas e professores. Desta maneira, pude perceber como elas encaram a construção do seu mundo dentro e fora da escola. O planejamento foi elaborado para que as crianças pudessem aprender brincando, o que torna tudo mais fácil e agradável.







Palavras-chave: educação infantil, planejamento

SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO...................................................................................6
2. DESENVOLVIMENTO.............................................................................7
2.1. Etapas de ensino..................................................................................8
2.2. Processo de ensino............................................................................10
2.3. Aprendizagem dos alunos..................................................................12
2.4. Trabalho docente................................................................................14
3. CONCLUSÃO........................................................................................15
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................17




1     - APRESENTAÇÃO
O trabalho está dividido em quatro partes, usando como referência na etapa de ensino a abordagem do planejamento, a forma como a criança interage entre si e com o meio. Através do processo de ensino, foram abordados os temas específicos realizados em sala de aula. Para a aprendizagem do aluno, foi realizado um relato da importância desse acompanhamento de aprendizagem. No trabalho docente,  a importância da construção do conhecimento do aluno e do professor.



2 - DESENVOLVIMENTO
No decorrer do período do estágio, observei o quanto os alunos tiveram um bom aproveitamento das atividades realizadas. Durante o período do estágio, busquei conhecer um pouco mais a turma. Durante a etapa prática das atividades propostas, percebi que podia ter explorado mais. As crianças estão com sede de aprendizado, querem conhecer o mundo e nesse momento, nosso papel de educador é de suma importância na vida destes futuros profissionais, estamos repassando os valores, repassando conhecimento. “Conhecer o mundo é agir sobre ele e transformá-lo” (BECKER, 2007, p.17), transformando-se a si mesmo. Dizia Bachelard que, “para o espírito científico, todo conhecimento é resposta a uma pergunta” (apud BECKER, 2007, p. 19). Ao passar suas conclusões, suas experiências aos demais colegas o professor prestará a escola, ao ensino, a educação, a aprendizagem um inestimável serviço. A capacidade de decisão da educadora e do educador é absolutamente necessária ao seu trabalho formador. Uma das deficiências de uma educadora é a sua incapacidade de decidir. Sua indecisão que os educandos entendem como fraqueza moral ou incompetência profissional.
Outra qualidade fundamental que não pode faltar à educadora é que exige dela a sabedoria com que se dê a experiência de viver a tensão entre a paciência e a impaciência. A paciência sozinha pode levar a acomodação, na impaciência insulada ameaçamos o êxito da prática que se perde na arrogância de quem se julga dono da história.

2.1 - ETAPAS DE ENSINO
Durante planejamento procurei abranger todas as áreas do conhecimento, buscando atividades que envolviam as diferentes linguagens, a expressão criadora, as brincadeiras e o jogo simbólico, a música e exploração de instrumentos musicais, a modelagem entre outras. Também procuro sempre propor atividades que envolvam a família, a escola e as crianças, como o projeto "Compartilhando afetos e construindo saberes". Os dias podem ser imprevisíveis, mas se soubermos lidar com os desafios e dificuldades, podemos ter dias repletos de alegria e de grandes realizações.
A turma teria ficado encantada se tivesse feito alguma atividade com fantoches, no entanto, no momento da rodinha li com eles os livros novos da coleção do Itaú e elas adoraram, após a leitura pedi para que desenhassem o que haviam entendido e nestes desenhos percebi o quanto, a mente destas lindas crianças são férteis. Na pintura da mão, utilizando a tinta elas interpretaram o desenho de diversas maneiras, uma criança viu através do desenho de sua mão uma aranha, outra viu de fato a mão e assim fomos criando diversos formatos e algumas perceberam que a sua mão pode ter a forma do passarinho. Durante a realização do meu estágio, pude perceber como acontece a rotina na escola, pude vivenciar a prática de tudo que as professoras da minha turma vivenciam diariamente. Sendo que nesse momento eu fui à professora, eu pude colocar em prática meu plano de aula, com base no meu planejamento pude aplicar algumas atividades que as crianças até o momento não haviam presenciado e outras de uma maneira diferente das que elas já estão acostumadas. Consegui compreender o quanto o planejamento se faz necessário, as aulas planejadas nem sempre acontecem como gostaríamos que acontecesse, mas o planejamento me deu autonomia, me proporcionou segurança. Organizando a prática pude perceber que as crianças compreendem que estamos ali para passar algo novo, esperam isso do novo professor, desejam novas experiências. Observei o desenvolvimento da turma, como elas se desenvolveram com cada atividade. Cada uma a sua maneira teve uma experiência com as atividades dirigidas no decorrer do meu estágio. A rotina da turma se manteve, apenas coloquei em prática meu planejamento e isso foi muito bom. Nós podemos proporcionar na sala de aula um ambiente onde a criança possa aprender brincando. Construir um ambiente que estimule a brincadeira, em função dos resultados desejados. “Não se tem certeza que a criança vá agir com esse material como desejaríamos, mas aumentamos assim as chances de que ela o faça...” BROUGERE,1995, p. 105).
Aprendi a cada dia com o encantamento de cada uma delas no decorrer dos meus dias enquanto estagiária na turma do Infantil ll. Experiência única e sensacional.
2.2 - PROCESSO DE ENSINO
Na elaboração do plano de aula, foram consideradas a faixa etária da turma, o estilo, as preferências, os interesses e anseios das crianças. De uma forma flexível, elaborei meu planejamento, respeitando assim o momento das crianças. As situações que foram surgindo durante o dia,fui adequando dentro do possível. Na semana que choveu, tive que mudar o que faria com as crianças, pois tinha atividades no pátio ao ar livre que iniciei na sala de aula e naquele dia não deu para dar continuidade, pois, os alunos foram dispensados por conta da água que estava tomando conta das ruas e a escola estava com goteiras no refeitório. Em outro momento, a atividade que seria apenas para a minha turma no pátio, todas as crianças presentes fizeram a atividade de cantar no microfone e ficaram encantadas com a caixa de som, com o som da sua voz. Elas cantaram, dançaram e isso foi muito bom. Em outros momentos, apliquei o que havia planejado para o dia e as crianças à medida que iam acabando a tarefa, começavam a se dispersar. No dia que levei a bola, o lençol para que as crianças conseguissem manter a mesma dentro do lençol, das 17 crianças, 10 queriam fazer e gostaram de fazer. Não consegui fazer com que as demais viessem para a brincadeira. Já a brincadeira, onde levei tinta, todas queriam fazer a pintura demonstrando o medo através do desenho da sua mão. A brincadeira do arco-íris foi um sucesso, a brincadeira dos tecidos que levei para cobrir as crianças e uma delas entrava na sala para descobrir qual a criança que estava faltando foi incrível, todas queriam participar, tive que repetir a brincadeira. Quando chovia, levava livros diferentes dos habituais na escola, sentávamos no chão, em círculo e elas adoravam, enquanto lia o livro passava para elas verem as figuras, página, por página e isso estimulava a atenção delas na leitura. Levava giz para desenharem no chão da escola, no quadro dentro da sala e elas amavam. Levava balões para estourarem e jogarem no pátio nas brincadeiras livres. E ainda assim, sobrava muito tempo, após ter colocado em prática meu plano. As crianças ficavam sem ter o que fazer no sentido de uma atividade dirigida, salvo se eu fizesse naquela manhã a atividade do outro dia. Algumas vezes foi isso que aconteceu. Quando via que todas haviam acabado, elas pegavam os brinquedos da sala e brincavam. Fiquei surpresa ao ver que elas adoram os brinquedos (bonecas e carrinhos velhos, jogos de montar, tampinha de refrigerante dentro de uma garrafa pet, elas tiram e colocam as tampinhas inúmeras vezes, panelinhas). Os brinquedos da sala são sempre uma brincadeira que todas as crianças gostam. Se colocarmos um lençol como se fosse uma cabana, elas ficam ali por horas se deixarmos. Se as deixarmos no pátio brincando nos balanços, na areia, no sobe e desce, na gangorra, elas ficam ali também o tempo que as deixarmos. As crianças adoram. Nos dias que levava música, poucas crianças conheciam (Toquinho, palavra cantada, Adriana Calcanhoto, levava o DVD com essas músicas e elas no geral não gostaram muito) até minha colega trazer o CD da Anita, todas sabiam a letra, todas sabiam a coreografia. No dia que levei o microfone, as crianças da minha turma gostaram quando a outra professora trouxe as músicas da Xuxa, da Anita e outros. Enquanto as minhas músicas, que achei que fossem adorar, umas cinco crianças cantaram. Isso me deixou chateada, pois percebi que se não ofertarmos algo novo, de qualidade, elas só irão ouvir o que já ouvem em casa. Com o passar dos dias, fui percebendo que hoje faria diferente, organizaria para eles um planejamento com base num projeto e a partir daí construindo esse projeto para que eles tivessem sempre algo novo, um objetivo, algo a construir comigo diariamente. Da forma como fiz, ficou muito solto. Na minha opinião, o tempo que sobrou poderia ser usado para estimular a capacidade que eles tem para aprender algo novo. Numa manhã, 01 hora de planejamento com algo que eles nunca viram foi ótimo, a alegria ficava estampada no rostinho deles, mas e depois? Nossas crianças têm direito à brincadeira; a uma atenção especial; a um ambiente aconchegante, seguro e estimulante; ao contato com a natureza;
Ofertar uma educação de qualidade é um direito da criança.
 2.3 - APRENDIZAGEM DOS ALUNOS
            A aprendizagem da turma ocorreu de forma espontânea e através da interação entre o meio físico com os colegas e os objetos dispostos nos espaços disponibilizados na escola. Através da observação diária dos alunos, através das reflexões feitas semanalmente, através da fala dos alunos é possível elaborar o parecer mais próximo à realidade do aluno. Nas atividades dirigidas feitas com cada criança, vamos observando o seu crescimento e desenvolvimento no decorrer dos dias. Diariamente usamos o caderno de recados para as outras educadoras ficarem cientes do que aconteceu no turno da manhã. No caderno de reflexão da turma, coloquei como ocorreu o desempenho da turma frente às atividades proporcionadas durante o meu período de estágio e a rotina seguida na turma. Também se observa como está sendo visto o desenvolvimento afetivo, social e intelectual da criança com o meio o qual está inserida. Pude observar que as crianças se desenvolvem a cada dia. Intelectualmente, socialmente elas interagem mais. Através das brincadeiras livres e ou dirigidas percebemos como elas interagem entre si e consigo mesma.  É muito bom acompanhar esse desenvolvimento, fico muito feliz por fazer parte nesse momento desse processo dessas crianças do Infantil II B. O olhar destas crianças, elas se sentem acolhidas no ambiente escolar, algumas professoras se doam mais, outras menos. E desta forma, elas também aprendem a se socializar de diversas maneiras. Fiz alguns ajustes no meu plano de aula, no decorrer do meu estágio, pois nem sempre a atividade que iria desenvolver no dia proposto seria a mais apropriada para o dia. Com o decorrer das atividades percebi a necessidade de acrescentar alguma tarefa, repetir alguma técnica. A maioria das crianças adora fazer atividades com o manuseio da tinta. Massinha de modelar. Gostaram da atividade do microfone, onde cada uma cantou uma música. Gostaram da atividade do arco íris.
 2.4 - TRABALHO DOCENTE
Acredito que o professor enquanto educa estará sempre aprendendo. E ao aprender poderá ensinar melhor. Ao conhecer a realidade das crianças, o espaço onde elas estão inseridas fica mais fácil planejar. Com um planejamento consegui colocar em prática meu plano de aula. Com isso, também percebi o quanto precisamos estar dispostos a mudar, o aprendizado requer mudanças. Nada vale o conhecimento dentro da gaveta. Na primeira carta – Ensinar – aprender leitura do mundo – leitura da palavra, diz que o ensinante aprende primeiro a ensinar, mas aprende também ao ensinar algo que é reaprendido por estar sendo ensinado. Ninguém escreve se não escrever, assim como ninguém nada se não nadar. Não é possível ler sem escrever e escrever sem ler. O trabalho docente, quando é compartilhado com os demais integrantes em sala de aula, a professora com a monitora. A direção com o restante da equipe, as professoras entre elas mesmas. Todos nós temos muito a ganhar, principalmente as crianças. Na sexta-feira, dia que as crianças podem levar um brinquedo de casa, levei um peixinho Beta o “Lilinho”, para mostrar a importância e a responsabilidade que temos com os nossos bichinhos de estimação. Assim como todas as pessoas, o coleguinha da sala de aula, ou das outras salas, as pessoas na rua. As crianças gostaram muito. Quando encontrei uma das mães, ela relatou o que a filha aprendeu no dia que o Lilinho foi para a sala de aula. Percebi a alegria no rosto de ambas. Isso vale a pena. Durante meu estágio percebi que as crianças precisam de professores que se dediquem mais a elas. Que aproveitem o tempo delas na escola, para que elas consigam se desenvolver de forma plena. Alguns autores dizem que crianças são seres humanos de pouca idade e a INFÂNCIA é o modo como às crianças vivem esse período da vida.  O professor precisa conhecer a realidade do aluno, para poder proporcionar um modo de viver significativamente o tempo da infância dentro da escola. Como é mencionado no texto “ A organização do espaço e do tempo”, Só se cria a partir daquilo que existe. Ao longo dos dias existem algumas atividades que são repetidas, mas isso não significa que sejam feitas do mesmo modo todos os dias. Com diz BROUGERE,1995, p. 105). É necessário favorecer atividades que propiciem experiências diversificadas e que invistam no desenvolvimento de diferentes aprendizagens. 
CONCLUSÃO

Durante o meu primeiro estágio na E.M.E.I. com as crianças entre 4 a 5 anos foi muito gratificante. Um momento inesquecível na minha vida e com certeza isso ficará para sempre guardado na minha mente e no meu coração. Experiência única com as crianças que fizeram a diferença na minha vida. Pude perceber no decorrer do meu estágio o quanto temos para aprender. Somos eternos aprendizes. As crianças nos ensinam no dia a dia, o professor deve estar sempre aberto para as novas experiências que elas nos proporcionam, cada uma a sua maneira. As situações vivenciadas no cotidiano de uma escola somente serão possíveis perceber estando ali presente. Conhecendo a realidade da escola, do aluno. Tenho muito a agradecer pela oportunidade de ter feito esse estágio com pessoas tão maravilhosas, tão acolhedoras. A professora titular e a monitora me ensinaram muito. Durante meu estágio estavam sempre me dando algumas dicas de como lidar com uma e outra criança, permaneceram em sala de aula enquanto aplicava meu plano, me falavam de como deveria ser firme e carinhosa ao mesmo tempo. Essa troca de experiência é fundamental para quem está iniciando, e essa experiência que as professoras possuem. Que ficam ao longo do ano com a turminha que pude fazer meu estágio é essencial para quem está iniciando assim como eu. Elas estão sempre se aperfeiçoando, fazem cursos, preparam a aula com um planejamento que faz com que as crianças aprendam a cada dia. As crianças trazem de sua casa e com suas experiências familiares, nós professores precisamos nos atualizar, precisamos usar a tecnologia a nosso favor, caso contrário, as aulas irão se tornar monótonas e as crianças não irão ter vontade de fazer algo diferente do que elas já sabem fazer. Toda novidade que é apresentada para elas, faz uma grande diferença. Uma experiência que elas gostaram muito, repetir com a turma. Assim como em outros momentos não gostaram tanto.  Nesse período pude perceber o quanto preciso me aperfeiçoar na docência. O quanto preciso me empenhar para tornar as aulas mais gratificantes, mais produtivas. Senti a necessidade de me reeducar enquanto ser humano. Elas permanecem na escola, durante o dia todo, cheias de vida, de disposição, querendo receber o novo, aprender e porque não reaprender o que já sabem de uma maneira diferente. Mais uma vez a vida me ensinou o quanto tenho que aprender, para poder ensinar. Através do contato que tive com todo o grupo escolar, com os pais, com os alunos, com as professoras, foi simplesmente uma experiência encantadora e muito gratificante.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BECKER, Fernando; MARQUES, Tânia B. I. (Orgs.)Ser professor é ser pesquisador. Porto Alegre: Ed. Mediação, 2007.
FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. 1 ed. São Paulo: Olho D’Água, 2009.


BROUGERE,1995, p. 105.

Zeni S. Knevitz
“Acadêmica do Curso de Pedagogia- EAD da Universidade Federal de Pelotas (UFPel)”.

Resenha do livro: A Língua de Eulália

Resenha do livro: A Língua de Eulália

1-Identificação da Obra

Bagno, Marcos.                                                                                                                        A Língua de Eulália: novela sociolingüística / Marcos Bagno, 15. Ed. – São Paulo: Contexto, 2006.

2-Apresentação da Obra
No livro o autor busca derrubar o preconceito lingüístico na alfabetização. Mostra que a própria escola não reconhece que a norma padrão culta é apenas uma das muitas variedades possíveis no uso do português, tratando muitas vezes os alunos como “deficientes lingüísticos”.
Através de diversos exemplos demonstrados, vimos que não existe uma só língua, mas diversas línguas ainda faladas em diversos pontos do país pelos sobreviventes das antigas nações indígenas.

3-Descrição da estrutura

O livro possui 215 páginas, sendo dividido em 22 capítulos. Os encontros fluem na forma de diálogos deliciosamente informativos, mas com a seriedade que a obra merece ser tratada.
Cap. 1: A chegada
Cap. 2: Quem ri do que?
Cap. 3: Que língua é essa?
Cap. 4: Um probrema sem a menor graça
Cap. 5: Uma língua enxuta
Cap. 6: Liberdade, fraternidade, igualdade
Cap. 7: Verbo, pra que te quero?
Cap. 8: E agora, com vocês, a Assimilação!
Cap. 9: Sodade, meu bem, sodade
Cap. 10: Beijo rima com desejo
Cap. 11: Música, maestro!
Cap. 12: Que coisa mais esdrúxula!
Cap. 13: Quem era o home que eu vi onte na garage?
Cap. 14: Quem não se alembra de Camões?
Cap. 15: Aceita-se roupas novas!
Cap. 16: A bruxa está solta!
Cap. 17: A fôrma, a norma e o funil
Cap. 18: Índio, sim, com muito orgulho
Cap. 19: Pondo a mão na massa
Cap. 20: A primeira semente
Cap. 21: A partida
Cap. 22: Mais duas palavrinhas e sugestões de leitura

4-Descrição do conteúdo

O autor reúne então n’A LÍNGUA DE EULÁLIA as universitárias Vera (estudante de letras e sobrinha de Irene, a professora aposentada e patroa de Eulália), Sílvia (estudante de psicologia) e a esperta  Emília  ( estudante de Pedagogia).
As três professoras do curso primário vão passar as férias na chácara da professora Irene, transformando suas férias num tipo de reciclagem de conhecimentos lingüísticos.
O português-padrão é falado pelas pessoas que detêm o poder e estão nas classes sociais mais privilegiadas, que nós sabemos que são uma pequena minoria da população do Brasil, e que o português não-padrão é a língua da grande maioria pobre e dos analfabetos do nosso povo. Conseqüentemente, a língua das crianças pobres e carentes que freqüentam as escolas públicas.
A criança que chega à escola falando o português não-padrão é considerada uma “deficiente” lingüística, quando na verdade ela  simplesmente  fala uma língua diferente daquela que é ensinada na escola.
Essa atitude gera no aluno pobre um sentimento de rejeição muito grande, levando-o a considerar-se incapaz de aprender qualquer coisa. Por outro lado, cria no professor a sensação de estar ensinando a alguém que nunca terá condições de aprender. O aluno com isso fica desestimulado a aprender, e o professor, desestimulado a ensinar.
A transformação do modo de encarar as variedades não-padrão tem de ser feita em todos os campos da educação, sendo uma tarefa de todos e não apenas dos professores de língua portuguesa.
Se todos compreendêssemos   que  o  PNP  é  uma língua como qualquer outra, com regras coerentes, talvez fosse possível abandonar os preconceitos que vigoram hoje em dia no nosso ensino de língua. Fazemos esforço em compreender e aceitar o outro, vamos fazer o mesmo com a aceitação de uma língua diferente da nossa. Vamos tentar ser humildes e tentar ver o quanto os falantes do português não-padrão têm a nos ensinar sobre nós mesmos.

As semelhanças entre as variedades do português do Brasil são muito maiores do que as diferenças. Apesar de termos a nona maior economia do mundo, também temos um dos piores sistemas educacionais do planeta, incompatível com o desenvolvimento tecnológico e industrial do país. A língua padrão é a língua do patrão. O PNP não é “pobre”, “carente”, nem “errado”. Pobres e carentes são,  sim, aqueles que o falam, e errada é a situação de injustiça social em que vivem.


Zeni S. Knevitz

“Acadêmica do Curso de Pedagogia- EAD da Universidade Federal de Pelotas (UFPel)”.

Artigo - Os diversos saberes das séries iniciais




UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA – EAD









OS DIVERSOS SABERES DAS SÉRIES INICIAIS




ZENI SPARREMBERGER KNEVITZ
Prática docente Il



São Leopoldo, Junho de 2014.



RESUMO
O presente artigo apresenta a prática de estágio realizado na Escola Estadual de Ensino Fundamental Dr. Mario Sperb no Bairro Campina, localizada em São Leopoldo, RS, na turma do 4º ano, Ensino Fundamental onde estão matriculadas 26 crianças, na faixa etária de9a 11anos de idade, sendo 13 meninas e 13 meninos. Este tem como objetivo evidenciar a importância de ensinar o aluno a aprender e mostrar que o mesmo continuará aprendendo pelo mundo afora. Se os pais não educarem, o mundo os educará do seu modo. A escola ensina, os pais ensinam, mas o mundo não é maternal, por mais que a escola procure orientar, ensine a aprender, não será possível fazer isso sozinha. A escola precisa da ajuda dos pais e por vezes os pais chegam a perguntar o que eles podem fazer para ajudar a escola. Estão invertendo a responsabilidade, e isso deve ser compreendido. Cabe aos pais orientar, educar e cabe a escola continuar ensinando o que eles já sabem. Criar na sala de aula, um ambiente que favoreça a troca de idéias, para que nossos alunos reflitam sobre o que já sabem e o que estão aprendendo.






Palavras - chave: planejamento, aprendizagem, prática docente;

1     - APRESENTAÇÃO
O Presente artigo está dividido em quatro partes, usando como referência na etapa de ensino a abordagem do planejamento, a forma como o aluno interage entre si e com o meio. A observação foi focada no intuito de verificar quão preparados estão os alunos para o 4º ano do Ensino Fundamental. Através das experiências vivenciadas procurei acrescentar junto às crianças, atividades lúdicas que valorizassem seu conhecimento e que despertassem neles o interesse pelo proposto, evidenciando características como autonomia, criatividade, respeito com colegas e professores. Desta maneira, pude perceber como elas encaram a construção do seu mundo dentro e fora da escola. O planejamento foi elaborado para que os alunos pudessem aprender os conteúdos necessários para este período que permaneci com meus alunos, tornando o aprendizado mais fácil e agradável. Através do processo de ensino, foram abordados os temas específicos realizados em sala de aula. Para a aprendizagem do aluno, foi realizado um relato da importância desse acompanhamento de aprendizagem. No trabalho docente, a importância da construção do conhecimento do aluno e do professor.














2 - DESENVOLVIMENTO
No decorrer do período do estágio, observei o quanto os alunos tiveram um bom aproveitamento das atividades realizadas. Durante o período do estágio, busquei conhecer um pouco mais a turma. Durante a etapa prática das atividades propostas, percebi que podia ter explorado mais. Os alunos estão com sede de aprendizado, querem conhecer o mundo e nesse momento, nosso papel de educador é de suma importância na vida destes futuros profissionais, estamos repassando os valores, repassando conhecimento. “Conhecer o mundo é agir sobre ele e transformá-lo” (BECKER, 2007, p.17), transformando-se a si mesmo. Dizia BACHELARD que, “para o espírito científico, todo conhecimento é resposta a uma pergunta” (apud BECKER, 2007, p. 19). Ao passar suas conclusões, suas experiências aos demais colegas o professor prestará a escola, ao ensino, a educação, a aprendizagem um inestimável serviço. A capacidade de decisão da educadora e do educador é absolutamente necessária ao seu trabalho formador. Uma das deficiências de uma educadora é a sua incapacidade de decidir. Sua indecisão que o educando entendem como fraqueza moral ou incompetência profissional.
Outra qualidade fundamental que não pode faltar à educadora é que exige dela a sabedoria com que se dê a experiência de viver a tensão entre a paciência e a impaciência. A paciência sozinha pode levar a acomodação, na impaciência insulada ameaçamos o êxito da prática que se perde na arrogância de quem se julga dono da história.

2.1 - ETAPAS DE ENSINO
Durante o meu planejamento procurei abranger todas as áreas do conhecimento, buscando atividades que envolviam as diferentes situações, desde a matemática com o sistema monetário, bem como a geografia com a identificação individual de cada aluno através do trajeto de sua casa até a escola. Procurei propor atividades que envolviam a família, a escola e os demais alunos, como o trabalho realizado com meus alunos em sala de aula sobre "Quem sou eu?”. Os dias podem ser imprevisíveis, mas se soubermos lidar com os desafios e dificuldades, podemos ter dias repletos de alegria e de grandes realizações.
Percebi que a turma ficava encantada com alguma atividade diferente. Na aula de ciências, ao falarmos sobre o corpo humano, levei uma esponja para explicar o processo que faz o nosso estômago, treinamos os 05 sentidos ao sentir o cheiro, o gosto, ao vendarmos os olhos e tentar descobrir em quem estavam tocando e em qual objeto pelo tato, olfato. Os alunos queriam sempre mais, algumas atividades que poderia ter realizado em sala de aula, fiz o mesmo com eles na quadra, enquanto tomavam sol, ficavam ao ar livre tentando descobrir quem era o amiguinho ao abraçar, ao tocar. Poderia ter abordados outros temas, levando um profissional para dar uma palestra, um guarda de trânsito ou uma profissional da saúde, a turma teria ficado encantada. Durante a realização do meu estágio, pude perceber como acontece a rotina na escola, pude vivenciar a prática de tudo que as professoras da minha turma vivenciam diariamente. Sendo que nesse momento eu fui à professora, eu pude colocar em prática meu plano de aula, com base no meu planejamento pude aplicar algumas atividades que os alunos até o momento não haviam presenciado e outras de uma maneira diferente das que elas já estavam acostumadas. Consegui compreender o quanto o planejamento se faz necessário, as aulas planejadas nem sempre acontecem como gostaríamos que acontecesse, mas o planejamento me deu autonomia, me proporcionou segurança. Organizando a prática pude perceber que os alunos compreendem que estamos ali para passar algo novo, esperam isso do novo professor, desejam novas experiências. Observei o desenvolvimento da turma, como elas se desenvolveram com cada atividade. Cada uma a sua maneira teve uma experiência com as atividades dirigidas no decorrer do meu estágio. A rotina da turma se manteve, apenas coloquei em prática meu planejamento e isso foi muito bom. Nós podemos proporcionar na sala de aula um ambiente onde a criança possa aprender brincando. Construir um ambiente que estimule a brincadeira, em função dos resultados desejados. “Não se tem certeza que a criança vá agir com esse material como desejaríamos, mas aumentamos assim as chances de que ela o faça...” BROUGERE, 1995, p. 105.
Aprendi a cada dia com o encantamento de cada uma delas no decorrer dos meus dias enquanto estagiária na turma do 4º ano do Ensino Fundamental. Experiência única e sensacional.
“Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre. “Paulo Freire”. Em alguns momentos, ignoramos as dúvidas dos alunos, conforme mencionado no texto, algumas vezes, a Educação é feita como mera transmissão. O aluno quer questionar e nós não damos a devida importância, falamos que não queremos ser interrompidos e que as perguntas devem ser feitas no final da explicação. O aluno, por sua vez, não se sente a vontade em questionar novamente e fica sem a explicação necessária. E o professor, muitas vezes, como mero transmissor, querendo apenas cumprir o programa. Percebi que isso é muito comum nas escolas, infelizmente. Para que ocorra uma mudança, deveríamos repensar nossa maneira de ensinar.

 2.2-PROCESSO DE ENSINO
Na elaboração do meu plano de aula, foram consideradas as necessidades da turma naquele período. Antes de planejar, no meu período de observação com a professora parceira, percebi que algumas crianças apresentavam muitas dificuldades nas 04 operações, na produção e interpretação de texto. Desta maneira, elaborei meu planejamento, respeitando assim o momento das crianças. Elaborei tirinhas para que eles construíssem um texto. Fiz ditado de Português e de Matemática para que deixassem de lado um pouco a tabuada e aprendessem a utilizar a mente. Inseri os números nas demais matérias também, para que eles compreendessem que a matemática será sempre necessária na vida adulta dentro e fora da sala de aula. Através das datas comemorativas, dia do aniversário da nossa cidade, dia do seu aniversário, meses com 31 dias, meses com 30 dias, aprenderam a olhar o dia no calendário, alguns conseguiram reconhecer as horas no relógio da sala de aula. Além do que elas precisavam aprender, procurei inserir o lúdico. Desta maneira a aula ia ficando cada vez mais produtiva e os alunos que iam concluindo as atividades propostas, pegavam um livro ou algum brinquedo e ficavam interagindo com os demais que também haviam concluído a tarefa. Quando surgia alguma situação que pudesse constranger algum coleguinha e o mesmo não era resolvido ou extrapolava como algum palavrão de um aluno para com o outro, levava a situação até a direção e resolvíamos juntos. As demais situações que iam surgindo como a Copa, foi inserindo atividades para que a turma pudesse compreender o que estava acontecendo nesse momento em nosso País. Adequando dentro do possível, atividades em cada disciplina. Alguns alunos da minha turma decoraram a música da copa, fizeram uma coreografia e alguns meninos durante a apresentação das meninas para a escola ficavam fazendo embaixadinha com a bola, passando a mesma para os demais que também quiseram participar. Os alunos que não corroboraram interesse assistiram, assim como os demais da escola. No dia da educação física que choveu, fizemos atividades de passar a bola, amarelinha, dentro do pátio. Para que os alunos não se dispersassem, além de terem a possibilidade de brincar com algo dentro da sala de aula, de uma maneira que não interferisse no aprendizado dos demais, pedia para que um deles que estivesse extrapolando ajudasse algum aluno com alguma necessidade. Fiz uma dinâmica com eles, onde o aluno que estava atrapalhando a aula ficasse no meu lugar e que observasse os demais, fiz isso sem falar para os demais e cada vez que esse aluno atrapalhava o andamento da aula, repetia e com o passar dos dias alguns entenderam como fica difícil o aprendizado numa sala onde ninguém se entende. Dois ajudantes por dia, a tarefa de cada um deles era escrever a data e apagar o quadro, distribuir algum material, levar algo ou pegar na secretaria, isso era fantástico para eles. A alegria em poder ajudar a professora a escrever no quadro a disciplina que iríamos ter naquele período. Abrir e fechar a sala, para eles, significava algo muito maior, como se eles fossem à professora, chegavam a pedir silêncio, pediam para sair menos da sala de aula, para ir ao banheiro e ou beber água. Com o passar dos dias, fui percebendo que hoje faria diferente, organizariam de outra maneira as atividades, me dei conta disso a partir da segunda semana. Poderia ter feito um link entre uma disciplina e outra, assim como fiz, quando surgiu o Projeto da Copa, onde todos os professores teriam que inserir o Fuleco, a Brazuca, enfim, que os alunos soubessem através do professor o que estava acontecendo. Quando fiz meu planejamento, minha professora parceira também não sabia que teríamos que fazer esse trabalho. Dei continuidade nas atividades e de acordo com as necessidades da turma fui adequando meu plano, inseri os países da Copa, trabalhei o hino, a letra da música, e a turma gostou. Cada uma das atividades da Copa teve uma recusa de alguns alunos. A mesma fala de alguns adultos eles tinham em sala de aula, certa rejeição, uma revolta. Para alguns a copa não tinha motivo para ser celebrada, para esses alunos, tive que falar o quanto nosso país iria ganhar com essa oportunidade, o quanto nós devemos sim mostrar nossa indignação, mas no momento certo e esse momento seria na hora do voto. Momento que decidimos quem irá lutar por nós, e que não devemos eleger quem oferece uma cesta básica ou uma caçamba de aterro. Fui conversando com a turma, explicando para eles que a revolta não os leva para lugar algum, mas que o pensamento focado em algo produtivo sim, faz grande diferença. E que isso começa ali mesmo, dentro da sala de aula. Por conta dos relatos de cada aluno, fui trabalhando com o grupo as adversidades, os enfrentamentos foram dando lugar ao entendimento e desta forma, através do respeito, a sala de aula foi se transformando num ambiente onde a atenção era voltada para todos e não somente para a professora. Os próprios alunos se ofereciam para ajudar o colega ao lado com dificuldade. Para mim isso foi perfeito, pois, muitas vezes eu mesma, por não ter experiência em sala de aula, parava ao lado dos dois e ouvia a maneira que o coleguinha explicava e cheguei à conclusão que o aluno soube explicar naquele momento, melhor do que eu mesma. Ofertar uma educação de qualidade é um direito da criança. ”O homem, para conhecer as coisas em si, deve transformá-las em coisas para si”. (K. KOSIK.)
 Entender que a criança, que o aluno, não é um depósito de conhecimento, que ele é um ser pensante, e que a construção do conhecimento se dá na sua relação com os outros e com o mundo.

 2.3-APRENDIZAGEM DOS ALUNOS
            A aprendizagem da turma ocorreu de forma espontânea e através da interação entre o meio físico com os colegas e as atividades propostas diariamente. Através da observação diária dos alunos, através das reflexões feitas semanalmente, através da fala dos alunos é possível elaborar o parecer mais próximo à realidade do aluno. Nas atividades dirigidas feitas com cada aluno, vamos observando o seu crescimento e desenvolvimento no decorrer dos dias. Diariamente fiz as anotações do que foi trabalhado com a turma durante aquela manhã. Utilizei o caderno de chamada para saber os alunos que estavam ou não presentes. No dia que esse aluno faltava separava o material e entregava no próximo dia, quando era algo que eu passava no quadro, deixava o mesmo encarregado de pegar emprestado o caderno e copiar o que os demais haviam aprendido. Alguns tentavam enrolar e resistiam. Tinha que falar que valia nota, que talvez fizesse alguma prova  para que eles copiassem. É muito bom acompanhar esse desenvolvimento, fiquei muito feliz por fazer parte nesse momento desse processo. No meu primeiro estágio com os alunos da Educação Infantil, foi bem diferente, nos sentimos acolhidas, as crianças notam os olhares, elas chegam e te abraçam, os pais conversam conosco. Com os alunos do 4º ano, pude contar nos dedos os pais que tive contato. A maioria delas com 09 anos, sequer é acompanhada até a escola na parte da manhã. Chegam e retornam sozinhas, e isso é normal. Algumas possuem um olhar distante, outras se sentem abandonadas, o olhar destas crianças, que deveria ser de pura inocência, já não é mais. O que elas vêem na rua, muitas vezes os pais não tem conhecimento. Algumas se sentem acolhidas no ambiente escolar, algumas professoras se doam mais, outras menos. E desta forma, elas também aprendem a se socializar de diversas maneiras.
De acordo com Freire:

Não é possível respeito ao educando, à sua dignidade, a seu ser formando-se, à sua identidade, fazendo-se, se não se levam em consideração as condições em que eles vêm existindo, se não se reconhece a importância dos “conhecimentos de experiência feito”, com que chegam à escola ( FREIRE, 2004, p.64).

O afeto é algo que devemos trabalhar sempre com nossos alunos, eles são tão carentes de palavras gentis, alguns são tão grosseiros uns com os outros. No dia a dia os valores devem ser trabalhados, as questões que eles nos trazem, o que eles vêem na rua e não acham correto, o que eles mais gostam, enfim, não é fácil, mas deve ser um trabalho de formiguinha. Cada dia um pouco, cada dia uma semente que plantamos no coração, uma palavra que os faça sorrir, fará a diferença na vida desse ser humano em constante aprendizado. Estimular o aluno a cada dia, para que ele consiga se sentir um ser humano importante, que ele pode conseguir tudo o que ele deseja se acreditar que isso é possível e que juntos podemos fazer a diferença.

 2.4-TRABALHO DOCENTE
Acredito que o professor enquanto educa estará sempre aprendendo. E ao aprender poderá ensinar melhor. Ao conhecer a realidade dos alunos, o espaço onde elas estão inseridas fica mais fácil planejar. Com um planejamento consegui colocar em prática meu plano de aula. Com isso, também percebi o quanto precisamos estar dispostos a mudar, o aprendizado requer mudanças. Nada vale o conhecimento dentro da gaveta. Na primeira carta – Ensinar – aprender leitura do mundo – leitura da palavra, diz que o ensinante aprende primeiro a ensinar, mas aprende também ao ensinar algo que é reaprendido por estar sendo ensinado. Ninguém escreve se não escrever, assim como ninguém nada se não nadar. Não é possível ler sem escrever e escrever sem ler. O trabalho docente, quando é compartilhado com os demais integrantes em sala de aula, a professora com a monitora, a professora com o aluno. A direção com o restante da equipe, as professoras entre elas mesmas. Todos nós temos muito a ganhar, principalmente as crianças. No meu último dia de aula com meus alunos, foi feita uma apresentação de alguns da turma para a escola, um pouco antes do término da aula. Os alunos ensaiaram a música da copa no recreio durante a semana, ensaiaram a coreografia feita por elas mesmas. Alguns não queriam se apresentar e outros que mudaram de idéia se apresentaram e ficaram muito felizes. A apresentação durou o tempo que elas cantaram a música, mas a atenção que os demais deram para o grupo foi maravilhosa. Tanto que pedi para que repetissem. Sem caixa de som, sem a música gravada, elas cantaram e os meninos driblaram a bola. Eu fiquei encantada com o grupo. Tirei fotos, a supervisora filmou e os alunos que fizeram a apresentação se sentiram bem ao realizar a apresentação. No final, todos aplaudiram e quando retornamos para a sala, os alunos me agradeceram, me deram cartinhas, me beijaram, me abraçaram, disseram que sentiriam saudade. O que eu disse para eles: foi que eu aprendi muito com eles e que as 03 semanas seriam inesquecíveis para mim, cada um do seu modo, fez uma grande diferença na minha vida. Disse que havia aprendido com eles, talvez muito mais do que eles pudessem imaginar e que ali, aquele espaço, aqueles alunos propiciaram o meu crescimento e que desta maneira aprendemos uns com os outros. Assim como eu aprendia com eles, todas as pessoas, o coleguinha da sala de aula, ou das outras salas, as pessoas na rua estão sempre aprendendo. Que nossa vida é um eterno aprendizado. As crianças gostaram muito e gostam cada vez mais, quando elas conseguem se desenvolver, quando elas se sentem valorizadas. Enquanto estão ali, aprendendo, se desenvolvendo, elas começam a entender a si mesmas e aos demais. O professor precisa conhecer a realidade do aluno, para poder proporcionar um modo de viver significativo, para que o aluno passe pela infância sem os atropelos do dia a dia, com um pouco mais de doçura e responsabilidade. Esse tempo dentro da escola deve ser aproveitado da melhor maneira, abordando os temas que os alunos nos trazem no cotidiano escolar. Os professores não são anjos nem demônios. São apenas pessoas (e já não é pouco!). Mas pessoas que trabalham para o crescimento e a formação de outras pessoas. O que é muito. São profissionais que não devem renunciar à palavra, porque só ela pode libertá-los de cumplicidades e aprisionamentos. É duro e difícil, mas só assim, cada um pode reconciliar-se com sua profissão e dormir em paz consigo mesmo. (NÓVOA, 2003, p. 14).
A tecnologia traz muita informação, nós enquanto educamos, devemos trazer a tecnologia a nosso favor, fazer com que elas se protejam ao mesmo tempo em que se apropriem do novo objeto de conhecimento. Só se cria a partir daquilo que existe. Ao longo dos dias existem algumas atividades que são repetidas, mas isso não significa que sejam feitas do mesmo modo todos os dias. Com diz (BROUGERE1995 p.105). É necessário favorecer atividades que propiciem experiências diversificadas e que invistam no desenvolvimento de diferentes aprendizagens.







CONCLUSÃO

Durante o meu segundo estágio, com os alunos do 4º ano, do Ensino Fundamental, com as crianças entre 09 e 11 anos foi muito gratificante. Um momento inesquecível na minha vida e com certeza isso ficará para sempre guardado na minha mente e no meu coração. Experiência única com os alunos que fizeram a diferença na minha vida. Pude perceber no decorrer do meu estágio o quanto temos para aprender. Somos eternos aprendizes. As crianças nos ensinam no dia a dia, o professor deve estar sempre aberto para as novas experiências que elas nos proporcionam, cada uma a sua maneira. As situações vivenciadas no cotidiano de uma escola somente serão possíveis perceber estando ali presente. Conhecendo a realidade da escola, do aluno. Tenho muito a agradecer pela oportunidade de ter feito esse estágio com pessoas tão maravilhosas, tão acolhedoras. A professora titular e a supervisora me ensinaram muito. Durante meu estágio estavam sempre me dando algumas dicas de como lidar com uma e outra criança, meu plano foi aprovado pela professora titular e pela supervisora, ambas me convidaram para trabalhar na escola. A minha professora parceira irá se aposentar no final deste ano e disse que ficaria feliz se eu ficasse com a turma dela. Pela manhã ela dá aula para o 4º ano e a tarde para o 02 º ano. Disseram que eu deveria ser firme com os alunos e que desta maneira iriam gostar das minhas aulas. Tratei meus alunos com firmeza e respeito, e percebi o quanto aprendi com essa traça de experiência, nos momentos de intervalo, passava para a professora titular na sala dos professores o que acontecia de inusitado, se houvesse a necessidade dela interceder, imediatamente recebia a sua ajuda. Isso foi fundamental para mim, me senti acolhida, respeitada e valorizada. Fundamental para qualquer pessoa e principalmente para mim que estou iniciando, nós professores precisamos nos atualizar, precisamos usar a tecnologia a nosso favor, caso contrário, as aulas irão se tornar monótonas e as crianças não irão ter vontade de fazer algo diferente do que elas já sabem fazer. Toda novidade que é apresentada para elas, faz uma grande diferença. Uma experiência que elas gostaram muito, repetir com a turma. Assim como em outros momentos não gostaram tanto. Nesse período pude perceber o quanto preciso me aperfeiçoar na docência. O quanto preciso me empenhar para tornar as aulas mais gratificantes, mais produtivas. Senti a necessidade de me reeducar enquanto ser humano. Elas permanecem na escola, durante a manhã toda, cheias de vida, de disposição, querendo receber o novo, aprender e porque não reaprender o que já sabem de uma maneira diferente. É papel da escola, ensinar aos alunos a formular perguntas e que esse aprendizado será eterno. Mais uma vez a vida me ensinou o quanto tenho que aprender para poder ensinar. Através do contato que tive com todo o grupo escolar, com os alunos, com as professoras, foi simplesmente uma experiência encantadora e muito gratificante.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BECKER, Fernando; MARQUES, Tânia B. I. (Orgs.) Ser professor é ser pesquisador. Porto Alegre: Ed. Mediação, 2007.
BROUGERE, 1995, p. 105.
FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. 1 ed. São Paulo: Olho D’Água, 2009.
VASCONCELLOS, Celso dos S. Metodologia Dialética em Sala de Aula. In: Revista de Educação AEC. Brasília: abril de 1992 (n. 83).
K. KOSIK, Dialética do Concreto, p. 22.
FREIRE, 2004, p.64

NÓVOA, 2003, p. 14 

Zeni S. Knevitz
“Acadêmica do Curso de Pedagogia- EAD da Universidade Federal de Pelotas (UFPel)”.